Marta Rebelo, 37 anos, acaba de lançar o “Fabulista”, um espaço “diferente de todos os blogues que existem” e onde, até, os seus animais de estimação, escrevem fábulas.
Rodeada dos seus amigos, a antiga deputada socialista e atual consultora de moda e imagem, aproveitou o lançamento do projeto para tornar público que sofre de depressão crónica e que já tentou o suicídio.

O que poderemos encontrar no “Fabulista”?

O “Fabulista” é um sítio onde se encontram fábulas e listas de coisas fabulosas. A “trade mark” são imagens fortes e palavras poderosas. Tem uma estética muito própria, muito “clean”, minimalista e o mais perto do perfeito possível. A forma como abordo os temas é através de uma escrita muito particular, que é a minha, e cada ‘post’ é uma pequena fábula.

Os conteúdos serão sobre o dia-a-dia da Marta?

Não é um diário e não tem conteúdos parecidos com aqueles que associamos logo aos blogues femininos. Também falo de produtos, de moda, etc., mas também de futebol, que para mim é uma coisa maravilhosa. Todas as quintas-feiras faço a “Fabulista” da semana. São cinco coisas fabulosas que podem ser de moda, gelados, teatro, peluches, viagens, pessoas ou um jogo de futebol. É um blogue onde conto histórias.

Como está dividido?

Quem procura o “Fabulista” pode, por exemplo, ver só as imagens, porque elas são todas tiradas por fotógrafos profissionais e todas muito pensadas. Vai poder, também, ler uma pequena fábula por dia ou encontrar a sua zona dentro dos segmentos do “Fabulista”. Por exemplo, os meus filhotes de quatro patas também “escrevem”. Sou eu, naturalmente, que escrevo por eles e divirto-me imenso. Em casa interajo com eles dessa forma. Imagino-lhes vozes, formas de falar, de pensar, o que eles fazem… A minha gata Juju, por exemplo, é licenciada em marketing é sobre esse tema que ela vai escrever (risos).

Acabam por ser os alter-egos da Marta?

São os meus miúdos, como costumo dizer. Com certeza que haverá gente que gosta de animais que, se calhar, vai achar muita piada a ler aqueles textos, mas não quer saber mais nada sobre mim. Perfeito, não ficamos chateados com isso.

O “Fabulista” é um projeto que tinha pensado há muito tempo ou nasceu de um impulso?

As pessoas têm muito a ideia que sou impulsiva, porque sou muito extrovertida, mas sou ruminante. Penso muito nas coisas antes de as fazer, sou ponderada. O “Fabulista” já estava a ser pensado há ano e meio. Ia na rua e as pessoas diziam-me que gostavam de mim, da minha atitude, e perguntavam-me por que não escrevia um blogue para saberem mais de mim. As mais próximas começaram, também, com esse discurso e acabei por pensar mais a sério na coisa. Passei, depois, pela fase de organizar o meu tempo e poder dedicar duas horas diárias ao “Fabulista”.

O lançamento do blogue coincide com o seu anúncio de que sofre de depressão crónica e que chegou a tentar o suicídio.

Não foi um momento coincidente, paralelo. Quando decidi que ia assumir publicamente a “Grande D” (grande depressão), que ia dar a cara e o corpinho às balas, achei que o sítio ideal para este “movimento” pousar seria o “Fabulista” e gostava que chegasse a muita gente. Houve esse encontro de vontades minhas de fazer um blogue diferente, que me servisse. Eu seria uma leitora fiel do “Fabulista” e isso é muito importante para mim. É uma coisa que me dá muito gozo e um trabalhão danado, mas permite divertir-me e ter experiências únicas.

Será então um projeto em que Marta dá, mas também recebe…

Muito. Além disso adoro escrever. Digo, com toda a imodéstia do mundo, que tenho a certeza absoluta que sei escrever muito bem. Neste assunto, não acredito se me disserem o contrário. Eu sei que sei. E as minhas palavras, a partir de agora, são de vocês todos.

(Veja as fotos do lançamento do “Fabulista”)