Cresceu a ver Ágata cantar, aos 13 anos já trabalhava nos bastidores dos seus espetáculos e não tardou até a vontade de saltar para o palco falar mais alto. Sérgio Sousa herdou da tia o talento, a vontade de vencer e até o nome artístico foi Ágata a escolher. Assim nascia nos anos 1990 o promissor Sérgio Rossi.
Aplaudiu de pé o sucesso da irmã Romana, enquanto quase perdia a esperança de também ele conseguir alcançar o estrelato.
Foram precisos 14 anos e muita persistência até ao dia em que um telefonema da tia Ágata anunciou a chegada do tão desejado êxito.
Em entrevista ao Notícias Ao Minuto, o cantor fala-nos sobre o seu percurso de superação: da infância humilde, à batalha pelo sucesso, passando até pelo episódio recente que o levou a procurar ajuda psiquiátrica.
De onde vem e como começa a ligação do Sérgio com a música?
A minha ligação com a música começa com dois/ três anos. A minha tia Ágata, nessa altura, pertencia às Doce e eu sou seu afilhado de batismo, a minha mãe é a irmã mais velha dela. Andei por todo o lado com a Ágata. Ela levava-me e eu gostava muito. A música já era algo que me estava no sangue sem eu dar conta. Depois, mais tarde, os meus pais eram fadistas amadores e com oito anos comecei, com a minha irmã, a Romana, a cantar com eles. As pessoas achavam imensa piada e nós também. Para alguém que vem de uma família com raízes e tradições tão humildes como eu, os aplausos já me traziam sorrisos naquela altura.
Com 12 anos ganhava nove contos por fim de semana. Os meus pais não tinham possibilidade de me dar as mesadas que os meus amigos tinham
E que importância tiveram essas raízes humildes na construção do seu percurso?
Tiveram importância na forma como me educaram a saber gerir a minha carreira e o meu dinheiro. Fui sempre muito equilibrado nos gastos e sempre tentei fazer investimentos. Infelizmente, as carreiras fazem-se de altos e baixos e nós temos de criar formas de rentabilidade. Aprendi a dar valor ao pouco e agora ter muito ou pouco é-me perfeitamente igual.
Foi já a pensar nesse equilíbrio financeiro que o Sérgio decidiu começar a trabalhar aos 13 anos na produção dos espetáculos da tia Ágata?
Teve de ser. Naquela altura queria comprar guitarras, queria investir na minha formação musical e já era difícil. A minha mãe ao início teve de começar a esfregar escadas e a fazer limpezas para me pagar o Instituto Musical Vitorino Matono, que foi onde comecei a ter a minha primeira formação de guitarra clássica. Mais tarde estive na Juventude Musical Portuguesa e depois ainda fui para Boston fazer um semestre na Berklee [College of Music], mas isso já foi tudo custeado por mim.
Lembro-me que com 12 anos ganhava nove contos por fim de semana e chegava todo feliz à escola. Os meus pais não tinham possibilidade de me dar as mesadas que os meus amigos tinham.
A formação foi sempre uma grande preocupação da sua família. Foi por influência dos seus pais que acabou por entrar no curso de Direito?
O meu avô paterno queria que eu concluísse o curso e fosse militar da GNR para ter um bom futuro, uma boa reforma. Embora tenha estado na Polícia Judiciária Militar e tenha entrado na Faculdade de Direito, só entrei mesmo, nem sequer o primeiro ano concluí. Foi uma experiência a nível de educação, mas depois comecei a perceber que queria fazer da minha vida aquilo que me deixava feliz. E eu não era feliz a fazer aquilo que eles queriam que eu fizesse. A minha escolha foi contestada naquela altura, mas depois quando as coisas correm bem todos acabam por dar o braço a torcer… e foi o que aconteceu.
Quando é que o Sérgio toma essa decisão, a de dedicar a sua vida à música?
Com 17 anos já queria ter gravado o meu primeiro disco. Não gravei porque, entretanto, fiz a carreira militar. Só um bocadinho mais tarde é que acabou por acontecer. Era feliz a fazer música, a escrever, a tocar. Sentia que a minha vocação estava ali e foi por aí que segui o meu caminho.
