O pequeno Saúl 'nasceu' no circo e foi entre os espetáculos dos pais e as feiras onde a avó vendia pipocas que conheceu Quim Barreiros. As pernas pequeninas de menino não foram curtas para dar um salto de gigante das cadeiras dos cafés onde começou a atuar até aos palcos onde juntava multidões. Brilhou no 'Big Show SIC' e com apenas sete anos já era tripla platina.
Passou a vender milhões, deixou para trás as dificuldades do circo e deu à família uma vida que nunca tinha tido. Os pais e os irmãos - Saúl é o segundo mais novo de cinco irmãos -, tiveram a primeira casa... e mais tarde até uma quinta.
Porém, aos 18 anos a vida mudou. Os pais de Saúl emigraram e na conta que outrora teve milhões deixaram-lhe os sobrantes 14 euros.
Pronto a ir à luta, arregaçou as mangas, começou do zero e de pequeno Saúl passou a Saúl Ricardo. Hoje é um homem de trabalho, pai de família e um artista cheio de sonhos, que lhe damos a conhecer em entrevista ao Fama Ao Minuto.
Como é que começa esta tua tão tenra aventura no meio artístico?
A minha aventura no meio artístico começa de maneira muito simples. Venho de família circense e família feirante, ou seja já estava dentro do meio do espetáculo e das festas. Comecei a contar umas anedotas quando era muito novo. Os meus pais iam à minha procura e encontravam-me em cima das cadeiras, nos cafés, a contar anedotas. Depois comecei a imitar o Quim Barreiros. Lancei a primeira cassete em 1992, 'O Imitador'. Mais tarde fui à pre-seleção do 'Big Show SIC' e participei no concurso 'Vale Tudo', foi a minha primeira aparição na televisão, em 1994, e em 1996 sai o grande sucesso ‘O Bacalhau Quer Alho’.
Achas que o circo teve muita influência na tua vida, neste caso no facto de te teres tornado artista, e se não tivesses tido sucesso achas que hoje trabalharias por lá?
Eu não trabalhava na pista do circo, a minha família é que trabalhava no circo. Mas a verdade é que vais sempre atrás dos passos dos teus pais... se calhar estaria no circo, sim, se não tivesse enveredado pela música.
E como é que nasce esse teu fascínio pelo Quim Barreiros, sendo que tinhas apenas cinco anos?
Olha, boa pergunta [risos]. Estávamos numa festa, eu e a minha avó, ela estava a vender pipocas e as farturas, e havia um espetáculo do Quim Barreiros. Na altura ele chamou umas crianças ao palco, eu subi, ganhei uma cassete e acho que passei a admirá-lo pela animação dele em palco. Não entendia o que ele cantava, nem o duplo sentido das palavras, mas conseguia perceber a mensagem que ele transmitia de alegria e de animação.
Saúl no início da sua carreira© Reproduções Instagram / Saúl Ricardo
Mais tarde chegas mesmo a conhecer o Quim Barreiros, como é que foi esse momento?
Foi muito bom, o Quim Barreiros é uma pessoa muito acessível, muito transparente, muito direta. Foi por causa dele que tive os meus primeiros espetáculos no estrangeiro. Se fosse uma pessoa que não quisesse saber nem se preocupava com isso. Desde novo que ele me começou a ajudar e isso é incrível, o nosso ídolo ajudar-nos ainda a subir mais.
Ainda tens contacto com ele hoje em dia?
Sim, sim. Fizemos vários espetáculos juntos nos últimos anos. É sempre um espetáculo único estar com o Quim Barreiros no mesmo palco. É sempre gratificante estar com o nosso ídolo passados tantos anos e termos ainda esta amizade que dura há tanto tempo.
Em dois meses fizemos tripla platina. Hoje em dia é impensável venderes isso com música popular
É depois da tua participação no 'Big Show SIC' que as pessoas passam a conhecer-te mais e que, apesar de teres apenas cinco anos, te tornas um artista nacional.
Sem dúvida que foi a rampa de lançamento para o sucesso e para o reconhecimento público, não posso dizer que não. Quando lá fui as primeiras vezes não ia como artista, para mim era uma brincadeira. Dizia ao meu pai: ‘mete aí a cassete que eu vou cantar. Comecei na televisão em grande, mas naquela altura não pensava em nada disso. Claro que agora, passados todos estes anos, olho para trás e percebo o peso que teve ir a um programa de televisão e ficar reconhecido de um dia para o outro.
