Johnny Depp venceu em tribunal na última audiência do processo contra a ex-mulher, Amber Heard. Depois das acesas trocas de acusações entre ambos, ficou decidido que o ator vai receber 14,1 milhões de euros por ter sido vítima de difamação - aquando das acusações de violência doméstica feitas por Amber Heard.

Nas redes sociais não tardaram reações ao veredito, dividindo-se as opiniões entre os que acham que "finalmente fez-se justiça" e os que lamentam que Johnny Depp não tenha sido punido pelas alegadas agressões contra a ex-mulher.

Nas mais influentes revistas e jornais do mundo estão em destaque artigos de opinião de ativistas e colunistas que descrevem o veredito e as audiências protagonizadas pelo ex-casal como "pornográficas" e verdadeiras "orgias públicas".

Monica Lewinsky, conhecida ativista, publicou na revista Vanity Fair, um artigo onde descreve as audiências como um triste "espetáculo" transmitido na internet, definindo-o como uma "audiência pornográfica" - tanto pela forma como chegou ao público como pelos prazeres sádicos que despertou.

"Seria triste o suficiente, se pensarmos apenas o quanto isto afetou sobreviventes de violência doméstica ou aquelas que procuraram força no movimento #MeToo. No entanto, são as implicações para a nossa cultura que mais me preocupam: a forma como alimentamos as chamas da misoginia e, separadamente, o circo das celebridades", aponta Lewinsky.

Para a ativista o facto de o julgamento ter sido transmitido ao vivo dá às pessoas a falsa sensação de que estamos aptos a julgar e comentar, e cria ainda uma enorme confusão "de ver duas pessoas (que estamos acostumados a ver como atores a representar) num cenário - um tribunal - onde normalmente esperaríamos que eles assumissem os papéis das suas personagens".

Monica Lewinsky realçou ainda o facto de a advogada de Depp, Camille Vasquez, ter sido idolatrada pela "sua 'performance' ao interrogar Heard". "Ah, acharam que não teríamos nenhuma picardia de mulheres contra mulheres neste julgamento? Isso está no álbum dos maiores sucessos da misoginia", ironizou.

Moira Donegan foi outra das vozes mais críticas a reagir ao veredito. A colunista do jornal The Guardian tornou público um texto onde considera que a audiência final foi um "ricochete contra o #MeToo que está em curso há muito tempo" e que agora "está aqui".

Tal como Lewinsky, Donegan considera que o resultado do processo pode ter um "efeito devastador sobre as sobreviventes, que serão silenciadas, agora, com o conhecimento de que não podem falar das suas experiências violentas às mãos dos homens sem a ameaça de um processo de difamação ruinoso".

A sua convicção é de que "o discurso das mulheres acaba de tornar-se muito menos livre". E o que mais a surpreendeu foram sem dúvida as opiniões online e o "amplo consenso" de que Heard não estaria a dizer a verdade.

"O processo frívolo e punitivo do Depp, e o frenesim do desprezo misógino por Heard que o acompanhou, fizeram muito para justificar o ponto de vista original de Heard: que as mulheres são punidas por se apresentarem. O que acontece às mulheres que alegam abuso? São publicamente pilhadas, profissionalmente colocadas numa lista negra, socialmente ostracizadas, ridicularizadas sem fim nas redes sociais e processadas. Ira, de facto", defendeu, alegando ainda que o processo de transformou "numa orgia pública de misoginia".

Recorde que tanto Johnny Depp como Amber Heard já reagiram ao veredito do processo.

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