A palavra Ayurveda significa, em sânscrito, Ciência (Veda) da vida (ayur). Continua a ser praticada regularmente na Índia e tem-se difundido por todo o mundo, como uma técnica muito respeitada de medicina tradicional.

A medicina Ayurvédica é conhecida como a mãe da medicina, pois os seus princípios e estudos foram a base para, posteriormente, o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, árabe, romana e grega. Houve um intercâmbio de informações com o Japão, que tinha a mesma necessidade dos indianos: criar uma medicina barata para atender as suas populações muito pobres e gigantescas, por essa razão existe muito da medicina japonesa nos conceitos de Ayurvédica. As duas - desenvolveram técnicas muito eficientes e de baixo custo para o tratamento.

A doença, para a Filosofia Ayurveda, é muito mais que a manifestação de sintomas desagradáveis ou perigosos à manutenção da vida. A Ayurveda, como ciência integral, considera que a doença se inicia muito antes de chegar à fase em que ela finalmente pode ser percebida. Assim, pequenos desequilíbrios tendem a aumentar com o passar do tempo, se não forem corrigidos, originando a enfermidade muito antes de podermos percebê-la.

A Medicina Ayurveda baseia-se no sistema filosófico samkhya dos cinco elementos, que formam toda a manifestação material do universo. São eles - éter, ar, fogo, água e terra. Toda a matéria que existe no universo provém destes 5 elementos, inclusive o corpo humano (que além da matéria, também é formado por buddhi - discernimento, ahamkara - ego e manas - mente). De acordo com o Sistema Ayurveda, quando algum dos 5 elementos fica em desequilíbrio no corpo do indivíduo, inicia-se o processo da “doença”.

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Segundo essa tradição, os seres humanos são influenciados pelos 5 elementos através dos doshas ou tipos. Os doshas - são Vata, regido por AR e éter, Pitta, regido por fogo e água, e Kapha, regido por terra e água. Todas as pessoas possuem os três “doshas”, mas em diferentes proporções. No momento da nossa concepção, a nossa constituição é definida, isto é, os “doshas” que estão presentes em maior quantidade no nosso organismo. Ao nascermos, tal proporção está em equilíbrio (prakrti), mas com o tempo e a vida desregrada surge o desequilíbrio num ou mais desses doshas (vikrti), contribuindo para o surgimento e desenvolvimento de doenças, isto é, os doshas que estão presentes em maior quantidade no nosso organismo produzirão o desequilíbrio.

Para o indivíduo ter o corpo saudável é necessário manter os seus tecidos saudáveis, e isso é possível por meio da alimentação, que deve ser feita de acordo com o estado actual do paciente, ou seja, de acordo com seu dosha predominante e com os desequilíbrios que ele possa apresentar. Os tecidos que formam o corpo humano, são formados a partir dos 5 elementos, que consumimos em forma de alimento. Para a Filosofia Ayurveda, a saúde de uma pessoa é medida pela força de seu agni (fogo digestivo). Um "bom agni" é capaz de extrair dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários para formar tecidos fortes; por outro lado, quando o agni está diminuído ou é irregular (menor capacidade digestiva) a nutrição dos tecidos fica mais pobre, comprometendo a saúde e a integridade estrutural do organismo. Costuma-se ouvir muito que "você é o que você come", mas podemos concluir, com o exposto, que a medicina Indiana vai além: "você é o que você consegue digerir".

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Parte II

Tal como já se afirmou anteriormente, a palavra AYURVEDA, que pode ser descrita como a “Ciência da Vida”, ou da longevidade, é uma ciência alternativa e holística da Índia com mais de 5.000 anos de existência comprovada. Comprovou-se que é a mais antiga das ciências de cura do planeta, tendo ela arquitectado os fundamentos de outras tantas ciências curativas hoje em dia famosas através das mais diversas designações e conceitos terapêuticos. A Filosofia Curativa Budista, o Conceito de Cura do Taoísmo, a Medicina Tibetana, e outros aspectos terapêuticos tradicionais, possuem muitos paralelismos com a Medicina Ayurvédica. O segredo primordial desta medicina altamente humanizada e inteiramente disponível para a integralidade existencial do Ser Humano, são as suas fórmulas individualizadas para cada caso patológico e, nomeadamente, os seus métodos baseados exclusivamente nas três áreas mais importantes do seu vasto e profundo conceito ancestral, que se designam por “doshas” ou tipos: VATA = Ar, PITTA = Fogo e KAPHA = Terra, mediante os quais, e de acordo com as tendências biológicas, orgânicas, mentais individuais do consultante, a nutrição e a terapêutica será aplicada com grande sucesso e proficiência.

Portanto, a Medicina Ayurveda ou “Ayurvédica”, como deveriam ser todos os modelos medicinais do mundo moderno, segundo, objectivamente, os Princípios de Esculápio e do Patriarca da Medicina Ocidental, Hipócrates, cuida efectivamente do Corpo, da Alma e do Espírito!

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Olhando a moderna Psicologia, particularmente a Psicologia Transpessoal e a Física Quântica, a ciência médica observa e confronta-se cada vez mais com o verídico e primário “psicossomatismo” vibracional e “reverberatório” das “doenças” dos indivíduos. O que nos leva a pensar, que muito em breve irá haver também uma revolução na concepção dos diagnósticos e dos prognósticos feitos à revelia dessa questão fundamental, que é o psicodrama da Psicossoma Humana. Portanto, por outras palavras, pensamentos, sentimentos, emoções e vivências traumáticas de toda a espécie e configuração estão efectivamente por detrás da formação tendencial ou não das patologias, influenciando o ADN de cada indivíduo e, por isso mesmo, de cada paciente que recorre a qualquer sistema de saúde.

Quanto à implantação da Medicina Ayurvédica no Ocidente, especialmente nas últimas duas décadas, penso que tem sido um sucesso e, nomeadamente, uma aposta muito séria no campo da expansão de novas carreiras profissionais e de novas actividades comerciais, enaltecendo e enriquecendo as sociedades modernas.

Quanto aos aspectos que fazem com que a Medicina Ayurvédica possa ser diferente de todas as outras manifestações não menos sérias das mais diversas terapêuticas universais, é a sua própria fórmula primária de ser, que nos comunica de forma veemente o que o Ocidente muito mais tarde ditou, que é o seguinte: “Toda e Qualquer Cura, começa de Cima para Baixo e de Dentro para Fora”. O mesmo será dizer - em género de remate à baliza da inteligência de quem nos lê, escuta e pretenderá assimilar: Ninguém deverá tentar nenhum tipo de terapia para a sua desordem física, sem ao menos saber sobre a sua proveniência psíquica, mental e orgânica; o contrário, também poderá ser aplicado!

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Convidado Carlos Amaral

O Autor:

Carlos Amaral, Venerável Lama Khetsung Gyaltsen

Mestre em Naturopatia;Especializado em Medicina Ortomolecular; Medicina Homeopática; Medicina Homotoxicológica; Medicina Ayurvédica e Tibetana;Doutorado em Religiões Comparadas e em Metafísica;Investigador em Psicologia Transpessoal & Regressão Memorial;Professor de Budismo, Meditação Tibetana, Raja-Yoga, Kryia-Yoga e Karma-Yoga; Autor e Palestrante.

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