'O Amor Mora no Andar de Cima' é o 11.º livro de Fátima Lopes, o seu 7.º romance. Conta-nos a história de amor de Ana, uma escritora de sucesso cuja vida está "prestes a sofrer uma mudança", algo que a protagonista não vê de imediato com bons olhos.
Apesar de estar também a viver um grande amor, Fátima Lopes esclareceu numa entrevista ao Fama ao Minuto que a sua relação com Jorge Cristino não está em nada relacionada com o livro. A comunicadora, que recentemente tem estado mais afastada da televisão, explicou que reuniu temas que queria muito abordar e que depois, ao olhar para eles, a levaram à história deste seu novo romance.
Também convidámos Fátima Lopes a fazer um balanço do seu regresso à SIC. Mais de três anos depois de ter saído da TVI, a apresentadora continua satisfeita com a escolha que fez e assegura que a fase atual, de maior ausência junto dos espectadores, também é fruto de uma escolha própria.
'O Amor Mora no Andar de Cima' é uma história de amor que pode acontecer com qualquer um de nós...
É uma história muito atual, é uma história que aborda temas muito atuais e fáceis de identificar pelas pessoas. Gosto de uma escrita que soe a verdade. Quando criei esta história, queria que ela fosse cosmopolita, ou seja, passada numa grande cidade, que é neste caso Lisboa, onde existem muitas pessoas, principalmente na casa dos 40 anos, que vivem com muita solidão. São vidas nas quais as esferas profissionais tiveram um papel muito importante, mas para trás ficaram outras áreas.
Também abordei a multiculturalidade que agora existe. Vejo isso como uma riqueza e não como uma ameaça
A solidão é o tema central deste livro. Esse destaque surgiu por que motivo?
Porque era um tema que queria muito abordar, esta incapacidade de amar depois de passar por uma experiência traumática. Queria também falar do valor da vizinhança, resgatar essas relações tão valiosas que às vezes são desvalorizadas. Por fim, também abordei a multiculturalidade que agora existe. Como vejo isso como uma riqueza e não como uma ameaça, introduzi na história um homem brasileiro, para mostrar que temos mundos diferentes e conjugá-los é, por vezes, o que precisamos para melhorar o nosso.
Então elencou os temas que queria abordar e depois tentou perceber que história poderia contar com eles?
Sim. Comecei por pensar em temas e depois fui à procura da história que podia criar e na qual esses temas surgissem de forma natural. Gosto de ter um propósito na minha escrita, uma mensagem. Agrada-me a ideia de contar uma história bonita, cativante e que nos encha o coração e que também nos leve a pensar. Foi assim que cheguei a este livro.
Não podemos é deixar que o medo se sobreponha à nossa necessidade ou vontade de mudar
Também a palavra 'mudança' está muito presente neste livro. Por que motivo a mudança é tão importante?
As pessoas têm medo da palavra 'mudança', porque pensam que representa uma ameaça. Que a mudança traga medo, isso acho normal, porque é deixar uma realidade que nós achamos que é controlável, ainda que não o seja. Não podemos é deixar que o medo se sobreponha à nossa necessidade ou vontade de mudar.
E em que momento se tornou mais sensível à temática da mudança?
Quando eu, há três anos e pouco, decidi sair da TVI. Nessa altura, decidi sair e não abraçar nenhum projeto televisivo, ou seja, as pessoas perceberam que eu ia fazer um outro caminho. Foi uma grande mudança na minha vida, mas entendi que era a altura de a fazer, fazia-me sentido. A partir daí, quando pelo país vou apresentar o livro e vou dar as minhas palestras, um dos temas que me é pedido para que fale é da mudança.
Confesso que não esperava que existissem tantos amores que começaram no andar de cima
O que lhe têm dito sobre o livro?
Tenho recebido feedbacks absolutamente incríveis. As pessoas reveem-se muito no livro e às vezes dizem-me que é a história delas. Tenho recebido imensos e-mails, acho que nunca recebi tantos a propósito de um livro como com este. Ao percorrer o país, também me tenho cruzado com muitas mães solteiras, mulheres que criaram os filhos sozinhas, grandes guerreiras que fecharam os seus corações para poderem levar a cabo a missão de cuidar dos filhos, onde o amor não entra.
Sei que lhe têm sido contadas muitas histórias de pessoas que também encontraram o amor na vizinhança e que a Fátima decidiu compilar esses relatos. Já decidiu o que irá fazer com eles?
