Do realizador Luís Filipe Costa e do produtor Vasco Rosa, chega-nos uma curta-metragem que vem reforçar o valor do cinema português.

As revistas Secrets e Estética Viva estiveram na antestreia mundial desta curta, nas Portas do Sol, em Lisboa, e revelam alguns pormenores desta história repleta de sentimentos contidos, emoções e poesia, que nos prenderam ao ecrã do início ao fim.

A história

Uma história apaixonante entre duas personagens (ele e ela) que não conseguem exprimir os seus sentimentos. A acção decorre nos anos 20. Ela é uma mulher sonhadora que, no fundo, não quer crescer, mas escreve cartas para transmitir os seus sentimentos pela pessoa amada. Ele é um jovem rico que perdeu parte da família (pai e irmão mais velho) na 1ª Guerra Mundial e, basicamente, vive com a mãe numa casa vazia onde encontra uma máquina de escrever, que vai usar para tentar exprimir os seus sentimentos amorosos.

Tímidos, não conseguem ultrapassar a dificuldade que têm em comunicar com as pessoas de quem gostam. Mas, por um segundo, as suas vidas vão-se cruzar. Eles não se conhecem, mas no final, depois de se terem expressado e libertado através do papel, numa bela tarde de Verão em pleno jardim verdejante, vão passar um pelo outro, trocar um olhar e seguir as suas vidas. A química que sentiram nunca será explorada pois nenhum deles terá a coragem necessária para dar o primeiro passo. Uma história que podia muito bem ser a sua.

Equipa

Por ser uma produção nacional é sempre bom recordar os nomes daqueles que lutam por valorizar o cinema português. Esta curta-metragem contou com a valiosa participação de Vasco Rosa (produtor e actor), Eduardo Rosa (produtor executivo), Marta Soares (chefe de produção), Ana Rita Braz (assistente de produção), Luís Filipe Costa (argumento, realização e música), Miguel Munhá Fernandes (Assistente de Realização), Tiago Pereira (anotador), Eunice Correia (actriz), Miguel Godinho (director de fotografia), Pedro Cardita (operador de câmara), Bruna Galveias (montagem), André Valverde (teaser), Bernat Rebes (violino), André Tavares (técnico de som), Vanessa Faria (maquilhagem), Tita Martins (cabelos), Olga Amorim (guarda-roupa), Kat V. (fotógrafa de cena) e Carlos Mendes (assistente de fotografia de cena).

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Review

Uma curta-metragem, que se enquadra no género do drama/romance, onde não existem diálogos entre os personagens. O que escutamos é em off mas os sentimentos, a paixão e a dificuldade que ambos têm em entregar-se aos respectivos amores está bem presente.

Uma história de amor e de entrega. No início da curta sente-se a tensão que surge quando as cartas são escritas, pois essa é uma entrega que custa a fazer a ambos. Depois acontece um momento de libertação total em que os personagens se sentem livres daquele processo difícil que foi dizer ao outro aquelas palavras poéticas carregadas de sentimentos.

As personagens estão ambas apaixonadas, mas não um pelo outro visto que não se conhecem. Eles estão apaixonados por alguém que crêem ser a sua cara-metade. No entanto, fica no ar que se estas personagens se conhecessem provavelmente seriam o par ideal.

Mas para duas pessoas com dificuldade em se exprimir é sempre complicado aquele momento inicial. Se as personagens se chegassem a conhecer poderiam ser almas gémeas, mas isso nunca vai acontecer. É aqui que a história está associada a um pequeno fatalismo. Eles nunca se poderiam conhecer pois são duas pessoas que não se entregam ao amor. Nenhum deles daria aquele primeiro passo. O olhar (primeiro e único) que é captado no final da curta é precisamente o reflexo deste sentimento.

Não podemos ainda deixar de fazer referência ao solo de violino que encaminha a história de um ponto de tensão para um ponto de libertação e ao peso das emoções que movem e caracterizam os personagens. Em suma, o interesse está na quantidade de vezes que esta situação, que é intemporal e pode acontecer nos anos 20 ou hoje mesmo, já se terá verificado na vida real.

A não perder esta curta-metragem que vem redefinir a palavra arte.

Agradecimentos: ByronProduções, SintraCine, Vasco Rosa