A equipe do projeto «INVASOR», do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, publicou um guia prático que ajuda a identificar as plantas invasoras de Portugal. O livro é resultado de um grande esforço internacional para divulgar informações de excelente qualidade sobre esta problemática tão importante. A invasão biológica por espécies exóticas, que ocorre em todo o mundo, é um processo que pode ser visto cada vez mais em Portugal e em proporções «completamente alarmantes», alerta Rosie Peddle da Mediterranean Gardening Association.

«Em causa está a biodiversidade e serviços ambientais globais que sustentam a vida no nosso planeta. E, no entanto, o mais grave é que são estes que causam o problema, muitas vezes sem perceber. Temos de aprender a identificar essas espécies, para entender o que elas representam, e fazer todo o possível para não piorar o problema», defende ainda esta responsável ligada à associação, que centra a sua acção nos jardins mediterrânicos.

«Em Portugal, muitas das espécies que se comportam como invasoras hoje foram introduzidas em tempos passados com os objetivos que há muito que deixaram de ser relevantes», considera. Para o controle de erosão de dunas de areia, foi usado o Carpobrotus edulis ou chorão-das-praias. Para a estabilização de taludes e madeira, a opção recaiu sobre a Acacia dealbata, a Acacia mearnsii, a Hakea salicifolia e a H. Sericea e a Phytolacca americana. A Cortaderia Selloana, usada como planta ornamental, também integra a lista.

Erradicação difícil na maioria dos casos

Além dessas introduções intencionais, outras ocorreram acidentalmente, mas com consequências igualmente graves. «Os problemas causados por espécies invasoras são particularmente graves, porque essas espécies são uma ameaça que pode ser irreversível, por exemplo. Após a reprodução, dispersão e posterior adaptação, o controle torna-se problemático e a erradicação muito difícil ou mesmo impossível em muitos casos», refere Rosie Peddle.

O centro de Coimbra desenvolveu, nos últimos anos, estratégias para o controlo e destruição de algumas espécies invasoras. «Por exemplo, a melhor maneira de controlar a Acacia dealbata não é cortá-la para baixo, mas tirar a camada de casca exterior a toda a volta do tronco principal da árvore a altura de cerca de 30 centímetros», esclarece a responsável da Mediterranean Gardening Association. Este organismo promove regularmente fins de semana especiais direcionados para todos os interessados em participar nessas actividades.

«Isso inclui recolher e eliminação de enormes pilhas do terrível Carpobrotus edulis no topo da falésia», informa Rosie Peddle. «As plantas invasoras são uma das muitas ameaças à biodiversidade natural em especial no Algarve, mas esta é uma luta em que todos podemos desempenhar um papel ativo. Para isso, é importante conhecer a lista de plantas proibidas, encontrar alternativas e plantar com sabedoria para o bem-estar futuro desta zona muito especial da Europa», diz ainda.