Já várias figuras públicas se manifestaram contra o produtor de Hollywood, Harvey Weinstein, revelando que foram vítimas de assédio sexual. À ‘lista’ junta-se agora a atriz Cara Delevingne.

Inicialmente, a artista começou por contar que estava a trabalhar num filme com Harvey Weinstein quando um dia recebeu uma “estranha” chamada dele a perguntar se já tinha dormido com outras mulheres, com quem foi vista nos meios de comunicação. “Não respondi às suas perguntas e tentei desligar a chamada, mas, antes de desligar, ele disse-me que se fosse lésbica ou se decidisse estar com uma mulher em público, não iria conseguir o papel de uma mulher heterossexual ou seguir a carreira de atriz em Hollywood”, começou por contar.

Cerca de um ano depois, a atriz, de 25 anos, voltou a encontrar-se com Weinstein numa reunião para falar sobre um novo filme, onde também estava presente um realizador.

“O realizador saiu da reunião e Harvey pediu-me para ficar a conversar com ele. Assim que ficámos sozinhos, ele começou a gabar-se de todas as atrizes com quem dormiu e como conduziu as suas carreiras, e disse também outras coisas inapropriadas de natureza sexual. Convidou-me para ir ao quarto dele. Recusei logo e perguntei à sua assistente se o meu carro estava lá fora. Ela disse que não, que iria demorar, e que devia ir para o quarto dele. Naquele momento, senti-me muito impotente e assustada, mas não queria agir como tal na esperança de que podia estar errada. Quando cheguei, fiquei aliviada por encontrar outra mulher no quarto dele e pensei que estava a salvo”, começou por contar, confessando logo de seguida que afinal não estava “a salvo”.

“Ele pediu para nos beijarmos e ela começou a vir na minha direção. Levantei-me logo e perguntei se ele sabia que eu cantava. Comecei a cantar… pensava que isso iria tornar a situação melhor… mais profissional… como se fosse uma audição… estava tão nervosa. Depois de cantar, disse novamente que tinha de ir embora. Ele levou-me à porta, tendo ficado de pé à frente da porta, e tentou beijar-me nos lábios. Consegui pará-lo e sair do quarto. Consegui o papel no filme e pensei sempre que ele me deu isso por causa do que tinha acontecido. Desde então, senti-me mal por ter feito aquele filme. Achava que não merecia aquele papel. Estava hesitante em falar sobre o que tinha acontecido… Não queria magoar a família dele. Senti-me culpada, como se tivesse feito algo de errado. Fiquei também apavorada com o facto disto também pudesse ter acontecido com outras mulheres que conheci, e que nenhuma falasse por medo”, continuou.

Mais tarde, numa nova publicação, Cara Delevingne acrescentou: “Quero que as mulheres e as meninas saibam que ser assediada, abusada ou violada nunca é por culpa delas, e não falar sobre isso irá causar sempre um dano maior do que se contar a verdade. Estou aliviada por poder partilhar isto… Sinto-me melhor e estou orgulhosa das mulheres que são corajosas o suficiente para falarem… Isto não é fácil”.