Diogo Infante, uma das grandes figuras da representação em Portugal, irá integrar o elenco da nova série da TVI - 'Quando Amar é Pecado'. Estivemos à conversa com o ator nos bastidores das gravações, onde foram abordados alguns assuntos, neste caso, o estado da Cultura em Portugal, que se agravou com a chegada da pandemia de Covid-19.

"A minha situação em particular não é representativa da classe, isso é evidente, mas do meu ponto de vista foi dura, embora confesse que no primeiro mês me soube bem, porque estava tão cansado", começa por referir, recordando o tempo de confinamento.

"O facto de poder ficar em casa a desfrutar do convívio familiar foi bom. Nunca deixei de trabalhar, estive sempre em teletrabalho, tinha de resolver toda uma programação que estava agendada, planificar, falar com os artistas e os atores", notou, realçando que "não é homem de ficar de braços cruzados" sobretudo para "salvaguardar a sua sanidade mental e física".

Ainda assim, não deixa de evidenciar a situação em que muitos colegas das artes se encontram.

"Foi obviamente com tristeza que assisti a uma classe já de si muito fragilizada no nosso país a ficar numa situação verdadeiramente dramática, com pessoas que tinham pouco para sobreviver. Foi bonito assistir a movimentos de solidariedade e de compaixão. [Espero] que a sociedade portuguesa possa ganhar uma consciência do papel que nós representamos na vida das pessoas para que nos dêem o devido valor. Não me posso queixar, sinto-me um privilegiado, mas falo em termos da classe".

Posteriormente, Diogo apontou o caminho para soluções a serem postas em prática. "Curiosamente, foram os artistas os primeiros a parar e os últimos a recomeçar. Devemos repensar um bocadinho o modelo e eventualmente criar um outro tipo de estrutura de apoios sociais. (...) É evidente que os artistas também têm uma responsabilidade de pagar os seus impostos, de estarem envolvidos, não podemos viver à margem de uma sociedade e esperar o mesmo tipo de apoio".

Na visão do ator, dever-se-ia fazer uma aproximação dos artistas de forma a perceber a realidade na qual estes vivem: "Hoje temos trabalho, amanhã já não temos, umas vezes ganhamos muito, outras não ganhamos nada", lamentou.

Um novo ano letivo para o filho, Filipe

O regresso à escola está mesmo aí à porta e este é um assunto que interessa diretamente ao artista, uma vez que é pai de Filipe, de 17 anos.

"Naturalmente estou preocupado, embora, como vai para o 12.º ano, tenha menos disciplinas, horários alternados. Acho é que não nos devemos deixar sufocar pelo medo e paralisar tudo aquilo que é a nossa vida. Claro que hoje é uma nova realidade, temos de integrar, mas temos de continuar, porque senão a alternativa é pior: que é voltarmos todos a ficar fechados em casa e aí não morremos da doença, mas morremos da cura", completou.

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