Somos cada vez mais em todo o mundo a descobrir essa linguagem fascinante que é a Astrologia, e quando começamos a aprendê-la algo se torna evidente: a Astrologia está muito longe de se esgotar nos “signos” que nos habituámos a ler nos jornais e nas revistas. Avaliar a Astrologia pelos signos é como provar um ‘cordon bleu’ congelado, daqueles que se compram no hipermercado, e depois fazer juízos sobre a tradição gastronómica francesa.
O que não quer dizer que os Signos não sejam uma parte importante da Astrologia. Os Signos são ‘filtros’ através dos quais a energia vital é expressa e vivida. Traduzem a qualidade da inter-relação energética entre a Terra e o Sol, à medida que este percorre as 12 secções imaginárias de 30 graus (12x30º = 360º), divisões a que chamamos de “signos”, numa caminhada aparente pelos céus a que chamamos de “eclíptica”.
Mas a posição aparente do Sol percorrendo essas divisões imaginárias fala-nos de um simbolismo e não de uma causalidade, tal como os signos nos falam de processos energéticos, espirituais e psíquicos e não de características fixas de personalidade. Existe uma correspondência simbólica, e não uma relação de causa a efeito, entre o macro e o microcosmos – “o que está em baixo é igual ao que está em cima, para que o milagre da unidade possa ser cumprido”, assim rezava na Tábua Esmeralda atribuída a Hermes Trismegisto, “pai” da Alquimia e Mestre da Sabedoria Antiga.
Assim a psique humana pode ser comparada ao Sistema Solar do qual fazemos parte. No centro do sistema temos, de facto, o Sol – e daí a sua importância na Astrologia e a sua popularização nos horóscopos de jornal. Mas em redor do Sol temos outros corpos celestes com as suas características particulares, na sua relação com a Terra e também entre si. A Astrologia estuda o significado oculto, ou simbólico, por detrás dessas relações aparentes quantificadas pela sua contraparte “científica”, a Astronomia.
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O Sol e a Consciência
A energia que permite toda a vida, o calor, a luz, é irradiada pelo Sol, símbolo da consciência humana individualizada. Por isso ‘ser de um signo’ significa que os processos de auto-consciencialização, auto-conhecimento, de iluminação das zonas obscuras do próprio psiquismo, se fazem através das qualidades arquetípicas que esse signo - chamado de signo solar -, simboliza. Assim como o Sistema se organiza em redor do núcleo central, o Sol, assim toda a actividade humana se organiza em redor do centro da consciência. O Sol é o centro do Ser.
O signo solar é, portanto, o Santo Graal de cada indivíduo. Não é uma listagem de características inatas, é um dom a descobrir – e cultivar - ao longo da vida. É o símbolo da jornada ao encontro do Self. Ele revela que qualidades nos devemos esforçar por desenvolver conscientemente – e qual é a prenda que espera por nós no final da jornada.
Não satisfazer as necessidades do signo solar é nunca ser capaz de se descobrir como um indivíduo criativo, único e especial. E a Vida é a possibilidade de o fazer. É a possibilidade de nos libertarmos de padrões de segurança emocional condicionados pelo hábito (simbolizados pela Lua) e optar conscientemente pelas qualidades do nosso signo solar. E essa dinâmica de luta entre o consciente e o inconsciente, simbolizados pela complementaridade da Lua e do Sol, é a base de qualquer processo de evolução. Evoluir é optar a cada momento pela liberdade, pela criatividade, pelo ainda não-familiar, ainda não-confortável. É uma aventura. É descobrir em nós próprios o poder de nos recriarmos a cada instante, em função da nossa natureza essencial. E esse é o poder do Sol.
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A Astrologia não é um sistema classificatório dos indivíduos em função da data, da hora ou do local de nascimento. Os sistemas classificatórios agrupam os indivíduos pelo que têm em comum. A Astrologia faz o contrário: individualiza os seres humanos. Cada um tem o seu percurso, as suas características, as suas necessidades próprias e as estratégias de as satisfazer, da mesma maneira que cada momento de vida é único e irrepetível.
Ao compreender o indivíduo na sua totalidade, até ao mais profundo do seu psiquismo, ao mesmo tempo que o religa aos ritmos cósmicos maiores, a Astrologia salva o homem duma solidão sem sentido, do emparedamento do seu ego separatista. E mais: explica qual o propósito – e o significado – de cada vida: única, individual e potencialmente criativa.
No próximo artigo abordaremos o simbolismo do Sol em cada signo, como a ‘viagem’ e a proposta de evolução que cada posicionamento representa.
por Nuno Michaels
www.nunomichaels.com
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