Estamos a poucos dias de celebrar a Páscoa, uma das datas comemorativas mais importantes no calendário cristão e referente à ressurreição de Jesus Cristo. Esta data tem sido vivida ultimamente de forma muito comercial. Fomo-nos afastando do seu real e mais importante significado.

Ressurreição significa literalmente levantar, erguer depois da morte e a palavra Páscoa, do hebreu pesah, significa levantar, erguer, passar... ora, o que nos está a ser pedido a todos nesta fase? Precisamente isso. Tem doído muito. Tem sido difícil para todos esta “quaresma” e este isolamento numa quadra em que a lua cheia de luz e o céu coberto de claridade nos apelam a olhar para nós e assim conscientemente fazermos a passagem para um mundo e uma atitude mais espiritualizada e de mais amor pelo outro.

Deixada para trás a escuridão, o frio do inverno e um estado de maior vigília e recolhimento interior é agora altura de celebrarmos uma maior abertura à vida, à alegria e à fé necessárias aos novos desafios que virão. Depois da noite chuvosa virá uma manha solarenga e cheia de oportunidades. Por isso, a Páscoa relembra-nos que estamos no início da primavera e com ela começa a vida, o romper das sementes da terra, a força máxima e poderosa capaz de transformar, renovar e recriar em nós novos sentimentos e verdades, com confiança, alegria, energia e iniciativa para percorrer todos os caminhos necessários.

É agora que cada cada um de nós, assumindo responsabilidade por quem é, pelas suas atitudes e pelos alicerces que criou para a sua vida, poderá ousar por-se em causa, sem temer o que daí vem. É a busca da verdade com a fé de que somos merecedores do (nosso) melhor.

Já pensou porque é comum oferecermos nesta época ovos de chocolate? Exatamente pelo seu simbolismo de início de vida e com ele todos os sentimentos associados a um novo mundo e a um novo modo de estar. Preparamo-nos para a chegada de algo realmente promissor na qual adoptamos uma atitude de fé, crença e celebração.

É como tal, e precisamente por tudo o que temos estado a viver, um tempo de esperança, de praticar o voluntariado, de sentir compaixão, de trabalhar o amor maior por nós e pelo próximo.

A vida pede-nos agora que olhemos melhor e com mais atenção para a nossa essência e assim possamos, com gratidão e sem julgamentos, aprofundar e desenvolver o nosso verdadeiro sentido de vida, de pertença neste mundo, nesta sociedade e pela nossa família.

É tempo de nos espiritualizarmos, de parar e olharmos para o que foi e o que é a nossa vida, os nossos objetivos, a nossa missão. É agora que vamos poder aquecer a nossa alma, outrora fria dos dias de inverno e reacender a chama interior que acalenta e nos dá força, energia e fé para os desafios e testes desta nossa nova vida.

Alexandra Ramos Duarte faz parte do grupo de previsores do SAPO Lifestyle. Saiba mais aqui.