Não gosto de flores de corte. Embora tenha absoluta necessidade de ter flores em casa, nunca fui muito de jarras. Não sei porquê, deprime-me a ideia de cortar uma flor muito bonita e colocá-la numa jarra para meu bel-prazer.

Psicologicamente, para mim, cortar uma flor é matá-la, ou, pelo menos acelerar-lhe a morte, e não gosto disso. Tenho demasiado respeito por tudo o que é vivo.

Eu sei que as flores não sentem, mas eu sinto por elas, e, se querem que lhes diga, até acho um pouco perverso o acto de transformar uma bela planta nuns caules com folhas, retirando-lhe aquilo que ela tem de mais nobre, e que é, afinal, a sua razão de existir.

Resisto por isso, sistematicamente, a cortar flores do meu jardim para decorar o interior da casa. Então, vou retirar do jardim justamente aquilo que é o fruto dos meus cuidados e do meu trabalho, e deixar os meus pobres canteiros carecas e tristonhos?

Nem a ideia de ter canteiros exclusivamente com flores de corte funcionou, já que, logo que a floração aparece, eu fico sem coragem para mutilá-las e acabo por não cortar flor nenhuma. É claro que, cá em casa, consideram este meu comportamento irracional e sem sentido, mas como o jardim é o meu domínio, lá vou levando a minha avante.

Para não mutilar o jardim, há a possibilidade de comprar flores, e, às vezes, nem há outro remédio se queremos fazer um bonito centro de mesa, por exemplo. Agora, até começa a haver no nosso país belíssimas, apetitosas e sofisticadas lojas floristas, com muita escolha de plantas.

Infelizmente, comprar flores de corte sai muito caro, sobretudo se as queremos ter permanentemente em casa, alem de que é preciso saber compor as jarras e cuidar bem delas para tirar o máximo partido da floração.

A minha solução para ter sempre cor em casa é comprar pequenos vasos e fazer arranjos colocando-os em cache-pots decorativos. Sai muito mais barato do que comprar flores, e, em muitos casos, até posso aproveitar mais tarde a planta, pondo-a na terra no fim da floração.

Devo dizer que, para mim, as plantas ideais para se ter em casa são algumas variedades de orquídeas. Além de serem lindíssimas, têm uma duração de três meses ou mais, se forem bem tratadas. No entanto, para não ter um ambiente mono temático, recorro regularmente aos centros de jardinagem para comprar alternativas que me decorem a casa e os terraços.

Nesta altura do ano, as melhores escolhas são as begónia, os cyclamen, e os chrisanthemum.
A begónia tem mais de 900 espécies, algumas das quais brilham pela originalidade e o colorido das suas folhas. Eu prefiro as que têm flor, embora nunca perceba muito bem o que estou a comprar porque, por cá, os vasos não identificam quais as espécies, sub-espécies, variedades ou cultivars que contêm.

Por isso, escolha-as a olho, porque são bonitas, exuberantes e parecem saudáveis. As begónias duram mais tempo se não apanharem sol directo, não lhes dermos água demais, e lhes formos cortando as cabeças que secam. Têm tendência a quebrar o caule sob o peso das flores, por isso costumo mergulhar os vasos em água em vez de os regar.

Os cyclamen são delicados, elegantes e românticos, geralmente de cor branca ou rosa. Não gostam de sol directo nem de demasiado calor e há que mantê-los húmidos.
Os chrisanthemum têm a vantagem de ser bastante resistentes. Suportam bem o sol (os meus estão na varanda) e há que manter-lhes a terra húmida.

Podemos ir cortando as flores mais altas, bem como as secas, para que o vaso mantenha uma boa proporção.
Enfim, três exemplos de flores em vaso, que dão um tom alegre á nossa casa, que não são muito caras e que se podem manter em flor umas largas semanas, se bem cuidadas.
E, sobretudo, estão vivas.