Naquela altura chegaste a uma tripla platina, em 1996.
Em dois meses fizemos tripla platina, que é o equivalente a 120 mil cópias. Hoje em dia é impensável venderes isso com música popular.
Conseguias ter noção, apesar da tua idade, do sucesso que estavas a ter?
Não, não vou dizer que sim, estaria a mentir. Não tinha noção porque para mim aquilo não era um trabalho, era uma brincadeira. O que me fascinava era chegar ao palco e ver as pessoas a rir, isso era a minha primeira meta a atingir. Era a alegria de ver as pessoas a sorrir e a divertirem-se. Eu era uma criança e aquilo era uma brincadeira. Hoje em dia já não, hoje em dia já é uma coisa muito mais profissional.
A maior birra que eu tive foi num espetáculo no Norte do país. Não me dás o camião, então também não canto
E nunca te deixou nervoso ver multidões à tua frente, como muitas vezes encontravas nos espetáculos?
Quando era novo não, mas depois com o avançar da carreira, com o reconhecimento, comecei a ter perceção do que estava a acontecer e hoje em dia estou nervoso de todas as vezes que subo a um palco. Não pelo medo do que vou fazer, porque sei aquilo que faço e que sou bom no que faço, sou um profissional, mas com medo de dececionar o meu público. É a responsabilidade.
Para ti foi sempre uma diversão, foi sempre bom ir, ou havia vezes em que não te apetecia estar ali?
Era uma criança, havia dias que... está quieto. As birras normais. A maior birra que eu tive foi num espetáculo no Norte do país, eu cantava naquelas festinhas antigas e havia uma barraquinha que vendia um camião enorme para levar terra. Pedi o camião à minha mãe e ela não o quis comprar. Zangado, eu disse-lhe: olha, não me dás o camião também não canto. Isto foi assim até 15 minutos antes de subir ao palco, agora imagina [risos]. Até que apareceu o camião, a minha mãe lá o foi comprar ,e eu vesti-me fui para cima do palco e cantei. Acho que foi assim a birra que mais me marcou.
Tiveste muitos espetáculos durante alguns anos, mesmo depois de teres começado a escola. Como era conciliada a vida de artista e a escola?
Nós tínhamos 280 dias de espetáculos, às vezes tinha quatro e cinco espetáculos por dia. Era complicadíssimo, não vou dizer que era fácil porque não era. E depois as digressões. Tive uma digressão de um mês nos EUA. Também aprendi muito fora da escola, quando chegava à escola, principalmente nas disciplinas de História e Geografia, era muito mais simples para mim. Vivia a conhecer outras culturas e depois também tinha a ajuda dos professores particulares.
Foi a primeira vez que tivemos uma casa sem ser uma caravana
Nessa altura, o que é que tu sonhavas ser quando fosses grande?
O meu sonho sempre foi ser jogador de futebol, mas o meu grande sonho era ser piloto de aviação. Ainda hoje tenho esse sonho, não quer dizer que vá enveredar por ser piloto comercial mas tirar um PPL para pilotar avionetas é um grande sonho meu.
O teu sucesso representou obviamente uma mudança de vida para a tua família. O que é que mudou?
Sim, sem dúvida nenhuma. Foi a transação do circo para uma casa própria, para ficarmos parados em vez de andarmos sempre de terra em terra. Foi uma grande mudança de vida a nível pessoal, profissional e monetário. Passávamos algumas necessidades quando estávamos no circo e deixámos de ter. Foi a primeira vez que tivemos uma casa sem ser uma caravana.
Chegares ali e pensares que tens um pezinho de meia para a tua vida e, de um momento para o outro, não tens nada. É ficares sem chão
Aos 18 anos sofres um revés inesperado. O que é que sentiste quando percebeste que depois de tantos anos de trabalho tinhas apenas 14 euros na tua conta?
