Pela primeira vez, Portugal conseguiu ganhar o Festival da Eurovisão através do talento de Salvador Sobral com a música ‘Amar Pelos Dois’. A ida do cantor ao concurso foi bastante comentada nas redes sociais, e no início, várias pessoas não apreciaram muito a ideia.

Agora, e numa espécie de reflexão sobre o caminho até aqui traçado, Nuno Markl – que fez parte do júri do Festival da Canção – partilhou uma extensa mensagem com os seus seguidores nas redes sociais.

“Fui espreitar a página das publicações dos visitantes deste estaminé e fiquei pasmado, emocionado e grato com a torrente de mensagens tão gentis que lá está, mas proponho que encaminhem o vosso entusiasmo para quem o merece realmente, os irmãos Sobral”, começa por afirmar.

E continua: “Nós no júri fizemos só parte do empurrão - os 50% do voto do público iriam ser decisivos e a canção é tão boa que, tudo somado, não foi o júri - fomos todos nós que levámos o Salvador Sobral à Eurovisão. Mas se nós, ex-jurados, estamos orgulhosos? Claro que estamos”.

Entretanto, o radialista recorda a polémica gerada com uma publicação que partilhou no seu Facebook: “Para concluir este assunto, vale a pena recordar que quando escrevi o 'post da polémica', há 3 meses, a seguir à primeira eliminatória, nunca disse que não gostar do Amar Pelos Dois ou do Salvador era mau ou errado. É uma canção diferente e arriscada que dificilmente geraria unanimidade e não há nada de errado em não gostar dela

Posteriormente, explica porque motivo usou a expressão “pérolas a porcos”: “O que sempre esteve em causa para mim, não tinha a ver com apreciação musical - como poderão reler agora, talvez com outra calma. As ‘pérolas a porcos’ referiam-se a quem baseou o seu juízo no insulto reles, na ofensa pessoal e numa espécie de fobia agressiva do ‘diferente’, do ‘inesperado’”.

É por isso que a vitória de Amar Pelos Dois é importante: mais do que o orgulho patriótico pop de uma vitória lusa na Eurovisão, é uma vitória contra a era da agressividade instantânea e do julgamento sumário e impensado destas redes por vezes tão anti-sociais. Não me distancio disto - eu próprio já terei alinhado nesse tipo de julgamento sumário e impensado noutras ocasiões. Por isso isto é uma lição que nos serve a todos, acho”, termina.