Zé Lopes foi este domingo o grande protagonista do programa 'Conta-me'. O antigo apresentador de 'Somos Portugal' e agora comentador do programa 'Big Brother' e coordenador de conteúdos do 'Em Família' abriu o livro da sua vida numa entrevista reveladora onde nada ficou por contar.

A prisão do pai

Zé Lopes passou na infância um dos períodos mais delicados da sua vida. O pai do comunicador passou quatro anos na prisão por ter atropelado um agente de autoridade.

O pai de Zé Lopes foi enganado por fornecedores do café do qual era dono e acabou por contrair várias dívidas para tentar, sozinho, resolver o problema. As dívidas e o desespero levaram-nos a tomar a atitude que ditou a sua prisão.

"Dos cinco aos 9/ 10 anos eu ia lá todos os fins de semana", recorda, confessando que nunca contou na escola que ia à prisão visitar o pai.

"É muito complicado, o ambiente é duro, é difícil. […] Viver isto tudo deixa marcas, marcas que nunca vão sarar", afiança Zé Lopes, que ainda consegue lembrar-se do local onde ia ver o pai todas as semanas e que apenas aos 16 anos teve coragem para perguntar o que tinha motivado a condenação.

O momento delicado, em que a família perdeu todos os negócios que tinha, foi ultrapassado com união. A mãe do comentador perdoou todas as mentiras e o pai "transformou-se num homem novo" quando abandonou a prisão.

"Levei tareias, era saco de pancada"

Zé Lopes descreve-se como uma pessoa exuberante, feliz e que gosta de manifestar a sua alegria, características que lhe valeram na infância duros anos em que foi vítima de bullying.

"Levei tareias, mas tareias mesmo. Eu era saco de pancada para os mais velhos. Eu era o alvo fácil, era gordinho, era exuberante", recorda, revelando que chegou a ficar com a cara negra por terem-no atirado contra um poste.

"Foi muito complicado, não desejo aos meu pior inimigo aquilo que eu passei", refere, garantindo que ultrapassou esta fase quando aos 14 anos passou a trabalhar em bares e discotecas.

O pedido de desculpa de Manuel Luís Goucha

Zé Lopes estudou comunicação e no último ano de curso moveu tudo o que estava ao seu alcance para conseguir um estágio no ‘Você na TV’. Com muita insistência conseguiu, mas acabou por neste período ser alvo de preconceito por parte de Manuel Luís Goucha.

"Eu fui preconceituoso contigo por causa da tua exuberância", confessa o apresentador, que muito tempo depois, no dia que Zé Lopes se estreou como comentador no 'Passadeira Vermelha', enviou uma mensagem a pedir desculpa pela sua atitude. O pedido de desculpas foi reforçado agora, publicamente, nesta entrevista.

"Como é que é possível eu ser preconceituoso, eu entendi que tu tens todo o direito à tua exuberância", defende Goucha, arrependido de ter dito a Zé que não o queria como repórter num programa apresentado por si.

"Disse-te: 'Eu não te quero em reportagem, num programa apresentado por mim'. Queres coisa pior? Chama-se a isso cortar as pernas a uma pessoa", lamenta o apresentador, que diz ter aprendido com esta situação a não mais ser preconceituoso em ralação ao outro.

Zé Lopes admite ter-se sentido "muito mal" com as palavras de Goucha. "Se o Manuel, que é o senhor televisão, me está a dizer isto, muita gente vai partilhar da opinião e o meu sonho termina aqui", pensou na época.

Após o pedido de desculpa de Manuel Luís Goucha, que Zé Lopes muito agradece, o assunto ficou resolvido entre ambos e não existe agora qualquer tipo de mal-entendido.

A saída do 'Somos Portugal': "Não houve um domingo que não chorasse"

Pela primeira vez, Zé Lopes falou de forma clara sobre a sua saída do programa 'Somos Portugal'. O antigo apresentador do programa acredita que foi afastado devido aos muitos comentários negativos que foi recebendo nas redes sociais.

"Foi mais um período negro, que doeu muito", lamenta.

"Acho que a opinião pública pesou na decisão. As pessoas foram muito violentas sem sequer termos começado", diz, referindo-se aos comentários feito pelo público nas redes sociais.

Há contudo um arrependimento no coração de Zé Lopes, o comunicador considera que muitas das críticas de que foi alvo se deveram ao facto de ter encarnado uma personagem no formato de domingo à tarde. Zé acredita que devia ter dito que não a este 'papel' e que só assim poderia ter mostrado o seu valor como apresentador.

"Foi terrível. Não houve um domingo em que eu não chorasse", confessa, recuando à época em que deixou de fazer parte do programa.

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