"A realidade é um produto da nossa intenção mental" (Deepak Chopra).
A inclusão da consciência na lei da Teoria dos Quanta e na lei da Relatividade revolucionou o designado novo espírito científico. A premissa de que se mudarmos a concepção do mundo, a nossa nova visão mudará o futuro, é cada vez mais válida e premente. Talvez outros estados de consciência nos mostrem outros sistemas, galáxias ou universos, mas a questão central do homem, um universo que se observa a si próprio e que não pára de colocar a constante interrogação porque é que existo? (consciência de si) e qual a finalidade ou o propósito da existência? (evolução) remete-nos sempre para uma questão metafísica: existe ou não uma intencionalidade ou um propósito universal?
Se atendermos que o universo é um cosmo ou seja, um todo organizado com as suas leis cíclicas manifestando-se no tempo e no espaço, vemos em desenvolvimento a actualização de um propósito contido na semente original. No desdobramento da unidade primordial, o mundo manifestado passa a ser visto como o sonho de Deus em que cada parte vive a ilusão da separatividade, até que a consciência una e integre a identidade e a alteridade como sendo uma só.
A grande ilusão é pensarmos que vivemos em sistemas fechados e separados, tal como ainda hoje nalguns círculos se pensa. Só podemos erradicar um temor quando percebemos a sua causa fundamental, o seu sentido e a sua finalidade, a partir daí a consciência já não precisa de uma mente equivocada, do desequilíbrio emocional ou do órgão físico doente para experienciar esse tipo de realidade. Por mais que nos custe, isto quer dizer que atraímos as experiências que necessitamos para o nosso desenvolvimento e crescimento pessoal.
Um dos novos paradigmas da ciência baseia-se na teoria holográfica que acentua a presença e a relação da unidade com a diversidade: "não só a parte está no todo, mas o todo está em cada parte e cada parte tem acesso ao todo". Análoga à tradicional lei de Hermes "o que está em cima é equivalente ao que está em baixo e vice-versa" a teoria holográfica expressa esta relação através de hologramas. Actualmente, utilizando a lei da analogia podemos ver não só o cérebro como um holograma interpretando um universo holográfico, como também o mapa natal, o momento astrológico de nascimento, pode ser visto como um holograma em que se vê espelhada a dinâmica do todo, neste caso o sistema solar, na sua relação directa com a parte — o observador terrestre. Nesta perspectiva qual seria o papel da Astrologia?
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A aplicação da astrologia utilizando o método científico possibilita a parametrização de ciclos planetários: inter-relacionando a geometria ao espaço e o movimento ao tempo face ao observador, ao sujeito cognitivo. A Astrologia como técnica e como instrumento de conhecimento permite-nos ver o modo como a energia ou o movimento dos planetas se desdobra no tempo, assim, torna-se possível captar qual a linguagem que o destino se serve para exprimir-se em cada ser particular. Tudo o que é exterior, tudo o que nos acontece é destino, mas a nossa resposta interior exprime o individual, a liberdade criativa na sua relação com o mundo.
Se perspectivarmos a Astrologia como uma ciência de ciclos, podemos ver através dela uma linguagem que utiliza símbolos, expressando os mais variados modos operativos pela qual a energia universal se manifesta até aos seus mais ínfimos detalhes. Partindo de padrões arquetípicos, a Astrologia pode qualificar em termos essenciais todo e qualquer fenómeno no plano acidental; o seu mundo não é o da quantidade, mas sim o da qualidade portadora de sentido e de significado. Por exemplo, sabemos que na actualidade estamos a passar por uma crise económica acentuada, que só teve paralelo com aquela que aconteceu nos anos de 1929-33, pelo estudo dos ciclos astrológicos sabemos de antemão que os padrões cíclicos actuais são análogos ao período anterior: inter-aspectos tensos entre Saturno/Plutão, Saturno/Úrano e Úrano/Plutão.
Saturno simboliza e representa as leis, as estruturas e regras sociais; Úrano, a tecnologia, a imprevisibilidade e ideias revolucionárias; Plutão, o mundo oculto e o poder das minorias que detêm a grande parte dos recursos planetários, como acabámos de ver, a conjugação destas três forças praticamente em simultâneo desencadeiam transformações profundas no tecido social. A partir da primeira crise (1929-33) o papel-moeda deixou de ser sustentado no ouro gerando um outro tipo de intercâmbio comercial, hoje em dia, não sabemos o que irá acontecer, mas uma coisa é certa, a economia mundial não será a mesma quando terminar em 2014 o ciclo dos principais aspectos planetários.