Tive de começar a pagar os meus discos e as minhas produções, senão a minha carreira tinha morrido
E como é que nasce depois o nome Sérgio Rossi?
Tinha de me chamar Sérgio, porque já muita gente no meio artístico me conhecia pelo meu verdadeiro nome. Não fazia sentido estar a mudar o meu nome [Sérgio Pereira de Sousa] e ninguém achava que fizesse sentido chamar-me comercialmente Sérgio Sousa. A minha tia Ágata lá magicou e um dia apareceu-me com dois nomes: Sérgio Alam e Sérgio Rossi. Acabou por ficar mesmo Sérgio Rossi, era o mais sonante.
Atualmente até já a família o trata por Sérgio Rossi...
Custou-me um bocadinho a habituar ao início, mas atualmente e de há uns anos para cá já quase ninguém me chama de Sérgio, toda a gente me trata por Rossi. E definem-me por Rossi mesmo. Comecei a perceber, com o passar dos anos, que é o trabalho, aquilo que fazemos, que acaba por dar ou tirar brilho ao nome que criamos.
Mas nem sempre correu tudo como esperado e os primeiros anos de carreira não tiveram o sucesso que esperava.
A minha irmã começou desde logo a ser muito bem sucedida na carreira dela, eu fiz o percurso inverso. Durante muitos anos não consegui viver da musica única e exclusivamente. Tive de trabalhar também como professor de música, dava aulas.
A partir de 2004 passei a financiar a minha própria carreira, sozinho. Tive de começar a pagar os meus discos e as minhas produções, senão a minha carreira tinha morrido naquela altura. As editoras começaram numa crise de vendas de CD's, começámos a entrar na era digital e os nomes que não eram tão comercializáveis, como o meu, foram os primeiros a ser encostados. Durante muitos anos tive de lutar contra a maré e houve alturas da minha vida em que perguntava, a mim e a Deus, se alguma vez ia ser um cantor de sucesso ou se ia conseguir afirmar-me com oportunidades como a minha irmã tinha.
Que papel tiveram a Ágata e a Romana nesse período?
A minha tia Ágata foi muito importante nessa altura. Ela sempre tentou passar a imagem que eu era uma pessoa com muito talento e muito injustiçado. Ela sentia isso porque o seu percurso tinha sido muito parecido com o meu. A minha tia chegou a dizer-me que só a partir dos 30 anos é que eu ia começar a ter uma carreira de muito sucesso, tal como aconteceu com ela. Chegou a uma altura que desacreditei mesmo, pensava: será que vale a pena continuar a gastar o dinheiro que ganho e a investir para continuar a alimentar um sonho que, se calhar, não chega a parte nenhuma? Felizmente, continuei a acreditar e a investir, e 14 anos depois do início da minha carreira fui abençoado com o primeiro disco de grande sucesso, que se chama, precisamente, ‘Acreditar’.
Desistir chegou mesmo a ser uma hipótese em cima da mesa?
Sabia que a música ia prevalecer na minha vida eternamente, porque sempre fui feliz a fazer música, a cantar e a tocar, só que quando chegamos aos 30 anos e temos dois filhos, que era o meu caso, temos de pensar no nosso futuro e no futuro deles. Comecei a perspetivar o meu futuro já com planos B. Na altura acabei até por abrir um restaurante com a mãe do meu filho... No fim, acabou por não dar certo e a única coisa que deu certo foi mesmo a minha carreira na música [risos].
Caíram-me as lágrimas logo... ao fim de 14 anos até pensamos que é mentira
Como geria as emoções e os sentimentos ao ver que a sua irmã Romana vivia uma carreia de grande sucesso e o Sérgio não estava a conseguir o mesmo?
Nunca fui uma pessoa de olhar para a galinha do vizinho. A minha irmã começou com uma carreira de sucesso logo desde os 15/ 16 anos e eu tentei olhar para mim e perceber o que é que me poderia estar a faltar. Olho para mim há 22 anos, quando gravei o meu primeiro disco, e vejo muita imaturidade. Algo que já não vejo hoje em dia. Não quer dizer que não cometa erros agora, mas a experiência profissional e a maturidade vai trazendo consistência profissional que, naquela altura, não tinha. Se calhar, não tive grandes sucessos porque não tinha a maturidade suficiente para conseguir digeri-los.
