A obra remata a ala poente do Palácio da Ajuda, para mais tarde receber um novo espaço museológico. O núcleo central deste edifício, que se apresenta com uma estrutura em vidro atravessada por lâminas verticais, irá ter uma caixa-forte com 40 metros de comprimento, dez de altura e dez de largura, três pisos e duas portas em aço, com cinco toneladas e 40 cm de espessura cada. É aqui que está a ser instalado o futuro Museu do Tesouro Real, onde poderá ser visitada a exposição permanente de um acervo de valor histórico, artístico e cultural em coleções de ourivesaria e joias da antiga Casa Real, cujo restauro das peças está a cargo dos técnicos do Laboratório José Figueiredo.
A exposição permanente do futuro Museu do Tesouro Real foi pensada em 11 núcleos, numa abordagem aprofundada sobre a origem e percurso das peças que os compõem.
O primeiro núcleo da exposição é denominado “Ouro e diamantes do Brasil”, onde é apresentada uma amostra de exemplares em bruto dos metais e das gemas que simbolizam dois importantes monopólios da Coroa, a extração de ouro e de diamantes no Brasil. No segundo núcleo, onde se expõe parte selecionada do conjunto de “Moedas e medalhas da Coroa”.
No terceiro núcleo são apresentadas as “Joias” que compõem o acervo do PNA. Provenientes da joalharia antiga pertença da Coroa, ou seja, do Estado e as joias provenientes das antigas coleções particulares de diferentes membros da família real.
O quarto núcleo é dedicado às “Ordens Honoríficas” e reúne um conjunto ímpar a nível nacional, testemunho secular das intensas relações internacionais da corte portuguesa e da importância histórica destes instrumentos de soberania e diplomacia. O quinto núcleo apresenta as “Insígnias Régias: Objetos Rituais da Monarquia”, com a exibição de algumas das mais simbólicas e valiosas joias da Coroa, como as condecorações ricas das Três Ordens Militares – Cristo, Avis e Santiago –, a coroa real, os cetros, e os dois mantos subsistentes.
O sexto núcleo é dedicado aos objetos de uso civil em prata lavrada de diferentes centros de produção, com destaque para um conjunto muito expressivo, a “Prata de Aparato da Coroa” com salvas e pratas portugueses quinhentistas. Segue-se o sétimo núcleo que remete para as antigas “Coleções Particulares do rei D. Fernando II” e do seu filho, D. Luís I, com outras reputadas peças de prata de uso civil.
O oitavo núcleo é dedicado às “Ofertas Diplomáticas” decorrentes da diplomacia ao longo dos séculos. Os cerimoniais religiosos são evocados no nono núcleo dedicado à “Capela Real”, com uma seleção de alfaias litúrgicas e paramentos, dos muitos que antigamente integraram o património da Coroa.
O décimo núcleo é dedicado à “Baixela Germain”, assim designada por ter sido encomendada ao ourives François-Thomas Germain após o Terramoto de 1755. Conjunto de referência da ourivesaria francesa de setecentos a nível internacional pela qualidade e raridade. O último núcleo, “Viagens do Tesouro Real”, pretende dar a conhecer a mobilidade do tesouro que estava em regra junto ao rei.
A primeira pedra do Palácio Nacional da Ajuda foi lançada, a 9 de novembro de 1875, pelo Príncipe Regente D. João.
As obras iniciadas em 1875, com um projeto do arquiteto Manuel Caetano de Sousa segundo uma estética barroca, foram interrompidas pouco tempo depois e reiniciadas em 1802, após a sua morte, segundo um projeto dos arquitetos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, mais moderno, já com uma estética neoclássica, expressão arquitetónica dominante nessa época na Europa.
Em 1807, com as invasões francesas, a obra é de novo interrompida e posteriormente retomada tendo António Francisco Rosa assumido a condução dos trabalhos em 1818. O Palácio que, a ser construído conforme projeto inicial, seria um dos maiores da Europa e do Mundo, viu a sua dimensão reduzida para um só pátio, tornando-se a fachada nascente a fachada principal.
Apesar das inúmeras tentativas que se fizeram, durante o século XIX e século XX, com vários projetos de remate ao longo de mais 200 anos, só em 2016 se iniciou finalmente o projeto e as obras necessárias ao remate poente do Palácio Nacional da Ajuda para instalação do Museu do Tesouro Real, numa parceria que envolveu o Ministério da Cultura / Direção Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Lisboa e a Associação de Turismo de Lisboa.
O atual projeto de arquitetura é da responsabilidade da Direção Geral do Património Cultural (arquiteto João Carlos Santos) e o de museologia e comunicação gráfica da "Providência Design". A gestão e implementação da obra está a cargo da Associação Turismo de Lisboa, por incumbência da Câmara Municipal de Lisboa
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