Qual o balanço que faz da sua carreira?
O balanço só pode ser extremamente positivo. Não existem muitos criadores a nível internacional que se possam orgulhar do mesmo percurso.
Como tem enfrentado a tão famigerada crise?
A moda é uma arte, uma forma de cada pessoa expressar a sua personalidade e, para mim, em função da profissão que exerço e dos projetos que dirijo, a moda é também uma enorme responsabilidade… Daí que a preocupação com o sucesso das minhas coleções esgote praticamente todo o meu tempo. Só sei viver desse modo. E falarmos da crise internacional é muito vago, porque poderíamos falar da crise dos mercados financeiros, da crise de desorçamentação dos Estados, da crise macroeconómica de valores, etc. Aliás se pensarmos no significado original da palavra crise, proveniente da etimologia grega, ela significa tão-só e apenas “mudança”.E a moda é uma permanente mudança… Aquilo que damos como certo hoje, muda amanhã.
A concorrência de marcas mais acessíveis tem afetado as vossas vendas?
Essa é uma realidade que já não é nova… Convivemos com ela desde o surgimento da marca Ana Sousa em 1992. E o nosso percurso sempre foi de distanciamento em relação a essas marcas. O mercado das marcas acessíveis não é o nosso segmento preferencial, até porque não produzimos as nossas peças em países de mão-de-obra barata e intensiva. Temos a nossa empresa têxtil sediada em Portugal e é aqui que pretendemos continuar… Porque não é possível apresentar a qualidade que nós exigimos aos nossos produtos produzindo-os a milhares de quilómetros de distância. Mais, as nossas clientes, quando compram Ana Sousa, sabem que estão a investir no seu guarda-roupa, é um investimento pessoal na qualidade, na inovação, no designe e na diferença. Também por isso não nos sentimos pressionados pelo mercado a apresentar produtos baratos. Aquilo que as clientes Ana Sousa esperam de nós é que o binómio qualidade/preço seja excelente. E é essa garantia que damos aos consumidores.
Qual a mulher para a qual desenha as suas roupas?
As minhas propostas procuram corresponder às exigências de uma mulher multifacetada e que procura recriar uma silhueta feminina num glamour ambicioso e actual.
Com as várias linhas da minha coleção procuro responder às exigências de uma mulher cosmopolita e que divide o seu tempo em múltiplas tarefas, daí que as coleções Ana Sousa se baseiem sempre na preocupação de encontrar um estilo adequado a cada situação, desde a mais usual à mais marcante! Tudo sempre adaptado às formas dos corpos e à mulher que idealizo para cada mercado/país.
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Os criadores internacionais apostam em modelos plus size. Como visualiza esta realidade?
Esta tendência plus size sempre existiu… O que não acontecia era que esse fato fosse divulgado como novidade ou haver algumas marcas que apenas se dediquem ao plus size. Mas, a meu ver, as coleções têm de ter uma amplitude de tamanhos que cubra a totalidade da escala de tamanhos. Evidentemente, que existem modelos que pelo seu design e fitting, não os podemos reproduzir nos tamanhos maiores, e o inverso também é verdade. Aquilo que faço nas minhas coleções é equilibrar o mix de propostas em função dos tamanhos de forma a responder sempre às necessidades das clientes. Alguns dos modelos só os apresento em tamanhos pequenos, outros só os apresento nos tamanhos maiores. E a maior parte da colecção, sensivelmente 90% dos modelos, graças a uma fabulosa equipa de estilistas e modelistas que eu dirijo, pode ser apresentada em todos os tamanhos.
Tem alguma peça específica para tamanhos grandes?
Bem, esta tendência plus size é também uma consequência das várias estações de cinturas relaxadas e peças soltas. Os corpos ficaram mais deformados, daí termos lançado recentemente o nosso projecto/campanha Perfect Body. Fruto de uma análise das necessidades do mercado e de muita investigação, e sempre com o intuito de tornar a mulher mais feminina, criei as calças Ana Sousa Perfect Body que redefinem as formas femininas recuperando a silhueta original, funcionando ainda como um anti-celulite, preventor de estrias e corretor de pele. O sucesso deste projeto a cada dia nos surpreende mais…
A internacionalização da marca é uma aposta sua?
O meu business plan, desde o início, passou pela conquista do mercado nacional e internacional. Algumas marcas procuram primeiro a consolidação da marca no mercado nacional e só depois o internacional… Mas, diferentemente, a minha aposta sempre foi conquistar os mercados da forma mais rápida possível. E, portanto, nunca optamos por segmentar os mercados por fases. As perspectivas e o acolhimento das coleções nos diferentes países são de crescimento e muito animadoras. Queremos estar presentes em todos os países e o mais depressa possível, mas sempre numa perspetiva duradoura e de sucesso. Nunca avançamos para um novo projeto ou para um novo país sem termos a certeza absoluta de que a nossa coleção e as nossas lojas serão rentáveis e um sucesso de vendas.
Como define a mulher portuguesa a nível de visual?
A mulher portuguesa, atualmente, é admirada pelo mundo todo… A mulher portuguesa acompanha as tendências internacionais de moda, é exigente no seu look diário, cuida da sua forma física e da sua saúde, e é extremamente vaidosa se sabe que tem de impressionar ou criar boa impressão junto de alguém. Felizmente, a portuguesa percebeu que ao investir na sua aparência exterior, não só faz um investimento pessoal no seu guarda-roupa, como também cuida da sua auto-estima e confiança, melhorando enquanto pessoa. Portanto, é uma mulher consciente de que, com uma auto-estima elevada e com o look adequado para cada situação, supera qualquer dificuldade, pessoal e/ou profissional.
Este é um sonho de criança que vê cumprido?
Sem dúvida… quando era criança o fascínio de olhar as montras das lojas fez nascer o sonho de um dia ter a minha própria loja… Não tinha que ser com o meu nome, mas tinha era que ser a minha loja e com a minha coleção. Sou uma mulher perfecionista e não acredito em coisas impossíveis de realizar. Felizmente, o sonho de ter a minha coleção e a minha loja já se cumpriu há algum tempo. Esse foi, sem dúvida nenhuma, o projeto com o qual sonhei mais e o mais difícil de concretizar. Mas como esse sonho já está realizado, agora os meus sonhos são cada vez mais elevados e ambiciosos… Sem nunca tirar os pés do chão!
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