Os padrões energéticos exprimem-se em ciclos repetitivos de tempo.
“Cada vez que um ciclo aparece, repete as condições gerais que tornam algo possível, e não tanto um resultado exacto. Se soubermos onde nos encontramos no interior de um determinado ciclo, saberemos o que esperar quando ele se repetir. Tal como acontece com toda a experiência humana, é o que fazemos com as condições que se nos apresentam que ditam a fase seguinte das nossas vidas” (A Matriz Divina, Gregg Braden).
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Quando compreendermos a teoria da Sincronicidade (a relação entre o fenómeno e a consciência), conseguiremos estabelecer a relação entre um determinado evento e a energia que lhe está subjacente. Neste caso, a consciência que a astrologia nos pode proporcionar é uma consciência de qualidade na qual podemos encontrar respostas mais abrangentes, face à multiplicidade do tempo linear, do mundo das aparências, mecânico e repetitivo. A evolução representaria o acto criativo de transformação constante que situa um dado momento particular em momento de qualidade. Quando damos sentido e significado a um determinado momento, realçamos a experiência e tornamo-nos conscientes da dimensão intemporal do instante (do Aion na linguagem Jungiana, ou o cruzamento da ordem implícita com a ordem explícita na linguagem de David Bohm) o qual possibilita a recriação do espaço e do tempo a partir da própria consciência. Nesta acepção, a evolução seria o próprio processo da consciência experimentando-se a si própria nas suas mais variadas formas. Neste contexto, as crises representam as oportunidades de mudança e o enfoque da nossa consciência e dos nossos actos irá determinar o resultado das forças planetárias em jogo.
O desequilíbrio da primeira grande crise financeira mundial catapultou a Alemanha para o palco das operações que desencadearam a segunda guerra mundial, a crise presente, poderá estabelecer um novo jogo de forças a uma escala global sem termos de passar pelo holocausto da guerra. No entanto, devido ao jugo económico a que estamos submetidos hoje em dia, pergunto, se não será necessário surgir um novo tipo de valor que se sobreponha às leis materiais e económicas? Todas estas questões, implicariam uma outra abordagem que poderá ser tratada em artigos posteriores.
Voltemos de novo a nossa atenção para as possibilidades gnoseológicas da astrologia.
Já vimos que o conhecimento astrológico permite qualificar e diferenciar o modo como a energia universal interage em cada partícula individualizada, na maior parte dos casos, reportamo-nos ao ser humano diferenciado pelo momento único que é o seu nascimento. Tal como as ondas quânticas também as relações geométricas entre os planetas transmitem sinais. Uma das propriedades essenciais da onda quântica ou de uma interacção planetária é a representação de quando e onde um acontecimento se pode produzir. Eles são uma medida da probabilidade de manifestação de um acontecimento, tal como na física quântica, na análise planetária há uma conexão entre o espírito e o mundo físico.
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Numa astrologia que englobe a dimensão espiritual, poderíamos dizer que o nível de consciência de cada um e seu o desejo de obter experiência, atraem as condições necessárias para que a personalidade vivencie as experiências concretas nos seus diferentes níveis. Os aspectos planetários traduzem a forma desta relação, por meio deles, atraímos as situações que precisamos viver. A consciência do ciclo destes aspectos é deveras importante para sabermos diferenciar, até que ponto é que um padrão ou uma energia planetária, passa do movimento circular, repetitivo, para o movimento em espiral, símbolo de transformação e de entendimento.
A carta natal contêm em si, já uma determinada forma energética em manifestação, no entanto, o acréscimo de consciência alcançado ao longo da vida do indivíduo, possibilita a recriação de novos padrões e de novas formas energéticas. Evoluir é sentirmo-nos criativos a todo o momento, de forma a que não fiquemos intimidados pelo tempo consumista, pelo tempo repetitivo que corrói e cristaliza. Neste contexto, quando se fala de desafio ou de crise, é necessário levar em consideração que os seres humanos são influenciados por configurações cósmicas às quais respondem, de acordo com o seu nível de consciência, cultura e tradição. Quanto maior for a sensibilidade e a consciência dos ritmos e dos ciclos que nos são intrínsecos e que nos envolvem, maior será a nossa liberdade de resposta às situações. Assim, consciência e liberdade crescem na proporção em que resolvemos o binómio determinismo e livre arbítrio, em que apreendemos a lidar com os aspectos dinâmicos e harmónicos na relação com todo o seu ciclo integral.
Luís Resina
Agosto 2010
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