Quase 250 empresas e centenas de artesãos, arquitetos e outros profissionais trabalharam na reconstrução da catedral, uma obra-prima gótica registada como património mundial da UNESCO.
A primeira fase incluiu a remoção de toneladas de escombros e foi prolongada devido aos transtornos causados pela COVID-19, à necessidade de garantir medidas de segurança no local e à descontaminação do edifício, em particular do chumbo do telhado, derretido durante o incêndio.
A etapa foi concluída em meados de 2021, a um custo de 150 milhões de euros.
As obras de restauro começaram pouco depois, tanto na catedral como nas inúmeras oficinas de artesãos que participaram de forma remota na reparação ou recriação de vitrais, pedras e na reconstrução idêntica da estrutura de madeira da nave e do coro.
Mais de mil árvores cortadas
A operação complexa, que terminou em março, exigiu a remoção de mais de mil árvores bicentenárias selecionadas nas florestas francesas.
A agulha projetada pelo arquiteto Viollet-le-Duc, do século XIX, que desabou com parte do teto, voltou a ficar visível em fevereiro.
No interior do templo, os especialistas aproveitaram para limpar paredes, vitrais, abóbadas e decorações. Esta etapa está quase concluída e permitiu à catedral regressar a uma luminosidade desconhecida na memória recente.
"É realmente maravilhoso, todas estas cores haviam desaparecido completamente. Estou a descobri-las agora", disse à AFP o vice-reitor de Notre Dame, Guillaume Normand.
O grande órgão, coberto de pó de chumbo, foi limpo e os 8.000 tubos remontados, um por um. A previsão é de que o ajuste dure seis meses.
No verão, deverão ser concluídas as obras dos tetos da igreja, do coro e da agulha, assim como o restauro dos pisos xadrez preto e branco e algumas obras no mobiliário de arte interior.
Um importante sistema de prevenção de incêndios também está a ser instalado.
Os vitrais de época, entre os quais destacam-se as três enormes rosáceas medievais, mostram agora uma luz filtrada.
Um concurso foi lançado para a criação de vitrais contemporâneos, que não serão instalados antes de 2026.
Prevê-se que o orçamento total para esta fase de reconstrução permaneça "abaixo" dos estimados 550 milhões de euros, segundo Jost.
O incêndio na catedral desencadeou um movimento de solidariedade em todo o mundo, resultando em 846 milhões de euros em doações, dos quais aproximadamente 150 milhões serão destinados ao restauro de partes exteriores erodidas antes do incêndio.
A partir do outono, a esplanada e as entradas da catedral serão desobstruídas e remodeladas, em colaboração com a Câmara de Paris, responsável pela reestruturação dos arredores de Notre Dame até 2028.
O reitor de Notre Dame, monsenhor Olivier Ribadeau-Dumas, estima que haverá "13 a 14 milhões" de visitantes anuais no futuro, em comparação com 12 milhões antes do incêndio.
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