14 euros e cinquenta cêntimos, atenção. Os 50 cêntimos fazem falta [risos]. Agora já brinco com isso, com essa situação. Claro que é complicado passado 11 ou 12 anos, depois de trabalhares uma vida inteira, depois de passares a tua juventude a trabalhar e pensares que vais ter uma vida boa porque ganhaste muito dinheiro - eu sei bem quanto é que se ganhou -, chegares ali e pensares que tens um pezinho de meia para a tua vida e, de um momento para o outro, não tens nada. É ficares sem chão. Um rapaz de 18 a pensar que vai ter uma vida pela frente, que não vai ter dificuldades, e de um momento para o outro ficar sem nada é complicadíssimo. Não desejo isso a ninguém.
Perdoar não perdoo, acho que isso não tem perdão
Apesar de tudo, já te ouvi dizer que não te importavas que esse dinheiro tivesse sido gasto de outra forma.
Noutras coisas, claro. Em imóveis, numa coisa que se visse, uma coisa que hoje em dia tivéssemos e estivéssemos a tirar dividendos disso. Neste caso não, neste caso foi gasto em porcaria. Porcaria, mesmo.
Conseguiste com o passar dos anos perdoar os teus pais?
Sempre ouvi dizer que quem perdoa é Deus. Perdoar não perdoo, acho que isso não tem perdão. Muitas pessoas podem achar que estou a ser muito duro, mas é como eu penso. É a minha realidade, eu não merecia e não fiz para isso.
Quando descobri queria deixar de cantar, pensei em suicídio
Tens algum tipo de contacto com os teus pais neste momento?
Não temos contacto nenhum.
E como foi depois de perceberes que não tinhas quase nada começar do zero?
Por um lado foi bom, mau por outro, mas bom para olhar para a frente de outra maneira, com mais afinco, mais trabalho, mais profissionalismo. Deu para conhecer nessa altura a mulher da minha vida, que é a minha esposa. Remámos os dois para o mesmo sítio, conseguimos antes de tudo ser muito amigos e já estamos há 15 anos juntos, há nove casados. E atenção, estamos 24 horas juntos e isso não é fácil. Ela trabalha comigo, é a minha road manager.
Em algum momento pensaste em deixar de cantar?
Quando descobri queria deixar de cantar, pensei em suicídio na altura, mas depois tive um grande pilar, a minha esposa, que me disse: vamos para a frente e vamos vencer.
Nem todos os discos foram grandes sucessos, mas todos os artistas têm altos e baixos
Mas a verdade é que, apesar dessa fase menos boa, nunca estiveste muito tempo parado, pois não?
Nunca parei, estive sempre a trabalhar. Não era tão simples porque de um momento para o outro não tens nada, tens de começar do zero. A única coisa que tínhamos era o nome Saúl. Um nome que, graças a Deus, toda a gente conhecia e era respeitado. E continua a ser! Acho que foi isso, começar com o nome, andar para a frente e batalhar o máximo possível. Se não desse, não dava, agarrávamos e fazíamos outra coisa mas graças a Deus tenho grandes profissionais comigo. Podes ter as ideias todas, podes ter tudo, mas precisas de ter contigo uma boa equipa. Ninguém vinga sozinho e isso eu tenho de agradecer à equipa que tenho comigo.
O público conheceu-te muito pequenino e era essa imagem que, numa fase inicial, conquistava os fãs. Ccomo é que foi depois?
Claro que tivemos altos e baixos. Nem todos os discos foram grandes sucessos, mas todos os artistas têm altos e baixos. Com a idade vais mudando o teu estilo, vais mudando a voz. Quando houve a transição da voz de criança para a de adulto notou-se uma grande discrepância do antigo para o recente, aí foi mais complicado mas com humildade, profissionalismo e com o respeito do público tudo se consegue.
O português é muito preconceituoso, se um disser não gosto, o outro já nem vê porque não presta
E o público habituou-se bem à transição da imagem de criança para a de adulto?
Sim. Não vou dizer que foi de um dia para o outro, foi pensado qual era o público alvo. Tentámos agarrar muita malta nova também. Tenho 33 anos, sou um rapaz novo, e tentámos enveredar por outros caminhos que não apenas as festas populares. Temos de ter vários estilos de espetáculo e foi isso que quis mostrar, que também tenho uma imagem renovada e que consigo dar uma roupagem nova às músicas que a malta já ouvia, os malhões, as marchinhas.
Entre 2011 e 2012 há novamente um grande 'boom' na tua carreira.
