Em época de total desconforto económico
e social, resta entrar e trancarmo-nos na nossa zona, mais uma vez, de
conforto e puro relaxamento, vulgo o
jardim de nossa casa.

Respirar fundo,
e viver egoisticamente o nosso momento, preferencialmente
num espaço onde não queremos que a crise se instale sem ser
convidada, mesmo sabendo que este género de refúgios são
apetecíveis a um bom penetra.

Falo de santuários intimistas, verdadeiros éden de sedução
e provocação, que deixam no ar a dúvida sobre, qual o verdadeiro
espaço de estar. Será a casa, o jardim ou ambos?
Neste caso, o designer de exteriores João Marim começou
por assumir que o espaço destinado ao jardim deveria ser
um prolongamento da casa.

No entanto, ao se debruçar sobre
os desenhos e após assumir que, pelo facto do limite da vista
esbarrar noutras volumetrias, o jardim era o seu próprio limite,
chegou à conclusão que em causa não poderia estar uma mera
continuação da casa mas sim que jardim e casa deveriam ser
trabalhados como se de um único espaço se tratasse.

Assim, jardim e casa constituem um espaço único, íntimo e
confinado, em que a intervenção relevante passa por focar pontos
de interesse, o que se consegue criando espaços distintos,
através da utilização criativa do elenco vegetal, dos diferentes
níveis altimétricos, das texturas variadas, dos materiais inertes,
dos elementos escultóricos e/ou do mobiliário, que se evidencia
com água e luz. O resultado? Sensação de perspetiva, definição
de várias utilizações num só espaço e, sobretudo, resposta às
necessidades do cliente e a sua inteira satisfação.

Uma total integração entre o jardim e a casa e eis o conceito «Your garden is the new living room», onde se está em família, se entretêm convidados, se refugia, se aprecia refeições,
se contemplam momentos, e que se equipa com mobiliário
duradouro e confortável que convida a um imenso bem-estar.
É pois possível interligar duas vivências acolhedoras, a da casa e
a do jardim.


Veja a GALERIA DE IMAGENS DESTE PROJETO

 

Veja na página seguinte: As espécies botânicas e os materiais usados neste projeto

Jardim, casa ou ambos?

Entendendo o espaço como um só. O jardim existe na simplicidade
e conforto da casa. A área de acesso principal à casa é
evidenciada com maciços de Cyperus papyrus, onde um espelho
de água reflete luz que ao longo do dia provocará a ilusão
da mutabilidade das cores da vegetação.

O jardim como sala
exterior e complemento da vivência interior é composto por
gramíneas douradas que emolduram uma zona de deck sobrelevado
e onde assenta uma pérgola que confere àquele local um
sentimento de aconchego e intimidade.

Ainda no deck, sofás,
pufs, mesas e cadeiras encontram como pano de fundo o verde
intenso do Cupressus leylandii, cuja forma e folhagem sugerem
profundidade e suavizam a dureza dos limites ao mesmo
tempo que afastam possíveis olhares indiscretos.

Pavimentos

Em termos gerais, e sempre que são áreas de maior carga, no
sentido de unificação do espaço, optou-se por uma geometria
regular em lages de azulino de Cascais com acabamento
flamejado, cuja métrica é por vezes interrompida por pequenos
retângulos verdes.

Por outro lado, as áreas com maior usufruto de estadia,
como as destinadas a refeições ou simplesmente ao bem estar
são propostas em deck, uma vez que a sua textura e cor traduz
calor e conforto. As áreas revestidas a seixo rolado preto
são normalmente áreas de enquadramento e marcação de
alinhamentos visuais e/ou arquitetónicos.

Iluminação

Assumindo o jardim como um prolongamento da casa, este
representa apenas mais uma divisão que tal como as outras
exige iluminação para que o espaço possa e deva ser vivido de
noite. A iluminação permite delinear os caminhos e o usufruto
das zonas de estar, bem como as zonas de canteiros, que com o cair da noite sublinha os seus contornos, a textura da folhagem,
assim como a silhueta das plantas e toda a sua beleza.

Água

Não existe melhor forma de trazer a consciência da vida e do
movimento a um jardim do que através da componente água.
Assim, junto ao portão de entrada propõe-se um espelho de
água em chapa de aço onde uma pedra escultórica verte água
revelando-se como um elemento de surpresa para os visitantes
e uma sensação de calma e de chez soi para o proprietário.
Por outro lado, a sala de estar contempla uma fonte, que tem
a vantagem de acrescentar uma componente decorativa e
sonora a este espaço.

Veja na página seguinte: O mobiliário escolhido

Mobiliário

O conforto da sala de estar no exterior passa também pelo
mobiliário escolhido.

Estão propostas duas áreas distintas, nomeadamente
uma área de refeições com mesa e bancos corridos e uma de
relaxamento com sofás, pouf e uma mesa de apoio.

O intuito
é criar ilhas de conversação e de lazer. Neste sentido, optou-se por uma coleção jovem e contemporânea que alia formas
lineares e arredondadas conferindo ao espaço um ambiente
acolhedor.

Vegetação

O elenco vegetal define muitas vezes a vivência e modo de
olhar para um jardim. O pormenor da utilização de gramíneas
evidenciam o ondular da vegetação, bem como as cores
quentes que normalmente apresentam e que convidam à estadia.
As suas linhas, formas, texturas e o aproveitamento das
estações teve em atenção a presença de vegetação para além
dos muros. Esta conjugação, ajuda a iludir o olhar e criar
sensação de prolongamento do espaço privado.
Os materiais utilizados foram uma pérgola e vedação em estrutura
de aço revestida a madeira tratada, a par de um estrado sobrelevado em deck compósito e pavimento em lages de azulino de Cascais,
com acabamento flamejado. Além desses, o projeto inclui ainda a colocação de uma cortina
de vidro temperado, um elemento de água
em chapa de aço com pedra de granito e lancis em chapa de aço e revestimento
em seixo rolado cinza.
No que se refere à tipologia de vegetação escolhida, a lista inclui sebe, canteiros
de gramíneas e herbáceas de revestimento, o que obrigou à instalação de uma rede de rega. Para de garantir maior
perenidade deste espaço verde, efetuou-se um estudo de rega, adequado para
satisfazer as necessidades hídricas das
espécies, de modo a diminuir os custos
excessivos em água e operações de
manutenção.

Ficha técnica

Localização: Zona histórica de Oeiras
Data de projeto: Novembro 2010
Data de execução: Fevereiro 2011
Área: 365 m2
Autor: João Marim
Coordenação geral/Execução: Marim Outdoor
Concept