Natural da ilha da Madeira, Fátima Lopes cresceu na cidade do Funchal, mas desde criança revelou um interesse pelo mundo da moda e durante a sua adolescência, insatisfeita com a roupa que era vendida no Funchal, começou a criar roupas para si própria.
Em 1990 mudou-se para Lisboa com o objetivo de prosseguir uma carreira como estilista. Nesta cidade abriu com uma amiga uma loja chamada "Versus", onde vendia essencialmente roupa de criadores internacionais. Em 1992 o nome da loja mudou para "Fátima Lopes". A partir daí a carreira da designer foi crescendo exponencialmente e hoje em dia é um dos nomes mais sonantes da moda portuguesa. No ano em que comemora 20 anos de carreira, Fátima Lopes deu uma entrevista em exclusivo para o Sapo Mulher, onde fala sobre um novo projeto social: o Movimento Mulheres de Vermelho.
Como surgiu o convite para o movimento Mulheres de Vermelho?
A Fundação Portuguesa de Cardiologia e a Peres & Partners tiveram a amabilidade de me convidar para integrar o Movimento Mulheres de Vermelho. Foi com muito orgulho que aceitei fazer parte desta iniciativa pois a causa é muito nobre. Todos nós devemos ter uma preocupação cívica em ajudar o próximo, esta é uma responsabilidade de todos e como tal eu não poderia recusar tal convite, pois considero que também posso dar um contributo válido nesta causa.
Qual a importância da participação no Movimento Mulheres de Vermelho?
É fundamental sensibilizar todas as mulheres para esta questão do coração. Ao longo de vários anos ouvimos falar muito sobre o cancro da mama como uma doença que afeta muitas mulheres. Mas a verdade é que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre o sexo feminino. O Movimento pode dar um contributo na divulgação de informação através da realização de várias iniciativas nas quais eu tenho muito gosto em participar.
Acredita que caras conhecidas fazem com que o Movimento tenha maior visibilidade?
Claro que sim. As personalidades acabam por fazer passar a mensagem de forma mais rápida, com maior visibilidade e para um maior número de mulheres. As caras conhecidas dão também credibilidade à causa porque falamos de mulheres que construíram uma carreira profissional, nas mais diferentes áreas, e que por isso podem ter uma intervenção mais ativa e mais eficaz junto do público-alvo que neste caso são as mulheres comuns.
Qual é para si é o simbolismo da oferta do vestido vermelho?
A oferta do vestido vermelho é simbólica. Mais importante do que o vestido é o seu significado, neste caso entreguei um vestido de seda que fazia parte da coleção na altura e do qual eu gostava particularmente. Curiosamente muitos dos vestidos que fazem parte da já vasta coleção das Mulheres de vermelho têm a minha assinatura.
De que forma tenta consciencializar as mulheres portuguesas sobre as doenças do coração?
Tenho uma preocupação diária em fazer opções saudáveis em termos alimentares e tento fazer algum exercício físico apesar da minha vida profissional ativa. Devemos ser um bom exemplo e esta é a melhor forma de sensibilizar as mulheres portuguesas.
Qual a mensagem que gostaria de deixar como forma de alerta?
Gostaria que as mulheres portuguesas olhassem mais para elas pois elas são um pilar nas suas famílias e locais de trabalho. Elas representam vários papéis no seu dia-a-dia, acumulando responsabilidades, e por vezes esquecem-se delas próprias. É importante que percebam que tudo deve começar nelas, em se cuidarem e se preservarem mantendo um coração saudável.
O que faz pessoalmente para tratar do seu coração?
Antes de mais tento ser feliz todos os dias. Bebo muita água por dia, tento comer peixe duas a três vezes por semana, como muita fruta e faço algum exercício físico. O que o meu trabalho permitir…
Pensa que a parte emocional também é fundamental para um coração saudável?
Claro que sim. A felicidade dá-nos equilíbrio e optimismo para manter um estilo de vida saudável. Uma pessoa emocionalmente positiva consegue alcançar os seus objetivos com uma maior facilidade.
De que forma gostaria de poder juntar o contributo da moda para este projeto?
Sou eu que organizo o desfile da apresentação dos vestidos de vermelho nas galas MDV conseguindo aliar a moda a esta ação. Nunca se sabe se no futuro não criaremos mais iniciativas cruzando a marca Fátima Lopes com o Movimento Mulheres de Vermelho. Tudo está em aberto em relação ao futuro…
Como sente o reconhecimento do seu trabalho além fronteiras?
Sinto-me orgulhosa. Foi com enorme orgulho que, este ano, abri o penúltimo dia da semana da moda em Paris, um dia dedicado a alguns dos maiores criadores mundiais como a Chanel e a Hermès.
Qual o seu projeto de vida neste momento?
Este ano estou a realizar um sonho que tinha há muito tempo. O sonho que acredito ser partilhado por muitos criadores: ter um perfume próprio. O lançamento de um perfume reflete a maturidade alcançada por um criador, significa que atingimos um patamar de confiança e segurança no nosso trabalho. Sempre disse que a minha roupa seria feita em Portugal mas a lançar um perfume seria em Paris e é neste projeto que tenho vindo a trabalhar nos últimos três anos juntamente com um dos perfumistas mais reconhecidos da área, o Aurelien Guichard.
27 de março de 2013
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