Ainda não. Tenho vindo a juntar essas histórias mas ainda não sei o que vou fazer. Acho de uma grande generosidade por parte das pessoas o facto de partilharem comigo as suas histórias. Estas histórias dão força às minhas personagens, fazem-me perceber que as pessoas que eu criei podiam estar na vida de qualquer um.
Quando escreveu o livro, alguma vez pensou que existissem assim tantas pessoas que se tivessem apaixonado por um vizinho?
Pensei que era uma história com a qual as pessoas se iriam identificar por ser muito atual e por ser muito verdadeira. Confesso que não esperava que existissem tantos amores que começaram no andar de cima.
Este é o seu 11.º livro, dos quais sete são romances. A escrita já é certamente uma das suas grandes paixões...
Sem dúvida nenhuma e já há muito tempo, este ano faço 18 anos de escrita. Sempre adorei escrever, desde miúda, e sempre me foi fácil escrever. No segundo livro ganhei consciência de que escrever me dava prazer, que criar histórias, personagens e vidas é um desafio que me dá imenso prazer.
A visão que eu tenho do amor é a mesma de sempre
Também a nível pessoal, a Fátima está uma fase muito romântica. Vive atualmente um novo amor, ainda que opte pela discrição. Também devido a esta relação lhe fez ainda mais sentido lançar este livro?
Não, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Não é pela minha vida pessoal que este livro acontece. Ele acontece porque há uma série de temas que eu queria abordar. A visão que eu tenho do amor é a mesma de sempre: amar e ser amado é uma benção.
E a sua forma de encarar e olhar para o amor também tem sido sempre a mesma?
Isso evolui à medida que vou evoluindo. Se não evoluirmos, há algo que está mal.
Também nas apresentações do livro que tem feito pelo país, tem destacado o quanto gosta da interação com os leitores. Isso também é fruto da experiência de apresentar um programa de daytime durante tantos anos consecutivos?
Gosto muito desse contacto, hoje privilegio-o muito. O facto de ser uma comunicadora freelancer permite-me que hoje esteja no Algarve e amanhã esteja no Porto. A minha vida é assim hoje em dia e permite-me ter contacto com muitas pessoas todos os dias, pessoas diferentes, com trabalhos e experiências diferentes.
A Fátima também sempre vincou que não era totalmente dependente da televisão, embora esta seja uma área de que gosta muito. A escrita de livros e a apresentação de palestras surgiu da necessidade de se reinventar ou começaram a despertar em si novas paixões além da televisão?
Eu tinha outras paixões, mas não tinha tempo para me dedicar a elas. Quando se faz um programa diário sozinha, como eu fiz sempre, existe uma responsabilidade diária e não restam grandes possibilidades para outras paixões. Um programa diário absorve grande parte da nossa agenda. Fui adiando paixões que tinha e outras que ambicionava fazer mas nem sabia que as coisas correriam assim tão bem.
Estava cansada de fazer programas diariamente há 20 e tal anos. (...) É muito cansativo e eu precisava de respirar
A saída da TVI deu-lhe o timing perfeito para se dedicar a outras áreas?
Quando aconteceu essa grande mudança, que foi decidida por mim, comecei a apostar noutras coisas que queria fazer, que queria experimentar e perceber se gostava. Não queria deixar coisas por fazer e profissionalmente havia muita coisa que não conseguia fazer. Agora tenho liberdade de agenda para as fazer e, por isso, faço-as. Isso não invalida que não possa fazer televisão. Aliás, vou fazendo quando há projetos de que gosto e faço-os com muita paixão. Ainda assim, faço televisão e faço outras coisas de que gosto.
A Fátima não tem nenhum projeto regular na SIC. Sente-se tranquila com isso?
Já comuniquei que quando me foi proposto sair do daytime, ainda na TVI, eu fui a primeira a concordar. Se há pessoa que está bem com essa decisão sou eu. Estava cansada de fazer programas diariamente há 20 e tal anos. Há 20 e tal anos que estava no ecrã no mínimo durante duas horas, às vezes até três e quatro, noutras um dia inteiro. É muito cansativo e eu precisava de respirar, de poder voltar a fazer televisão com mais gás e de coração cheio. Estou feliz com esta decisão, estive sempre de acordo com esta mudança.
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