Sou uma pessoa de muita fé e acredito bastante em Deus, a minha irmã foi abençoada na altura em que Deus achou que ela tinha de ser abençoada e eu fui abençoado quando Deus achou que tinha de ser. Não vale a pena contestar o destino.
Passei de ser um produto com meia dúzia de pessoas a vê-lo cantar, para ter milhares de pessoas à minha frente
Ainda se lembra de quando tudo mudou, do telefonema da tia Ágata para lhe dizer que o tema 'Perigosa' estava a fazer um enorme sucesso?
Lembro-me perfeitamente [risos]... Estava numa digressão de um mês nos Estados Unidos da América. Antes de viajar tinha estado num programa de televisão a apresentar o tema ‘Balada Boa’, e ao fim de duas semanas esse já era o tema com mais visualizações de toda a minha carreira no YouTube. Depois a minha tia liga-me e começa a dizer-me que eu estava a ser um êxito nas vendas digitais e que as coisas estavam a começar a acontecer comigo como nunca tinham acontecido. Caíram-me as lágrimas logo... ao fim de 14 anos até pensamos que é mentira.
Foi aí que se deu o grande 'boom' da sua carreira?
Começou tudo a partir daí. O ‘Perigosa’ foi tema de novela cá em Portugal, em ‘Mar salgado’, e tornou-se um sucesso ainda maior. Gravei uma versão do tema em castelhano, escrita pelo Fabian Farhat, vencedor de um Grammy Latino, e foi tema de novela no México também. A partir daí, a minha carreira começou a ganhar asas, passei de ser um produto com meia dúzia de pessoas a vê-lo cantar, com os amigos a darem força à carreira, para ter milhares de pessoas à minha frente nos meus concertos. Depois estive no ‘A Tua Cara Não Me é Estranha’ e o que aconteceu comigo nesse programa foi muito importante. Com os sucessos que vieram depois, temos feito 100 e tal concertos por ano. O ‘Menina Top’, ‘Cinco Estrelas’ e agora o ‘Bandida’ – que já tem quase um milhão de visualizações e foi lançado há pouco tempo.
Já tive tantas situações, desde reservarem os dois quartos ao lado do meu no hotel… até aparecerem nuas
O Sérgio estava nos Estados Unidos quando recebeu a notícia que mudou o rumo da sua carreira e podemos dizer que não foi um acaso. Que papel têm tido as comunidades emigrantes no seu percurso?
Tive quatro ou cinco digressões na Austrália, já corri os Estados Unidos, Canadá, Cabo Verde, países como a Suécia, que tem comunidades portuguesas muito pequeninas. Tenho a certeza que esta minha geração é a última a conseguir concertos junto das comunidades. Sou o artista mais novo a conseguir chegar a este tipo de público.
O Sérgio é também particularmente acarinhado pelo público feminino. Qual a maior loucura que já fizeram por si?
Recebo diariamente fotos e mensagens muito promíscuas, digamos assim. Já tive tantas situações, desde reservarem os dois quartos ao lado do meu no hotel… até aparecerem nuas praticamente, já aconteceu mesmo muita coisa.
Como é que se aprende a lidar com esse assédio?
Com os anos aprende-se bem porque fui ganhando solidez e maturidade como homem. Aprendia a respeitar as pessoas e a respeitar aquilo que significo para essas pessoas. Consigo compreender que sou como um ator das canções e muita gente consegue rever-se nas minhas letras e nas histórias que eu canto e que, no fundo, são muito da verdade da minha vida.
Sou um cantor do povo que enche salas na Austrália, nos Estados Unidos. Se isso é ser cantor do povo, sou um cantor do povo muito feliz
Referiu há pouco a importância que teve o 'A Tua Cara Não Me é Estranha' na sua carreira. Acha que este programa serviu também para desmistificar os rótulos atribuídos aos cantores populares?
