Foxtrail pode ser um nome que, por agora, ainda não lhe diga nada, mas a expectativa é que em breve, e à semelhança de outros países, se possa vir a tornar num fenómeno. Se viajarmos até à Suíça a realidade é bem diferente. Se perguntar a alguém se já ouvir falar na Foxtrail, é provável que a maioria lhe responda que sabe perfeitamente do que se trata e que já teve contacto com esta marca que chegou a Portugal no final de 2021, em modo de soft opening.

“Há um motivo cultural. Os suíços são muito propensos a fazer atividades de grupo em ambiente outdoor. Fazem durante a semana e fim de semana, mas também porque é uma atividade muito distinta”, afirma André Jacques durante a apresentação à imprensa. Então, mas o que é a Foxtrail que já conquistou três milhões de pessoas em todo o mundo? O responsável pelo projeto em território português explica. “É uma aventura com desafios, com enigmas que transformam o local – seja uma cidade, uma vila ou uma aldeia – num campo de jogo. Requer inteligência e este espírito de missão é impreterível.”

Um jogo que junta cultura, passeios ao ar livre, inteligência e alguma atividade física

Toda a história que se preze tem sempre um herói e um vilão. E o mesmo se aplica a todas as missões da Foxtrail que primam pela mesma narrativa: os participantes, em conjunto com dois agentes secretos da The Sphinx Foundation – o morcego Herbert e o raposo Tripa - vão tentar salvar o património cultural e histórico portuense das mãos do espião e vilão Grimbart, dono da GLOOM (Global Leadership of Obscure Marauders), que quer roubar e destruir a cidade.

Este é o ponto de partida da cada uma das quatro missões que foram desenhadas de forma a terem características únicas. Em primeiro lugar, pelos diferentes efeitos especiais integrados em cada um dos percursos. Em segundo, o facto de estimularem a inteligência dos participantes através de jogos, adivinhas e códigos secretos ao mesmo tempo que promovem a atividade física,  uma vez que são feitas a pé. E por último, por querer surpreender os habitantes locais e permitir que, também eles, possam partir à aventura dentro da sua própria cidade e descobrir locais secretos. Um desses exemplos é a Araujo & Sobrinho.

“Hoje em dia todos sabemos o que é um hotel, mas já se esquecemos que é uma papelaria histórica do Porto. Ninguém visita [este local] pela papelaria e pelos produtos incríveis que tem, portanto fizemos questão que as pessoas fossem conhecer a Araujo & Sobrinho”, refere em entrevista ao SAPO Lifestyle sobre uma das valências desta marca, fundada há 20 anos, na Suíça, e já está presente em cidades como Londres, Paris, Berlim, Helsínquia, Roma e Nuremberga. “As pessoas têm que conhecer um pouco daquilo que é a cidade e que esperam conhecer numa cidade, sobretudo pensando em quem vem de fora. Mas temos que as trazer para outros sítios que ninguém conhece e temos que as surpreender dessa forma. Idealmente, poderiam ser sítios até que não são acessíveis a ninguém por outra forma.”

O jogo, que está disponível oficialmente em território português desde dia 22 de março, conta com quatro missões: The Hidden Valley, The Secret Garden, The Lisbon Friends e From Dogs to Trams. Independentemente da rota escolhida, graças às parcerias estabelecidas com alguns dos locais mais emblemáticos do Porto, onde se incluem restaurantes, monumentos e lojas, os participantes são convidados a descobrir o comércio local e a interagir de forma única com edifícios centenários que vão encontrar ao longo do seu percurso. “Acima de tudo, [o Foxtrail] também nos ajuda a dessacralizar alguns ícones, monumentos e marcos da cidade. Como é possível, de repente, estarmos na Torre dos Clérigos e jogarmos com ela? Ou com o edifício do Coliseu ou com o Bolhão?”, salientou durante o evento.

Um jogo que incentiva ao detox digital e a aproveitar o momento

Assim que chegam ao ponto de partida e acedem ao site da Foxtrail, os jogadores são recebidos com uma mensagem de boas-vindas onde ficam a conhecer mais detalhes sobre a sua missão que deverá ser realizada em grupos de sete a duas pessoas. Os mais pequenos também são bem-vindos, sendo aconselhável a crianças com mais de cinco anos.

Cada uma das missões pode ser realizada 100% com recurso a um smartphone ou apenas com o auxílio de instruções em papel entregues no momento da partida e que vão funcionar como guião desta aventura. Contudo é necessário que, pelo menos, um dos elementos tenha um smartphone de forma a iniciar e finalizar o jogo através da leitura de um QR Code e ainda conseguir resolver alguns dos desafios que os esperam. A decisão fica ao critério do grupo, ainda que para André Jacques esta seja a oportunidade para os participantes saírem do sofá, desconectarem-se do mundo digital e aproveitarem a vida offline com quem mais gostam.

As restantes pistas podem ser encontradas ao longo do percurso percorrido que poderá conter entre 15 a 25 pontos de interesse local, sendo que a duração é variável. Os mais curtos podem ser completados entre 90 e 120 minutos (adultos: 14 euros/ crianças: 9 euros) e os mais longos entre 120 e 180 minutos (adultos: 19 euros/crianças: 12 euros). “Isto é um jogo, por isso, as pessoas podem demorar mais tempo, podem parar em sítios que lhes interessa ficar, que lhes interessa almoçar. Portanto podem fazer ao seu próprio ritmo e estar um dia todo nisto”, refere em entrevista.

A expansão (inevitável) para outras zonas do país

Seja em contexto escolar, empresarial ou familiar, as exteriências da Foxtrail podem ser realizadas por pessoas de todas as idades. O único requisito é que sejam adeptas de atividades ao ar livre, tenham espírito aventureiro, gostem de trabalhar em equipa e de se por à prova com um bom desafio. Não fosse o seu lema “Play. Think. Move.” (Brinca. Pensa. Move.)

Ainda que as suas missões estejam centradas no centro histórico da cidade de forma a atrair mais visitantes e fomentar o comércio local, o objetivo é alagar a sua oferta para outras áreas não turísticas da zona Norte. “Este ano ainda queria montar mais duas missões no Porto. Aliás, elas já estão desenhadas, com um parceiro grande da cidade, e só nos falta fechar esse acordo e expandir. Ou seja, já não serão no centro histórico, já vão ser noutra parte da cidade, vão incluir, se calhar, uma visita a um museu, e dentro do museu fazer uma experiência destas, e levar depois para outros sítios”.

Arouca, Braga e Guimarães são algumas cidades de interesse para a marca que também tem na mira a capital, que considera uma ser excelente aposta para as missões da Foxtrail. Mas para que isso aconteça, é necessário ganhar alguma experiência e assegurar a sua operacionalidade numa cidade com as suas dimensões. “Quando sentirmos confiança, Lisboa evidentemente é um mercado que temos a certeza que vai ser incrível”, conclui.