Uma vez decretado o Estado de Emergência, Miguel Furtado Martins, psicólogo forense de formação e apaixonado pela Fotografia, viu-se confinado entre a casa e o trabalho, em circunstâncias que despertaram inevitavelmente o seu interesse por registar o que estava a viver e a ver viver.
Na génese deste projecto esteve a necessidade em fixar e relatar, através da lente da sua objetiva, a vida ‘vivida’ em tempo de emergência no lar residencial onde trabalha e onde vivem 63 pessoas, cuja média de idades ronda os 90 anos.
Mesmo em tempos ditos normais, a vida num lar residencial sénior está sujeita a múltiplos constrangimentos, que serão tanto maiores e diversificados, quanto maior for o número dos seus residentes e mais avançada a sua idade.
Quem era cuidado e quem cuidava, como eram cumpridas as rigorosas exigências estabelecidas, os comportamentos, os gestos, a solidão, são os sentimentos expressos em retratos crus que são também testemunho de um período da História deste século XXI.
Cada imagem captada é um registo que documenta a realidade que estava à frente da objetiva, um dos mais difíceis e dolorosos períodos da vida deste lar residencial, que a COVID-19 veio perturbar de forma brusca e cruel.
Miguel Furtado Martins nasceu em Lisboa, em Setembro de 1990. Estudou e formou-se em Psicologia Forense e da Exclusão Social, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT). Realizou o estágio curricular no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária de Lisboa (EPPJ) e o estágio profissional na ASAS - Associação para Serviços de Apoio Social, onde atualmente exerce funções.
A fotografia surge-lhe como meio privilegiado de expressar e comunicar. É na rua que encontra a inspiração, procurando registar momentos simples e espontâneos da vida quotidiana, utilizando, maioritariamente, uma composição minimalista e uma narrativa livre.
“Fotografia em Tempo de Emergência” valeu a Miguel Furtado Martins um prémio do concurso Corona Call 2020, projeto de Sana Sanaa – Diálogos Interculturais sobre Arte, que conecta Nairóbi e Berlim.
“Efemeridade - Percursos do Quotidiano” e “Regresso às Origens - aproximação da fotografia à pintura” são outros dos seus projectos.
A exposição “Fotografia em Tempo de Emergência” está patente no Museu do Oriente até 15 de novembro e tem entrada gratuita.
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