Tenho plena certeza disso. A Lili Caneças, por exemplo, que hoje é minha amiga e que gravou comigo o videoclipe do tema ‘Bandida’, tornou-se minha fã e amiga depois do programa. Se a Lili Caneças era fã dos meus temas? Não seria com certeza. Mas quando me viu a fazer bonecos com o Andrea Bocelli, Céline Dion, Mariza, Pavarotti, ali ela ficou fã e percebeu que realmente existia alguém com mais valor do que o povo atribuía. Quer dizer, o povo não, o povo atribuiu-me valor dando sucesso às minhas canções, mas pseudo-intelectuais que muitas vezes não conseguem ver talentos.
Acha que o rótulo de que os cantores populares têm menos formação musical ainda existe?
Existe porque, infelizmente, há um leque de nomes mais antigos que naquela altura cantavam e até tinham canções de sucesso mas notava-se perfeitamente que eram pessoas de pouca formação. E não falo apenas de formação musical. Isso percebia-se quando eram entrevistados e, se calhar, foi isso que fez criar o estereótipo de que os cantores populares têm pouca formação e são os mais ‘bregas’, o que não corresponde à realidade. Acho que atualmente os cantores de música ligeira já não são tão rotulados como pessoas de fraca formação, mas os rótulos vão continuar a existir.
O Sérgio continua a ser vítima desses rótulos?
Ainda há pessoas que acabam por me rotular: ah é o cantor do 'Somos Portugal'. Mas porquê? Sou muito feliz por ser um cantor do ‘Somos Portugal’ e um cantor do povo. Sou um cantor do povo que enche salas na Austrália, nos Estados Unidos. Se isso é ser cantor do povo, sou um cantor do povo muito feliz por conseguir criar curiosidade em pessoas que estão do outro lado do mundo. Criam-se estereótipos à volta disso? Sim, mas eu não me incomodo nada com isso.
Depois de uma luta de tantos anos para conseguir ser reconhecido, há receio de não conseguir voltar a ter um grande sucesso?
Claro que há… mas por isso é que eu continuo a trabalhar com a equipa do Ricardo Landum e João Sanguinheira. Não quer dizer que não sejamos falíveis, não quer dizer que tenhamos a fórmula certa, mas uma coisa sei que existe, neste momento existe um público que gosta e que está à espera do meu trabalho. Algo que não tinha outrora.
A minha carreira não foi uma carreira fácil de construir e por isso dou importância aos pequenos detalhes. Quero uma equipa feliz a trabalhar comigo, mas todos sabem qual é o papel de cada um. Não admito que existam falhas ou desrespeito no que toca à minha carreira. Os anos tornaram o meu nome uma marca e as marcas também vão à falência quando não há uma boa gestão. Existe uma entrega 10 vezes superior, tanto minha como da equipa que faz as canções e produções. E atualmente já não é algo apenas para aqui.
O que é que quer dizer com isso? O objetivo é conseguir internacionalizar a sua carreira?
Atualmente, é. Já fui gravar à República Dominicana com o grupo Extra, vou gravar agora com dois grandes nomes do Brasil. A minha carreira já exige outro tipo de responsabilidades.
E o que é que pode revelar para já sobre essas novidades internacionais?
As próximas parcerias serão no Brasil, uma com um nome sonante e outra com um nome menos sonante. Ainda não posso revelar mais, ainda estamos em negociações.
Acaba de lançar um novo single, 'Nunca vou amar ninguém'. Para quem ainda não ouviu, de que forma apresenta este tema?
É um single romântico, uma balada fortíssima.
Já percebemos que tem continuado a trabalhar, mas de que forma tem vivido este momento particularmente difícil, devido à pandemia de Covid-19, para os profissionais da área do espetáculo?
Fui investindo o meu dinheiro e tenho os meus rendimentos, que acaba por ser aquilo que nos dá força e que nos equilibra para a nossa subsistência atual. Quem tinha a carreira no auge e no topo como eu tinha... estou a viver agora uma fase que muitas vezes me deixa cabisbaixo. Deixa-me triste não poder ter contacto com o público. Há uma série de energia que estava habituado a canalizar nos palcos, agora tenho de fazer muito mais desporto para não estar em casa e não ter de pensar nisso.
