Foi batizada de Terra Fresca e o seu principal foco de negócio são as hortas sustentáveis. A ideia nasceu em Coimbra, em 2013. Foi um processo germinativo compassado, tal como sucede na natureza. A cada dia foram-se arrumando ideias e construindo o conceito, dando conteúdo à sustentabilidade e definindo os compromissos a estabelecer com a comunidade. A empresa inaugura um modelo inovador, que prevê a prestação de um serviço de gestão sustentável de hortas, permitindo que os parceiros, empresas, famílias e cidadãos, possam conciliar a atividade de produtor responsável com o tempo disponível.
O objetivo é promover a qualidade alimentar, a produção e o consumo local e responsável, segundo modos de produção ambientalmente exigentes, com critérios de design e excelência paisagística, traduzindo-se no aumento da diversidade biológica. O projeto privilegia parcerias com instituições de solidariedade social e, nesse âmbito, foi já possível celebrar uma parceira com a Graça de São Filipe, sediada em Bencanta, que assume um caráter estratégico.
A forma como esta instituição particular de solidariedade social (IPSS) recebeu o projeto constituiu um incentivo e permitiu acelerar o seu desenvolvimento. A Terra Fresca interpreta de forma global os quatro pilares da sustentabilidade (económico, social, ambiental e institucional) e pretende colocar ao dispor dos cidadãos, das famílias e das organizações, entre as quais as empresas, um conjunto de serviços que lhes assegure a concretização da responsabilidade social.
Assim sendo, conceberam-se várias modalidades:
- Modalidade 1 (dedicação total)
Neste regime cabe ao parceiro realizar todas as tarefas inerentes à atividade hortícola.
Modalidade 2 (dedicação regular)
Neste regime, o parceiro define, com a Terra Fresca, as culturas, cabendo a esta a realização de todas as tarefas, da fase da sementeira e/ou da plantação à colheita.
Modalidade 3 (dedicação moderada)
Neste regime, o parceiro define, com a empresa de Coimbra, as culturas, cabendo a esta a realização de todas as tarefas, da fase da sementeira e/ou da plantação à colheita, incluindo a entrega dos produtos.
Modalidade 4 (empresas)
Neste regime, o parceiro define, com a Terra Fresca, as culturas, cabendo a esta a realização de todas as tarefas, da fase da sementeira e/ou da plantação à colheita, incluindo a entrega dos produtos.
A Terra Fresca em números
A empresa de Coimbra conta com cerca de 55 parceiros, estando cerca de 190 indivíduos envolvidos no projeto, que já permitiu a criação de três postos de trabalho. Nos últimos anos, já foram cerca de 465 as crianças envolvidas em atividades pedagógicas e cerca de 2,5 toneladas de produtos hortícolas produzidos. Em termos operacionais, foram assinados cinco protocolos com diversas instituições particulares de solidariedade social.
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A opinião de quem já experimentou
A visão dos parceiros do projeto é uma boa forma de sentir o pulso da iniciativa da empresa. «O apoio técnico na horta é fundamental assim como a assessoria. Só deste modo se poderá garantir o sucesso das produções», refere António Santos, presidente da direção do Centro Cultura e Desporto (CCD) dos Trabalhadores da Segurança Social de Coimbra, hortelão desde julho de 2014. «É importante o apoio profissional na hora de escolher o que plantar, quando plantar e como gerir/tratar o terreno disponível, tudo na linha da produção biológica», diz ainda.
«A primeira razão que me levou a aderir a este projeto foi dar às minhas filhas a possibilidade de contactar com o meio agrícola, algo que não é fácil no centro da cidade. Já havíamos plantado aromáticas e morangueiros em vasos, para os ver crescer e para consumo. Mas a ida ao terreno é muito mais rica. Permite-nos passar tempo juntos, ao ar livre, conhecer (e consumir) uma maior variedade de vegetais, plantá-los e vê-los crescer», assegura Cláudia Nazareth, médica e horteloa desde maio de 2014.
«Por outro lado, temos à nossa disposição produtos de qualidade, sem aditivos ou pesticidas. Uma vez que somos nós a colhê-los, a adesão a novos sabores é sempre mais fácil porque é couve da nossa horta, que eu colhi! Estamos muito satisfeitos. A experiência de ter uma horta, estar ao ar livre, ver os legumes desenvolverem-se, colhê-los, prepará-los, armazená-los, tem corrido muito bem. Os nossos legumes são de grande qualidade, algo que foi percetível desde início. Conservam-se durante muito mais tempo e têm mais sabor», assegura a especialista.
Novos hábitos alimentares
Com a experiência, novos hábitos têm sido adquiridos. À mesa e não só! «Consumimos uma variedade maior de produtos hortícolas, alguns dos quais nem conhecíamos ou não sabíamos como preparar. As meninas ficam felizes por preparar as refeições com os legumes da nossa horta e ninguém recusa comê-los quando é hora da refeição! Temos todos aprendido imenso, embora haja ainda muito para aprender», sublinha ainda Cláudia Nazareth, que vê Sofia Franco, médica e horteloa desde setembro de 2014, corroborar a sua opinião.
«Estou a adorar a experiência. Consegui ainda envolver o meu filho e duas sobrinhas, acho que é uma mais-valia para a formação deles», conta. «É uma boa experiência. Pelas minhas raízes, pela natureza do projeto e pelo ambiente social que envolve», ilustra também José Gama, professor aposentado e hortelão desde abril de 2014. «Gratificante, saudável, e enriquecedora, [esta experiência] engloba as várias dimensões, nomeadamente em termos de bem-estar físico, psíquico, social e ainda espiritual pela partilha que promove com os que nos rodeiam no sentido solidário. Aconselho vivamente», desabafa Ricardo Santos, empresário e hortelão desde maio de 2014.
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A adaptação que a fase inicial exige
Os primeiros meses no terreno são estimulantes mas nem sempre fáceis. «A minha experiência na horta da Terra Fresca está a ser positiva, apesar desta parceria ter apenas seis meses», admitia na altura António Santos, outro hortelão amador. «É evidente que os primeiros meses são de adaptação e talvez não seja suficiente para mostrar a sua verdadeira rentabilidade mas eu acreditei no projeto e estou confiante que este modo de agricultura tem projeção num futuro próximo», admite.
«Só tenho coisas boas a dizer», refere também Joana Roque, que também se viu de repente a braços com uma nova realidade. «Adoro a minha horta, adoro colocar as mãos na terra, as conversas na horta, os conhecimentos que estou a adquirir», confessa. «Mas, principalmente, adoro ter a minha horta e colher o que semeei e tratei com tanto carinho e dedicação. E adoro a equipa. Fiz novos amigos!», assegura a conhecida autora de livros de culinária, horteloa desde agosto de 2014.
O balanço de quem já aderiu ao projeto é, de um modo geral, muito positivo. «Tem sido uma experiência muito positiva, quer em termos da qualidade dos produtos, do reencontro com sabores perdidos, do conhecimento de novas variedades, da aquisição de fundamentos (ainda muito precários) de horticultura, da alegria da partilha dos produtos com familiares e amigos, e do equilíbrio e bem-estar pessoal», explica Marta Pereira, médica e horteloa desde setembro de 2014.
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