Jorge Corrula não vai contar com a companhia da mulher, Paula Lobo Antunes, para correr ao seu lado no dia cinco de novembro, mas nem isso o desmotiva. O ator, que assume não ser obcecado com o desporto, prepara-se para correr 42 km na maratona de Nova Iorque e espera terminar a prova da maneira menos dolorosa possível.
Antes de partir para uma das maiores aventuras da sua vida, Jorge Corrula deu uma entrevista exclusiva ao Fama Ao Minuto onde revelou todos os pormenores sobre a preparação para a prova e confessou que cortar a meta será uma experiência de grande superação, com um impacto tão forte quanto ser convidado a fazer um filme em Hollywood.
Como é que surge na sua vida esta vontade de começar a correr?
No carro, às vezes, não ouvimos a música que queremos e eu gosto muito de ouvir rádio informativa e às vezes uso a corrida como uma maneira de fuga para ouvir as coisas que quero. Nos últimos três ou quatro anos, eu tenho corrido muito e tenho feito algumas provas. Fiz duas meias-maratonas aqui em Lisboa e obviamente quem gosta de atletismo sabe que a maratona de Nova Iorque é a prova rainha do atletismo. A Maratona de Nova Iorque, nos últimos três anos, tornou-se um objetivo, uma coisa que eu almejava fazer um dia. Há dois anos que tento inscrever-me e não consigo, este ano consegui com a ajuda da New Balance. Soube disto há dois meses porque, inicialmente, até a New Balance me disse que não conseguia, há 250 mil inscritos e correm apenas 50 mil participantes.
O grande objetivo é sofrer o menos possível e terminar a prova, é um ato simbólico que eu vou fazer.
Qual é grande objetivo desta participação na Maratona de Nova Iorque?
O grande objetivo é concluir. Eu não tenho nenhum grande objetivo, não quero ficar nos cinco primeiros e acho que nem os quenianos, nem os etíopes, me iam deixar. O grande objetivo é sofrer o menos possível e terminar a prova, é um ato simbólico que eu vou fazer. Para o ano, se eu conseguir repetir novamente a maratona, se calhar já me atiro para tentar bater o tempo que fizer. Por agora, terminar a maratona uma primeira vez sem grande preparação, porque estou ao mesmo tempo a trabalhar, com algumas lesões e com férias pelo meio, é complicado.
Como é que tem sido a preparação para a prova e quando é que começou?
Segundo o que me disseram, para quem faz desporto habitualmente, como é o meu caso, o mínimo de preparação são três meses e eu comecei em cima dos dois meses. Já não estava em cima do tempo mínimo recomendado, mas com as lesões, as férias e a falta de tempo estou a fazer o ideal.
Treinos com a GFD Running, que é um grupo de fisioterapia do desporto, que também tem um grupo de corrida e que me esta a ajudar no plano de treino, estou a correr todos os dias, seis dias por semana, a fazer fisioterapia por causa das lesões e no dia de descanso a fazer fortalecimento muscular no ginásio. Posso dizer que já cheguei a ir correr ao fim de fazer fisioterapia, estou a treinar em cima de lesões porque de outra forma fico sem tempo para me preparar.
Efetivamente eu sempre corri por carolice, nunca fiz trabalho técnico. No entanto, ir correr não é só calçares uns ténis e ir para a estrada, tens de planear uns dias correr 12km a uma certa velocidade, outros dias vais para o Jamor fazer séries e um dia por semana, normalmente aos domingos, faço um treino mais longo. Há semanas que consigo cumprir o plano e noutras salto treinos, mas também por isso é que não sou profissional e sem duvida o meu objetivo é apenas concretizar o sonho de terminar a maratona.
Não sou obcecado por fazer desporto todos os dias, mas sou obcecado por sentir-me bem e o desporto ajuda-me.
O desporto faz parte da sua rotina diária?
Da rotina diária não, eu diária da rotina semanal, às vezes passa-se semanas onde eu nem sequer vou correr. Eu não sou muito adepto de estar fechado num sitio a fazer desporto, mas o desporto sempre fez parte da minha vida no sentido de modalidades desportivas. Joguei andebol, basquetebol, fui federado em futebol, mas só nos últimos tempos é que me tenho dedicado mais e aprofundado os meus conhecimentos técnicos sobre atletismo. Faço-o sobretudo para me sentir bem, não é uma questão obsessiva, se estiver uma ou duas semanas sem correr, obviamente tem que haver um bom motivo ou porque estou sem tempo ou porque estou a trabalhar, não fico chateado por isso. No entanto, sem duvida que nos dias em que consigo cumprir o plano semanal de preparação para a prova me sinto muito melhor em termos físicos e em termos de disponibilidade mental, mais bem disposto, com mais energia, aproveito mais o dia e fico mais motivado para o trabalho. Não sou obcecado por fazer desporto todos os dias, mas sou obcecado por sentir-me bem e o desporto ajuda-me.
