O clima da cidade de Lisboa, que nos últimos anos tem recebido várias distinções internacionais, permite a coexistência de diferentes espécies botânicas autóctones e exóticas, desde o Norte da Europa até climas subtropicais. Esta diversidade botânica, para além do seu inestimável valor estético e conforto bioclimático que confere ao jardim, constitui um habitat para a fauna, desempenhando um papel crucial no incremento da biodiversidade e na estrutura ecológica urbana contribuindo para uma cidade sustentável.
Muitas destas espécies vegetais adaptaram-se bem às nossas condições climáticas permitindo encontrar, no caso do Jardim da Estrela, exemplares como tipuana, bela-sombra, paineira-branca e jacarandá da América do Sul, palmeiras das Canárias, grevíleas e casuarinas que convivem com espécies de árvore-da-borracha-australiana, castanheiro-da-índia da Península Balcânica, ginkgo da China e do Japão, entre outros juntamente com espécies como a alfarrobeira, freixo-de-folhas estreitas, palmeira-das-vassouras, lodãos da flora portuguesa.
Árvore-da-borracha-australiana
Também designada por Ficus macrophylla ou liana, esta árvore perenifólia de grande porte, muito ramificada e dotada de raízes aéreas, é originária da Austrália. Tem folhas alternas oblongas a elípticas ou ovadas, que podem atingir até 25 cm de comprimento. São coriáceas e glabras na página superior mas claras na página inferior. Apresenta seiva leitosa, as suas flores são apétalas e os frutos só aparecem nas árvores maduras (são ovóides e vermelhoacastanhados).
Aparece muito em Portugal como ornamental, encontrando-se nos nossos jardins exemplares extraordinários pelo seu exuberante porte e impressionando também pelas suas raízes aéreas que constituem autênticos contrafortes que estrangulam as árvores mais próximas.
Ginkgo
Com o nome científico Ginkgo biloba, é uma árvore caducifólia, cultivada desde há muito tempo na China e no Japão. Atinge 30 metros, de copa piramidal, com ramos pendentes e ritidoma acinzentado e profundamente fendido nos exemplares velhos. As folhas são flabeliformes (geralmente inteiras nos raminhos curtos e bilobadas nos de prolongamento) com cor verde clara, mas tornando-se amarelas antes da queda.
Os frutos têm geralmente entre 2,5 a 3 centímetros, são globosos por vezes ovoides, carnudos, lisos, malcheirosos quando maduros. São árvores que apresentam uma longevidade grande. São plantadas como ornamento em jardins e parques da maior parte da Europa.
Jacarandá
Designada Jacaranda mimosifolia, é uma árvore caducifólia originária da América do Sul (Argentina, Bolívia e Brasil) que atinge até 15 metros de altura. As suas folhas são recompostas e imparipinuladas, com entre 20 a 45 centímetros de comprimento, constituidas por pequenos folíolos ovado-acuminados. A sua beleza destaca-se nos meses de maio a junho, quando, desprovida ainda de folhas, apresenta exuberantes flores roxas.
Mesmo depois de as flores caírem, formam belos tapetes roxos pelos jardins e ruas da cidade. É uma planta ornamental frequentemente cultivada no nosso país em ruas, praças, jardins e parques. Produz boa madeira para marcenaria.
Tipuana
Também conhecida como Tipuana tipu, é uma espécie originária da América do Sul que apresenta um crescimento muito rápido. É uma árvore muito robusta, podendo atingir 20 metros de altura. As folhas são compostas, paripinuladas (5 a 10 pares), de folíolos inteiros e margens lisas e apresentam um regime semicaduco. Perde ou não as folhas de acordo com as condições climáticas. As flores aparecem no verão e são de cor amarela. Apesar de serem de pequena dimensão, na altura da floração a sua presença é muito intensa, deixando a copa toda colorida.
Palmeira-das-vassouras
Com a designação científica de chamaerops humilis, é uma palmeira geralmente anã, ramificada desde a base, excepcionalmente atingindo os três metros. Trata-se de uma espécie espontânea no sudoeste da Europa e no noroeste de África, sendo a única espécie de palmeira autóctone da Europa continental, incluindo Portugal. É uma planta com grande interesse ornamental, particularmente em jardins sob clima mediterrânico. Das suas folhas podem fazer-se vassouras.
Texto e foto: Elsa Isidro, Isabel Silva e Ana Luísa Soares (arquitetas paisagistas)
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