Vai viajar para uma zona afetada pelo vírus Zika? A primeira coisa a fazer é confirmar online se está ativo no seu país de destino. A segunda é marcar uma consulta do viajante. «Nestas consultas, dão-se instruções e prepara-se o viajante para poder lidar melhor e proteger-se contra, por exemplo, as picadas dos mosquitos», explica Jorge Atouguia, médico especialista em doenças infecciosas e medicina tropical e presidente da Sociedade Portuguesa da Medicina do Viajante.
«No caso de a pessoa achar que foi picada em zona de transmissão do vírus, é essencial que volte a fazer a referida consulta e deve ser observada e seguida, mesmo que não apresente quaisquer sintomas. Se um casal pretende ter um filho, tanto no caso do homem como da mulher, deve também voltar a fazer a consulta», refere ainda o especialista.
Durante a estadia, tome medidas de proteção contra a picada de mosquitos. Utilize repelente (exceto em bebés com menos de 3 meses, grávidas e crianças apenas mediante aconselhamento de profissional de saúde), reaplicando de quatro em quatro horas. Se usar protetor solar, aplique-o antes do repelente.
Durante o período fora, vista tons claros e opte por roupas largas e que cubram o máximo possível do corpo. Dê preferência a alojamentos com ar condicionado e/ou durma sob uma rede mosquiteira. Adote sempre medidas de proteção sexual, nomeadamente, o uso do preservativo.
O caso das grávidas e dos doentes
Se está grávida, deve saber que, neste momento, a Direção-Geral da Saúde não aconselha a deslocação para zonas afetadas. No caso de sofrer de uma doença crónica grave ou ter o sistema imunitário comprometido, obtenha aconselhamento junto do seu médico assistente sobre as medidas específicas a tomar relativas à sua doença.
As viagens para a Europa também exigem cuidados?
«Não vou viajar para fora da Europa, devo proteger-me?» é a pergunta que muitos passageiros fazem nestes primeiros meses de 2016. Sim, se o seu parceiro regressou recentemente de um país endémico e se o seu parceiro tem sintomas. Além disso, deve utilizar preservativo nas relações sexuais durante seis meses. Se o seu parceiro não tem sintomas, utilize preservativo nas relações sexuais durante 28 dias.
Não é a resposta se não tem um parceiro regressado de um país de zona endémica. Mesmo viajando para zonas da Europa onde se sabe existir mosquitos do género Aedes (como a Ilha da Madeira, regiões do sul de França e da Itália, nomeadamente junto ao mar Adriático), até ao momento, não são conhecidos casos autóctones no continente europeu, nem estão indicadas medidas de prevenção.
«A quantidade de mosquitos tem-se mantido extremamente baixa na Europa, pelo que, actualmente [fim do primeiro trimestre de 2016], não é considerada uma área de transmissão do vírus», justifica Jorge Atouguia. Para conhecer a lista dos principais países já afetados pelo vírus Zika e para saber mais sobre a doença que está a pôr o mundo em estado de alarme, clique aqui.
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Os sintomas a que deve estar atento durante e depois da viagem
Se viajou para um dos países afetados, seja vigilante. Entre três a 12 dias após a picada, podem surgir sintomas semelhantes aos da «doença pelo vírus do dengue, com febre, dores musculares e articulares e dores de cabeça. Não existem problemas hemorrágicos, na infeção por vírus Zika, mas podem ainda surgir adenopatias, exantema e conjuntivite», afirma Jorge Atouguia.
No entanto, cerca de 80% das infeções não revelam sintomas, segundo a Direção-geral da saúde. Entre dois a sete dias é o tempo durante o qual se mantêm, normalmente, os sintomas e 10% a 15% é a probabilidade de contrair o vírus nas zonas endémicas, se seguir todas as medidas de prevenção.
Texto: Vanda Oliveira, Carlos Eugénio Augusto e Luis Batista Gonçalves (edição internet) com Jorge Atouguia (médico especialista em doenças infecciosas e medicina tropical e presidente da Sociedade Portuguesa da Medicina do Viajante)
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