O Jorge divulgou nas redes sociais que vai participar na Maratona de Nova Iorque, as pessoas ficaram muito surpreendidas com esta novidade?
Há muitas pessoas que manifestam vontade de me acompanhar, como eu disse é muito difícil fazer a inscrição na prova e há pessoas que já tentaram e não conseguiram, dizem ‘Corrula leva-me contigo, eu também quero ir’ e há outras que me chamam doido. Hoje em dia o atletismo está muito na moda, há cada vez mais pessoas a correr, as pessoas que têm o hábito de correr e percebem esta coisa da corrida acham que é um objetivo ambicioso, mas percebem-no, e depois há outras que não correm nem para ir à mercearia e não percebem, mas ficam um bocadinho seduzidas por ser Nova Iorque. Eu escolhi fazer a maratona em Nova Iorque porque não é simplesmente correr 42km, é correr a prova rainha do atletismo numa cidade emblemática, acho que qualquer pessoa, mesmo que não perceba esta coisa da corrida, mais que não seja pela viajem e pela aventura aceitaria inscrever-se.
A sua mulher, Paula Lobo Antunes, não teve vontade de o acompanhar nesta aventura?
A Paula tem um grande handicap que é o facto de ter sido operada aos dois joelhos, ela acompanha-me mas apenas em alguns treinos. Ela só me pode acompanhar um dia por semana naquilo que se chama o treino para rolar, onde eu posso fazer 10 a 15km a uma velocidade moderada. Nesta preparação, com tantos quilómetros que eu coloco nas pernas, a Paula não se pode juntar a mim, mas ela gosta muito de me acompanhar e sempre que eu posso fazer treinos em que estou simplesmente a rolar ela está lá.
Estou à espera de um grande impacto emocional durante a prova e quando acabar, deve ser uma sensação como se me convidassem, de repente, para fazer um filme em Hollywood.
Como é que espera voltar da Maratona de Nova Iorque?
O menos dorido possível. A prova é no dia 5, havia a opção de voltar no dia 6, e eu pedi para voltar no dia 7. Pedi voo no dia 7 porque sei que vais ser duro e vou estar com muitas dores no dia seguinte. Quero ter mais um dia para alongar bem e para fazer uma massagem muscular, quero fazer a viagem no avião da maneira menos dolorosa possível. Eu sei que vou sofrer um bocado, a semana seguinte à prova vai ser de surpresas. Sei que vai ser duro, mas acabar uma maratona deve ser uma sensação fantástica. Eu não sou uma pessoa na minha vida privada de me emocionar facilmente, mas acho que aqueles quilómetros, aquele percurso com as pessoas a chamarem por ti, passar no Central Park, nos cinco bairros de Nova Iorque, deve ser uma sensação indescritível. Estou à espera de um grande impacto emocional durante a prova e quando acabar, deve ser uma sensação como se me convidassem, de repente, para fazer um filme em Hollywood.
Depois de Nova Iorque só fazer uma maratona na lua ou em Marte. Depois desta prova, tenciona fazer outras semelhantes?
Eu agora estou tão focado neste aprova que queria que fosse já depois de amanhã, estou ansioso para que a aprova comece. Depois de Nova Iorque só fazer uma maratona na lua ou em Marte. Eu não ambiciono fazer provas mais duras e mais longas, mas porque não dedicar-me a fazer outras meias e maratonas pelas principais cidades europeias? No entanto, para já quero ver como é que vai correr esta prova, esta é um objetivo de vida que eu tenho, se não fizer mais nenhuma maratona vou ficar muito feliz na mesma.
Em relação à sua vida profissional, há novos projetos a caminho?
Eu preparei a minha vida para esta altura, precisamente porque os dias de treino são longos, apontei para não estar com grande sobrecarga profissional. Poderá acontecer um novo projeto a longo prazo em televisão, mas só no inicio do ano. Terminei uma minissérie para a Fox Portugal, vou ter uma participação numa espécie de sitcom para a RTP2 e outros pequenos trabalhos de publicidade, são pequenos trabalhos para conseguir conciliar com a preparação da maratona.
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