Fui obrigado a receber apoio psicológico... e psiquiátrico mesmo. Tomava muitos compridos
No primeiro confinamento, ainda em 2020, o Sérgio ficou retido na Austrália.
Sim, estive três meses na Austrália.
Como é que foi essa fase?
Pelo facto de estar do outro lado do mundo, meio retido, fez-me dedicar mais tempo a terminar o meu disco novo, a terminar as canções, a ensaiá-las. Dediquei-me ao desporto, três horas por dia. Sabia que aqui estava tudo fechado em casa e eu lá ainda podia ter alguma liberdade.
Em 2019 o seu nome esteve envolvido numa série de polémicas relacionadas com a sua separação. Assumir publicamente que tinha sido traído e que estava a viver um momento difícil aproximou-o ainda mais do público?
Creio que sim. Comecei a sentir que tinha uma fortaleza à minha volta. Por muito que tentassem, consegui ficar de pé mesmo quando estava a cair. Muitas vezes via uma noticia menos boa sobre mim e coisas muito injustas e apareciam logo 100 pessoas a defenderem-me. São pessoas que me conhecem, que acompanham o meu trabalho, que perceberam o que tinha acontecido. Isso deu-me uma força maior, senti que tinha muita gente para me proteger mesmo quando me estava a sentir mais frágil.
Cheguei a tomar 10 comprimidos por dia, senão não conseguia dormir, não conseguia ir fazer concertos
O Sérgio chegou mesmo a assumir que precisou de acompanhamento psicológico para conseguir assumir os seus compromissos profissionais. Foi a fase mais difícil em que teve de subir ao palco?
Foi. É difícil quando não estamos emocionalmente estáveis, tal como foi difícil subir ao palco quando morreu o meu avô. Quando não estamos bem emocionalmente isso acaba por mexer bastante connosco e condicionar-nos. Fui obrigado a receber apoio psicológico... e psiquiátrico mesmo. Tomava muitos compridos. O confinamento na Austrália e os três meses que me deixaram longe de tudo foram um tempo de maturação e de luto que ainda não tinha tido. Quando temos 100 e tal concertos por ano temos uma estrutura imensa a trabalhar connosco e muita gente a depender da nossa saúde e do nosso estado. São pessoas que não têm culpa da minha vida e de as coisas terem dado errado. Isso cria uma responsabilidade extra.
Neste momento essa situação está completamente ultrapassada?
Sim, creio que consegui amadurecer essa situação nos três meses em que estive na Austrália, longe de tudo. Deixei de tomar medicamentos, cheguei a tomar 10 comprimidos por dia, senão não conseguia dormir, não conseguia ir fazer concertos. Os comprimidos ajudavam a manter-me equilibrado e, de repente, na Austrália dei-me conta de que não precisava de nada daquilo. Era tudo fruto de emoções mal resolvidas, sentimentos que não estavam ultrapassados na altura e que acabaram por ficar resolvidos com o tempo. Tudo tem de ter um processo de luto e eu ainda não tinha tido esse tempo.
Imagino que também os seus filhos tenham tido um papel importante neste processo. Como é o Sérgio Rossi no papel de pai?
Não sou aquele pai tradicionalista, sou um pai muito mais amadurecido. Sou um pai que já viajou, que conhece muito do mundo, outras realidades e culturas, e que, acima de tudo, não está preocupado com aquilo que os filhos possam vir a ser, mas sim com a felicidade deles.
Eles também gostam de música?
Qualquer um deles gosta de música e tem talento, mas nenhum está a lutar pela música como eu lutava. Eles estão a lutar por áreas distintas. Não sei se algum dia vão batalhar por uma carreira no mundo da música como eu batalhei... a música era o meu sonho, o amor da minha vida.
E nessa batalha, Sérgio, o que é que ainda falta conquistar?
Tanta coisa. Criamos objetivos todos os dias, tenho sonhos novos todos os dias. Palcos novos que quero pisar, públicos novos que quero atingir. Acho que quando construímos uma carreira o céu é o limite. É uma frase feita, mas é o que eu sinto.
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