Figura incontornável da época dos Descobrimentos, o Infante D. Henrique nasceu no Porto, mas foi em Sagres que se fixou por volta de 1417, pouco após o seu regresso de Ceuta. Mal sabia ele que, ao escolher esta pequena vila portuguesa do concelho de Vila do Bispo, nunca mais a abandonaria. Fundador da Escola de Sagres, uma uma escola náutica que alegadamente teria formado grandes navegadores, é uma das figuras icónicas da cidade. Além de ter uma estátua no centro da vila, é também ele que surge no painel de azulejos que recebe os hóspedes que pernoitam na remodelada Pousada de Sagres.
Mas mais impressionante é o busto de mármore do polémico empreendedor realizado por João Cutileiro que ocupa discretamente um dos recantos do piso térreo da unidade hoteleira de quatro estrelas, surpreendendo pelos traços, pela cor e pela expressão. Construída sobre um promontório, debruçada sobre o Oceano Atlântico, a unidade hoteleira da rede Pousadas de Portugal tem uma vista privilegiada para a Fortaleza de Sagres, o mais famoso e visitado monumento do Algarve, mas também para o farol do Cabo de São Vicente, outra das principais atrações da zona, a par das praias com areais a perder de vista.
Desenhada pelo arquiteto José Segurado, foi inaugurada em 1960, nas comemorações dos 500 anos da morte do Infante D. Henrique, mas nas últimas décadas já sofreu várias intervenções de alargamento e de melhoramento para se adaptar às necessidades do mundo moderno. Ainda assim, esta pousada, localizada a poucos metros da Praia da Mareta, continua a assumir-se como um espaço orgulhoso do seu passado, decorado com mobiliário clássico e peças decorativas que evocam todo o esplendor da epopeia das descobertas, como é o caso dos cadeirões com mapas de rotas marítimas, os candeeiros com o símbolo da Ordem dos Templários, os globos geográficos ou os muitos quadros com barcos e motivos marítimos.
Outro dos destaques da principal sala de convívio comum, junto ao bar e à lareira que nos meses de inverno aquece o ambiente e a alma dos que a ela se abeiram, são as imponentes tapeçarias Cândido Costa Pinto, um importante artista gráfico e pintor português, um dos grandes nomes do surrealismo português, que em 1931 fundou o Grupo dos Divergentes e em 1947 foi um dos principais impulsionadores da formação do Grupo Surrealista de Lisboa, antes de participar na Exposição do Mundo Português e de vencer um Prémio Souza-Cardoso em 1951.
O peso da história e do passado é uma constante mas não se sobrepõe ao conforto e à contemporaneidade dos dias que correm. Convivem tranquilamente, tornando a Pousada de Sagres num cenário idílico para momentos de lazer e evasão, longe da habitual confusão e da tradicional enchente que muitos associam ao Algarve nos meses de maior calor. Das varandas dos quartos com vista para o mar, depois de um revigorante mergulho na piscina ou de um momento de descontração no terraço, pode assistir a um pôr do sol inesquecível, que há quem diga que é o melhor de todo o Barlavento Algarvio.