Sem dúvida que a partir de 2011 para 2012 foi o grande boom outra vez do Saúl, pelo menos para a comunicação social porque, na verdade, os espetáculos estiveram sempre presentes. Foi quando lancei a ‘Fábrica da Chouriça’. A partir daí até 2015, data do último CD que lancei - ‘Comi-lhe o Melão’. Nesse período estive também num programa de televisão onde as pessoas me viram durante dois meses e uma semana, ‘A Quinta’, da TVI, e ficaram a conhecer-me melhor como pessoa e passaram a ter por mim um respeito diferente. Quem não gostava do estilo musical começou a gostar do estilo de pessoa. Isto é generalizado, mas é a verdade. O português é muito preconceituoso, se um disser não gosto, o outro já nem vê porque não presta, e as pessoas que me viram no programa foram analisar os meus trabalhos do antigo até ao mais recente e começaram a ver que as coisas estavam a evoluir de forma diferente. Com o passar do tempo comecei a escrever, a compor músicas ao meu estilo, ao meu gosto.
Se fores um artista popular não prestas, mas se fores um artista popular que faça um Altice Arena já és respeitado
E qual é o teu estilo, como é que te defines?
Não tenho definição. A malta diz que é artista popular, porque faço as festas populares e tradicionais, eu acho que sou um todo, porque quando vou para uma semana académica é um espetáculo tão bom como qualquer outro. Para uma semana académica tenho um estilo de espetáculo, para uma semana de festa popular tenho outro estilo de espetáculo. O adjetivo que mais me define é diversificado. Canto o estilo popular, mas com cabeça tronco e membros. Fazer uma música pimba toda a gente faz, agora fazer uma música popular com história é que é difícil. O que estou a tentar fazer é mudar um bocadinho a perspetiva da música popular e da música tradicional portuguesa.
Achas que ainda existe preconceito em relação aos cantores 'pimba'?
Sem dúvida, a música popular é subvalorizada. Se fores um artista popular não prestas, mas se fores um artista popular que faça um Altice Arena já és respeitado. Mas o artista é o mesmo, o estilo musical é o mesmo. Acho que as pessoas não têm noção do trabalho que nós também temos e que somos tão bons como os outros que fazem grandes festivais. Uma coisa é dizer que nós não podemos entrar em determinado festival porque não se enquadra, outra é dizer que somos menos que os outros. Não compreendo, trabalhamos tanto como eles.
Sendo tu um artista popular, como é viver do mundo da música em Portugal?
É muito difícil. Venho de anos de trabalho, para a malta que começa agora é complicadíssimo, a concorrência é muito desleal hoje em dia. Em Portugal, nós, artistas populares, não temos ajudas de ninguém. Num ano de pandemia todos tiveram ajudas e nós artistas populares ficámos de lado. Fomos proibidos de trabalhar, não houve festas. É muito complicado. Malta que queira viver da música tem de trabalhar muito.
Em Portugal, isto para um artista popular é único
Aproveitando que falas nisso, tens conseguido reinventar-te, tal como outros artistas, neste período particularmente difícil de pandemia?
Tenho tentado... agora apareceu aqui a minha filha [risos]. Nunca tinha feito diretos nas redes sociais, tentei-me reinventar para ficar um pouco mais perto dos meus fãs e não cair no esquecimento... e não esquecer aquilo que faço. Parei tanto tempo que quando fiz o primeiro direto parecia que me saiam os pulmões.
E esses diretos foram um sucesso, não foi?
Exatamente. O segundo direto no Facebook, para teres uma noção, em Portugal quase nenhum artista popular teve quase 11 mil pessoas em direto. É magnífico... e teres um milhão de visualizações nos vídeos, seis mil partilhas. Em Portugal, isto para um artista popular é único.
Aproveitando que a tua filha apareceu, como é que é o Saúl como pai?
Tem momentos bons, tem momentos maus. Como é que eu posso explicar isto... não há explicação. Não há palavras para descrever o amor que se sente. É a melhor sensação do mundo, ser pai.
Saúl com a mulher e a filha, a pequena Letícia© Reproduções Instagram / Saúl Ricardo
E se a tua filha quisesse ser cantora como tu, acharias boa ideia?
