Como surgiu o convite para virem cantar ao "Ídolos"?

Nelson - Podem não acreditar, mas é uma infeliz, ou uma feliz, neste caso, coincidência. Eu estava nos Estados Unidos quando aconteceu, mas, quando cheguei, o Sérgio e a nossa produtora disseram-me que havia contactos para virmos aos "Ídolos" promover o "Virar a Página". Esta é uma referência nos programas de música que existe, neste momento, na televisão e tem grande audiência, por isso seria uma óptima altura para vir apresentar o single pela primeira vez ao vivo e em directo. Quando viu o programa, o que sentiu perante as palavras de Manuel Moura dos Santos?

Nelson - Eu fui apanhado desprevenido. O Sérgio mandou-me uma mensagem a dizer: "Hoje é a gala portuguesa; vê, porque um concorrente vai cantar uma música nossa". Vi aquilo e fiquei realmente chocado. É um episódio que, para nós, já está encerrado. Não vai acontecer mais nada. Eu e o Sérgio falámos imenso sobre o assunto, até porque muito se especulou  e, por vezes, convém fazer-se uma tempestade num copo de água para se poder vender a notícia. Não tem qualquer importância.O presidente do júri já pediu desculpas pessoalmente?

Nelson - O Manel ainda não falou connosco, provavelmente o que ele disse é que vai falar. Dentro da nossa cabeça (e nós falámos com pessoas que o conhecem) está tudo bem porque, acima de tudo, nós temos outros valores mais altos para poder ultrapassar isto. Acima de tudo, estamos concentrados em fazer aquilo que estava estipulado, que é continuar com a promoção do novo single.

Sérgio - Se ele disse que falou, falou! (risos). Querem deixar alguma mensagem a Manuel Moura dos Santos?

Nelson - Não há nenhuma mensagem que lhe queiramos deixar. Ficámos com pena de ele não estar cá hoje, porque queríamos toda a gente reunida aqui, mas o "Ídolos" está com uma força inacreditável e é a melhor edição de sempre.

Sérgio - Eu acredito que ele não quisesse que os seus comentários tivessem aquele fim. E pessoas com esta importância, porque, ainda por cima, o Manel é o presidente do júri, deviam medir bem as suas palavras. Gostaram da interpretação do Carlos?

Nelson - O Carlos fez a adaptação dele do "Eu Estou Aqui" e quem escolheu a música foi muito inteligente. Foi uma música que vendeu muito em Portugal e a novela era fantástica. Tinha amigos nossos (actores) com muita qualidade. Foi uma novela da casa, foi um projecto da casa, porque os direitos da música foram comprados pela SIC. Fomos apenas intérpretes daquela canção e não fomos nós que a escrevemos, quem me dera a mim. A música era do Rafael, para um festival da Eurovisão. A performance do Carlos foi fantástica. Esta polémica afectou, de alguma forma, a vossa carreira?

Nelson- Não. Depois da gala, senti-me um daqueles heróis do Ultramar (risos). Tenho uma fixação por aquele tempo. Nunca me tinha acontecido isto, nem mesmo quando regressámos do Brasil, depois de termos ido ao "Planeta da Xuxa", em 1999, e estavam mais de duas mil pessoas no Aeroporto da Portela. É que pessoas das mais variadas idades vinham falar comigo na rua. Foi fantástico.Como foi cantar ao vivo e em directo depois de toda esta polémica?

Nelson - Estávamos ansiosos e sentimos toda esta adrenalina à nossa volta. É tão estranho e permitam-me este desabafo. A nossa produtora dizia-nos: "Vocês já viram quantos CD já venderam em 11 anos?". Um milhão de discos, o que é assustador. Nunca mais vamos conseguir vender assim. Ainda apanhámos uma fase boa. As coisas que já fizemos, as canções que, quer se goste ou não, dizem muita coisa a muita gente, como é que ainda se pode pôr em causa qualquer coisa? Hoje, quando entrei aqui no palco, pensei: "Tão bom sentir isto outra vez!".

Sérgio - Hoje, particularmente, teve um sabor especial por causa de tudo, desta semana atribulada, das notícias que saíram. Na rua, diziam-nos: "Não liguem a isso, vocês já andam aqui há tantos anos e são bons". E isso é o que nos dá força.