Veio de visita a Portugal e ficou agradavelmente surpreendido com o que por cá encontrou. Thomas Morszeck, filho do empresário alemão Dieter Morszeck, foi o primeiro a perder-se de amores pelas paisagens da Vidigueira. Ficou de tal maneira encantado com o que viu que convenceu o pai a ir até lá. Pouco tempo depois, o executivo, que fez fortuna com a venda de malas de viagem Rimowa, um negócio fundado pelo avô, Paul Morszeck, em Colónia, em 1898, comprava a Quinta do Paral.

"O Alentejo é muito autêntico, é o Portugal puro. O povo, aqui, é um pouco lento, mas isso acaba por ser positivo. Aqui há uma vida boa, há tranquilidade", elogiou, em declarações exclusivas ao Modern Life/SAPO Lifestyle Dieter Morszeck. Depois da aquisição da propriedade, avançou de imediato para a construção de uma nova adega, começou a produzir vinho(s) e prepara-se agora para arrancar com as obras de construção de um hotel de luxo e de um restaurante.

O luxuoso refúgio com vista para a planície que soube preservar a tradição da arquitetura vernacular portuguesa
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"Os nossos hóspedes vão descobrir que o Alentejo é um sítio bom para relaxar, para comer uma boa comida, para beber um bom vinho, para conversar... Aqui, não há discotecas, só há terra. Esta região é muito parecida com a Toscânia [em Itália]. As pessoas vão poder ler um livro, vão poder comunicar umas com as outras. É um sítio tão puro que conseguimos perceber que as pessoas que vivem muito alegres. Não têm stresse", refere o empresário germânico. "Lisboa é uma cidade muito internacional e o Algarve tem um tipo de turismo muito diferente", considera o investidor.

O luxuoso e requintado Quinta do Paral Boutique Wine Hotel, que conta com 23 habitações, um restaurante de cozinha alentejana que terá a consultoria do chef José Júlio Vintém, uma piscina biológica, uma horta, um pomar, áreas ajardinadas e um espaço para eventos, representa um investimento de 6,5 milhões de euros. A futura unidade hoteleira, que pode ficar a conhecer na galeria de imagem que se segue, tem a abertura prevista, em regime de soft opening, no final de 2022.

Atrair hóspedes com um elevado poder de compra, habituados a deslocarem-se de helicóptero e em aviões privados, é a pretensão de Dieter Morszeck. E, apesar do interior do Alentejo, estar (muito) longe de ser um destino mediático, o empresário germânico está confiante. "Já vi aqui no Alentejo muitos franceses, que são pessoas que gostam muito de comer e beber bem e de viver. Isto vai ter futuro! Mas o Alentejo, na Alemanha, não é muito conhecido", reconhece, contudo.

"O vinho Mateus é bem conhecido por lá, o vinho verde do Douro também. Os vinhos do Alentejo quase ninguém os conhece, mas são uma surpresa. Aqui há muito mineral, há uma terra boa para o vinho. Eu estou muito feliz porque os vinhos velhos que estamos a produzir, os reserva, têm tido muito sucesso no exterior. Vão ser um sucesso", vaticina o empresário, um apaixonado por aviação, que em 2016 vendeu a Rimowa ao grupo LVMH, dono da Louis Vuitton.

"Vamos participar numa feira, na Alemanha, que reúne cerca de 7.000 produtores vinícolas do mundo inteiro. Queremos exportar o nosso vinho, que é um vinho bom, mas não queremos esperar muito mais tempo. Pretendemos desenvolver uma estratégia de marketing para chegar aos turistas internacionais. Os suíços vão ser bons clientes. Na Suíça, há pessoas muito stressadas. Aqui, vão poder relaxar", garante Dieter Morszeck, que até agora já investiu cá cerca de 7,8 milhões euros.