Vou estar aqui para apoiar o que ela decidir. Não digo que ela não esteja ligada à música, gostava que ela estudasse no conservatório um instrumento, se ela estudar piano é um sonho meu. Agora, para viver da música eu ia tentar desviá-la um bocadinho do caminho. Tocas piano, mas vai tirar um curso superior [risos]. Gostava que ela tivesse uma segurança, se a música não der, gostava de saber que ela tem outra coisa que consiga fazer. Mas vou apoiá-la com as minhas forças todas.
Tendo tu uma experiência nesse campo, deixarias que ela começasse tão pequenina como tu começaste?
As pessoas podem pensar o que quiserem, eu naquela altura era uma criança e se não confiasse nos meus pais não sei em quem mais confiaria, mas não faria igual. Os três, quatro e às vezes cinco espetáculos por dia não os faria. É um cansaço enorme, é um desgaste enorme para uma criança. Não me arrependo do que fiz, atenção, é bom que isso fique claro, mas é uma coisa da qual já tenho noção e tentaria fazer de maneira diferente. Mas todos erramos.
24 anos depois, 'O Bacalhau Quer Alho' continua a ser obrigatório nos teus concertos?
Isso sem dúvida nenhuma. Não posso sair de um espetáculo sem cantar ‘O Bacalhau Quer Alho’. É uma música intemporal, se chegar aos 70 anos em palco sei que vou ter de a cantar. É uma música que agarra todas as gerações, desde o mais novo ao mais velho. ‘O Bacalhau’ tem 24 anos e eu agora canto a música para pessoas que nasceram no ano em ela foi lançada. É saberes que marcaste gerações desde os pequenos até aos mais velhos, e isso é ótimo.
E não te cansa de cantares há tantos anos essa música?
Vou ser sincero: é a música que mais me cansa cantar porque já a canto há 20 e tal anos, mas também dá um gosto enorme cantá-la porque é a música que me levou para a ribalta e que me deu a conhecer ao mundo inteiro.
Falemos agora sobre o futuro. Há novidades a caminho?
Ainda não posso desvendar muito. Apresentei uma música nos meus diretos que vai sair nos próximos meses. Vai sair em single e depois é que vai ser editado o CD completo. Estamos a terminar o disco, estamos em fase de produção. Estamos à espera que os espetáculos comecem novamente. Daqui a dois anos, como faço 30 anos de carreira, queria ver se fazia um espetáculo em grande. Uma coisa completamente diferente do que tenho feito até agora, também para marcar a data. Acho que 30 anos de carreira com 35 anos é um feito que tem de ser marcado de alguma forma. Estes são os meus objetivos profissionais, mas tenho ainda dois sonhos de carreira que gostava muito de concretizar: um deles é lançar um livro, uma biografia, e o outro é fazer uma sala em Portugal emblemática, um Altice Arena ou os Coliseus. São os grande sonhos da minha carreira.
Achas que esses sonhos podem estar próximos de ser concretizados?
Coliseus e Altice Arena não digo que estejam próximos, mas é uma coisa que idealizo e que se não for agora temos sempre tempo para fazer. Tarde ou cedo, sei que o vou fazer e quando o fizer é porque era aquele o momento certo.
O que é que o Saúl de agora diria ao Saúl pequenino que começou a cantar 'O Bacalhau Quer Alho' sem saber bem o que estava a fazer?
Uma coisa que diria era: atenção às tuas finanças. Isso era a primeira. Mas agora falando a sério, o que lhe diria era para continuar igual a si mesmo. Não te identifiques com outro, continua a seres tu, humilde, direto, essa pessoa assim irreverente... como eu era na altura, e que continuasse com aquela felicidade. Agora, olho para trás e vejo o brilho no olhar que tinha na altura. Dizia-lhe para continuar com o brilho no olhar e com a genuinidade com que fazia aquele trabalho, porque acho que foi isso que motivou as pessoas a acompanhar e a seguir o Saúl, aquela coisa de ser pequenino e muito extrovertido.
E o brilho nos olhos ainda está lá cada vez que sobes ao palco?
Ai está, está. Cada vez que vejo uma filmagem noto que aquele brilho ainda lá está, porque gosto daquilo que faço e empenho-me muito. Tento fazer cada dia mais e melhor.
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