Todos queremos ver realizados os nossos planos
Todos queremos ver os nossos desejos satisfeitos.
Todos queremos ter amigos e ser entre estes, evidenciados.
Todos queremos ser reconhecidos por aquilo que somos.

Na infância o amor que disputamos, e o mais importante, é o das figuras parentais e, mais tarde junta-se a este, o amor da parceria e o dos filhos.

Por vezes este querer é uma ansiedade constante e de difícil satisfação, uma necessidade que parece estar sempre aquém dos nossos desejos, esse enorme desejo de amor e apreciação poderá conduzir o indivíduo a hipotecar a sua individualidade e tudo aquilo que faz dele um ser único. O receio de não ser aceite ou que não seja querido pela sua diferença. Por isso mistura-se com o grupo e adapta-se, não trás nada de novo.

Em astrologia a Casa que serve de palco a esta dinâmica de nos sentirmos apreciados, a de inserção em grupos, a dos planos e dos desejos, é a Casa 11ª. O seu regente moderno Úrano, o arquétipo das qualidades únicas do indivíduo, da independência e mesmo rebelião. Quando encontramos num horóscopo este planeta escondido, como por exemplo na 12ª Casa poderemos antecipar uma necessidade de “não fazer ondas”, a pessoa pode preferir não se manifestar naquilo que a diferencia, completamente diferente da expressão de “individuação” de alguém com Úrano na 3ª Casa, onde ao contrário aqui poderá ser necessário suster a sua forte tendência para a “originalidade” até encontrar o propósito ideal para esta.

Veja a continuação do artigo na próxima página

Analisar uma carta astrológica significa juntar os pedacinhos todos, os evidentes e os que ficam na sombra, pôr os planetas a falarem e a explicarem as razões de cada um, porque estão ali, porque regem aquela Casa, de que se queixam, etc, etc. Só assim poderemos entender as potencialidades reflectidas naquela foto e no caso de Úrano ou da Casa 11, o que nos tem impedido de realizar os nossos planos, de sermos “nós mesmos” ou porque nos sentimos fora do grupo.

Ao longo da vida o indivíduo e o universo avançam e numa conjugação de esforços, todos têm o seu momento para mostrarem aquilo que são, o seu momento de individuação, seja lá isso o que for isso para cada um. Por vezes esta manifesta-se em situações limite ou depois de uma grande provação, onde se é confrontado com aquilo a que chamamos de a liberdade de ser quem somos e a capacidade de quebrar padrões e/ou amarras que nos aprisionavam até ali.

Crises individualistas que muitas vezes custam as amizades, o escancarar do sonho de uma vida, o virar de uma mesa de pernas para o ar, pode criar estranheza naqueles que nos rodeiam, de repente deixámos de ser como até ali. Quebram-se encantos e laços, e procuram-se novos lugares e o grupo ideal para a individualidade que se expõe.

Ao falarmos de Úrano e do seu simbolismo, torna-se tão mais notado porque ser usualmente pontuado com o inesperado, o rebelde por isso muita vezes fora do convencional acorda consciências e não prescinde da mudança que dá lugar a um recomeço. Quando o vemos transitar sobre um luminar (Sol –Lua) poderemos aproveitar para a mudar e ficar mais perto da nossa verdade.

Ana Cristina Corrêa Mendes

http://espelhodevida.blogspot.com