«O cravo depois de seco/senefica amor perdido/ainda que creira não posso/tirar de ti o sentido» escreveu um dia uma mulher perdida de amores.
Esta é uma das quadras bordadas numa das peças que integram a XV Exposição de Lenços de Namorados, organizada pelo espaço cultural A Arte da Terra, localizado junto à Sé de Lisboa.
Promovida em parceria com a Aliança Artesanal e com o município de Vila Verde, a mostra inclui lenços bordados e peças inspiradas nesta tradição. A sua história remonta ao tempo dos salões senhoriais dos século XVII e XVIII, onde jovens educadas, prendadas, bordavam os seus sentimentos, com talento e rigor, na esperança de encantar os jovens amados a quem se destinavam os seus dizeres. Com os conhecimentos de ponto de cruz adquiridos durante a infância, as moças em idade casadoira bordavam o seu lenço com as quadras e as simbologias que brotavam da sua imaginação.
Nos trabalhos que desenvolviam, estavam presentes valores que eram caros a jovens em idade de casar, tais como a fidelidade, a dedicação, o amor ou a amizade. Nos últimos anos, estes lenços inspiraram diversos estilistas portugueses, como foi o caso de Nuno Baltazar e de Filipe Faísca, convidados pelos promotores a iniciativa a marcar presença na exposição, que também inclui peças de cerâmica inspiradas nos lenços de namorados.
A mostra, que inclui dezenas de exemplares de lenços dos namorados, «autenticas obras de arte (de bem bordar)», como descreve a organização, está patente ao público no espaço dedicado à cultura portuguesa que A Arte da Terra gere, localizado na Rua Augusto Rosa, número 40, em Lisboa, até ao dia 3 de março de 2013. Pode ser visitada diariamente das 11h ás 20h. A entrada é gratuita.
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