Os germinados e microvegetais estão muito próximos e diferem apenas em pequenos aspetos técnicos de produção e momento de colheita. São um alimento vivo, adequado a todas as idades e situações. São o melhor das sementes e das plantas. Ao germinar uma semente, estamos a melhorar e a multiplicar o seu valor nutricional, alcançando o sabor aproximado do futuro vegetal, mas sem a sua carga calórica.

As sementes germinadas têm um elevado valor energético e tónico. Devido ao seu incomparável valor biológico, recomenda-se a sua utilização regular por todos, podendo ser consumidas em qualquer refeição, ao natural, em saladas, em sopas, incluídas em batidos, acompanhando legumes ou em sanduíches...  Em pequenas quantidades!

O seu valor nutricional é tão elevado que o seu consumo deve ser moderado no que respeita à quantidade! O ponto de vitalidade mais elevado no ciclo de vida de uma planta ocorre quando esta é um rebento, daí os seus benefícios nutricionais. Ao germinar, alguns nutrientes dos cereais e das leguminosas multiplicam-se.

Mais vitaminas e minerais essenciais

Num grão de trigo, a vitamina C é praticamente inexistente mas, uma vez germinado o grão, o teor aumenta centenas de vezes. O processo de germinação torna os nutrientes mais digeríveis, pelo que os rebentos causam menos flatulência do que os grãos que lhe deram origem. As vantagens da ingestão destes alimentos não se fica, contudo, por aqui.

Os rebentos são pobres em calorias, mas contêm quantidades apreciáveis de vitaminas A e C, vitaminas do complexo B, vitamina E, algum ferro e enzimas e proteínas. Podem ser germinadas sementes de alfafa, trigo, feijão de soja, feijão-mungo, lentilhas, entre muitos outros cereais, leguminosas e sementes variadas, pelo que são muitas as suas possibilidades.

Como fazer germinados e microvegetais

Antes de mais nada, é necessário obter sementes. Pode adquirir sementes comerciais próprias para fazer germinados. Pode ter as sua próprias sementes fruto da sua recolha. Pode ainda recorrer a sementes para uso alimentar. No caso dos germinados, o processo de germinação é fácil. Podemos recorrer a germinadores comerciais ou fazer os nossos próprios germinadores.

Para uma boa germinação, basta seguir os seguintes passos:

1. Coloque uma quantidade de sementes num recipiente não furado (taça ou prato fundo, por exemplo) e adicione água, preferencialmente de fonte ou mineral.

2. Deixe, de seguida, demolhar durante seis a 24 horas.

3. O passo seguinte é escorrer a água das sementes.

4. Enxagúe, de seguida, as sementes com água corrente e escorra-as.

5. Coloque as sementes no germinador e coloque-as num local à sombra ou num armário com luz, arejado e não muito frio. Duas vezes por dia, deve passar as sementes por água corrente e deixá-las escorrer no germinador. Volte, depois, a colocar no local de germinação.

6. Ao fim de três a cinco dias, os germinados serão já bem visíveis. Nesse momento, já podem ser utilizados, mas, se esperar mais seis ou sete dias, tornar-se-ão rebentos bastante maiores e mais enriquecidos.

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O que diferencia os microvegetais

Os microvegetais são em quase tudo muito semelhantes aos germinados. Quais as diferenças? Estas são algumas das distinções principais:

- Nos microvegetais, não se usam as raízes, usa-se apenas a parte aérea da planta.

- Podem considerar-se microvegetais até terem uma folha definitiva.

- São produzidos com recurso a um substrato.

- Geralmente, as sementes são colocadas num recipiente microperfurado, com um substrato orgânico ou não, que é regado por forma a manter as sementes sempre húmidas.

- As sementes irão germinar. As suas raízes desenvolvem-se dentro do substrato, cruzam-se e a germinação ocorre como se estivessem no solo.

- No caso dos microvegetais, estes podem desenvolver-se até aparecer a primeira folha defi nitiva.

- Com uma tesoura, corta-se apenas a parte aérea. Não se utilizam as raízes.

- São muito utilizados em receitas os microvegetais de rúcula, coentros e beterraba, mas também os de rabanetes e os de mostarda.

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Classificação de germinados

Estes podem ser de vários tipos:

- Sementes pequenas

Incluem-se aqui a alfafa, a mostarda, o gergelim, o milho-painço, o amaranto e a couve-rábano, entre outros.

- Cereais

Trigo, arroz, centeio, cevada, milho e aveia, entre outros.

- Leguminosas de casca mole

Lentilha, feijão-mungo e feijão-azuki são alguns dos mais conhecidos.

- Leguminosas de casca dura

Grão-de-bico, ervilha e soja amarela, entre outros.

- Sementes produtoras de muco

Agrião, linhaça, manjericão e rúcula, entre outros.

- Sementes de casca indigesta

Os mais consumidos são o girassol, o trigo-mourisco ou trigo-sarraceno, a abóbora e a amêndoa.

Texto: José Pedro Fernandes (engenheiro florestal)