Patente até 29 de setembro, a mostra agrega mais de oito dezenas de peças que a artista criou em 2018, ano em que se estreou no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, e depois no Museu do Chiado, em Lisboa, já em 2019.

Este “olhar muito particular sobre a humanidade”, segundo a apresentação da exposição, resulta em obras “grandemente comprometidas com a sociedade contemporânea”, com rostos e figuras que exploram as muitas expressões humanas.

“O enfoque desta nova série está uma vez mais na figura humana e a sua condição. Os seus protagonistas são as vítimas desta convulsão global, são os milhares de migrantes e refugiados que deixaram a sua casa e o seu país e caminham empurrados para um futuro incerto, fugindo da fome, da pobreza, das guerras, da violência e da morte”, pode ler-se no texto de apresentação da exposição.

As personagens retratadas por Graça Morais aparecem “isoladas ou em grupo”, com formas “animalescas ou mutantes”, e a ambiguidade das figuras associa-se a “referências, disposições e gestos universalmente reconhecíveis”, do lado político à “humilhação de um grupo de homens alinhados contra um muro”.

A acompanhar a exposição curada por Jorge da Costa está um livro homónimo, publicado pela editora Guerra & Paz e que reúne “82 imagens e quatro ensaios, da autoria de Jorge da Costa, Emília Ferreira, Raquel Henriques da Silva e Jeanette Zwingenberger”.

Nascida na aldeia de Vieiro, no concelho transmontano de Vila Flor, em 1948, Graça Morais viveu em Moçambique no final dos anos 1950 e estudou Pintura na Escola Superior de Belas Artes do Porto.

Entre os seus primeiros professores contam-se os artistas Ângelo de Sousa, José Rodrigues e Tito Reboredo, e, nos anos 1960 e 1970, foi influenciada pelos pintores Marc Chagall e Van Gogh.

Em 1975, com oito artistas e um crítico de Arte – Albuquerque Mendes, Armando Azevedo, Carlos Carreiro, Dario Alves, Fernando Pinto Coelho, Gerardo Burmester, Jaime Silva, João Dixo e Pedro Rocha – Graça Morais fundou o Grupo Puzzle.

Entre 1976 e 1978, viveu em Paris como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e estudou sobretudo a obra de Picasso, Matisse e Cézanne. Nesse último ano de permanência na capital francesa, expôs no Centro Cultural Português da cidade.

Regressada a Portugal, viveu em Lisboa, onde trabalhou sobretudo as formas e os materiais do nordeste transmontano, as suas raízes, desenvolvendo uma intensa reflexão sobre esse tema na sua obra.

Atualmente vive entre Lisboa e Vieiro, e tem sido homenageada com mostras antológicas em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente em Guimarães, em 1993, em Lisboa e Porto, em 1997, e em Aveiro, em 2003.

Em 2008 foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, em Bragança, num projeto de reabilitação de um solar setecentista da autoria de Eduardo Souto de Moura.