A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Conceição Zagalo.

O que é que a faz sorrir?

Conceição Zagalo: Fazem-me sorrir, mesmo à mais remota distância, (ao adormecer e ao acordar, na partilha comigo mesma dos meus momentos mais serenos, a meio de qualquer atividade, na interação com os outros),as gargalhadas tão sonoras quanto soltas, felizes e contagiantes dos meus netos. O cheiro a terra molhada no sítio que me viu nascer, a beleza de um livro que acabei de ler, aquela fotografia que imortaliza um momento, as recordações de infância, a sublimidade encerrada nas mais puras amizades. As mais pequenas coisas que têm um significado tão grande que nos enchem o coração e nos fazem respirar a plenos pulmões e sentir que o ar chega mesmo lá ao fundo e nos confere a energia para renovar sorrisos a cada instante.

Aquilo que a faz sorrir é o mesmo que a faz feliz?

Conceição Zagalo: Tenho para mim que sorrisos e felicidade estão intimamente ligados e andam de mão entrelaçada. O que me faz feliz e, consequentemente, sorrir com essa felicidade, são as pessoas que me rodeiam, as experiências que vivencio, os lugares que conheço, as circunstâncias que não deixam de me surpreender, pela positiva. O que me faz feliz são as reuniões de família, as viagens para outras culturas, os sucessos dos que me são próximos, as minhas intervenções nas comunidades em que estou inserida.

Que acontecimento recente é que a fez sorrir bastante?

Conceição Zagalo: As mais recentes expressões dos meus netos mais pequenos que, na pureza dos seus quatro e dois anos, encerram carradas de sabedoria e razões de sobejo para rir, também no modo “replay”. A forma como essas expressões espelham a atenção que prestam ao mundo que os rodeia e à curiosidade em saberem sempre mais. A constatação de que o ser humano se aperfeiçoa a cada dia que passa e que os valores e princípios que cultivei nas minhas filhas está agora aperfeiçoado nestes seres humanos que quero ver crescer de forma saudável e luminosa.

Gostaria que me contasse uma história inspiradora sobre a sua vida. Um momento em que tenha ultrapassado uma adversidade.

Conceição Zagalo: Em 2010, nos meus 57 anos, para tantos considerada idade profissionalmente “emprateleirável”, candidatei-me a uma experiência de voluntariado internacional na minha empresa, numa circunstância, à data, inédita em Portugal.Não era para mim naquela faixa etária, numa fase tão avançada de carreira, num leque tão reduzido de expatriações em todo o mundo, num país de tão reduzida dimensão. Mas a convicção de que “the more you ask, the more you get”, ou seja, de que “querer é poder”, levou-me a perseguir a oportunidade e a não esmorecer perante a espera de meses para uma decisão final. A seleção veio finalmente a lume quando tantos, que não eu, perdiam esperanças e eu fui uma das eleitas para integrar uma equipa de sete pessoas de sete nacionalidades distintas a rumar a Can Tho, cidade localizada no Delta Mekong, ao sul do Vietname. Para conduzir processos de reengenharia de gestão em sete organizações em expansão para os continentes americano, africano e europeu. Três meses de preparação a montante, horas e fins de semana a fio de formação e interação com os demais elementos da equipa Vietname 7, um mês de experiência no país, dois meses em contacto com a Harvard Business School, a jusante, trabalho gostoso “around the clock”. Receio de não conseguir superar a prova, de falhar comigo própria e com os outros, de ter dado um salto maior do que a perna. Parti no dia 8 de Abril com uma mala cheia de coisas que deixei aos amigos que conquistei e me conquistaram. E regressei a 9 de Maio com o sorriso de orelha a orelha, conferido pela certeza de ter voltado muito mais rica do que à partida. Cresci, valorizei-me, aprendi a reconhecer o meu potencial, o meu espaço na empresa e na família, que sabia fazer muito mais e muito melhor do que eu pensava, que tinha toda uma vida pela frente, que nunca é tarde para dar a volta à vida e recomeçar, mas recomeçar com muito mais força e alento! E que nos mais longínquos cantos do mundo, os portugueses são fantásticos, também pela sua capacidade de se adaptarem e relacionarem diplomaticamente com o mundo. E de saberem fazer acontecer, em quantidade e em qualidade, melhor entendendo a dimensão de Fernando Pessoa quando em “Mar Português” afirmou que “tudo vale a pena se a alma não é pequena”.