A greve está a decorrer por todo o país e foi convocada por organizações nacionais e internacionais. De acordo com a página eletrónica www.fridaysforfuture.org, que reúne os protestos anunciados em todo o mundo, estão previstas mais de 1.600 manifestações em 106 países.

Esta greve escolar mundial, que tem como lema "fazer greve por um clima seguro" culmina uma série de manifestações semanais iniciadas no ano passado pela adolescente sueca Greta Thunberg. "Este movimento tinha de acontecer, nós não temos escolhas", diz a ativista.

Em Lisboa

Milhares de estudantes estão desde as 11:00 a desfilar do Largo Camões até à Assembleia da República, em Lisboa, num protesto para exigir dos políticos ações contra as alterações climáticas e no qual gritam que “não há planeta B”.

Capitalismo não é verde

Empunhando cartazes onde se lê “A Terra esgotou a sua paciência e nós também”, “Justiça climática já”, ou ainda “Estado de Emergência”, os jovens desfilam e gritan palavras de ordem entre as quais a mais reclamada é: “Não há Planeta B”.

Entre as várias mensagens espalhadas ao longo da marcha encontram-se também cartazes com palavras em inglês como por exemplo “We are skipping our lessons to teach you one (estamos a faltar às aulas para te dar uma [aula]".

As fotos em Lisboa

No Porto

Ao som do batuque algumas centenas de estudantes, em representação de 40 escolas, estão esta manhã a manifestar-se no Porto exigindo "justiça climática" e gritando que o "capitalismo não é verde". Oriundos de escolas do distrito do Porto, num universo de estudantes que incluiu alguns do Ensino Básico, a que se juntaram os pais, também eles com cartazes alusivos à manifestação, os jovens reuniram-se na Praça General Humberto Delgado, junto à Câmara Municipal.

Em declarações à agência Lusa, David Amorim, da organização, defendeu "ser esta a geração que pode fazer algo pelo clima" ao mesmo tempo que "prepara o caminho para a seguinte fazer ainda melhor".

Pedro Macedo, a fazer o doutoramento em alterações climáticas, foi um dos pais que acompanhou os filhos ainda pequenos à manifestação, justificando a sua presença para "apoiar a filha", também ela "uma lutadora pelo clima".

"Tem de ser a minha geração, a que está no poder e a tomar as decisões a fazer alguma coisa. A Joana [filha] já é, infelizmente, chamada a pressionar a que as decisões sejam tomadas mais rapidamente, mas no futuro terá que arcar com as consequências do que estamos a fazer", acrescentou.

Em Coimbra

Mais de mil estudantes concentraram-se hoje junto à Câmara Municipal de Coimbra, onde envergaram cartazes e entoaram gritos de protesto a apelar a políticas contra as alterações climáticas, pois estão "fartos de blá blá blá".

A zona à frente da Câmara Municipal de Coimbra tornou-se pequena para tantos alunos que se foram ali concentrando, com cartazes onde se podia ler "A terra está com febre", "Mudem a política, não o clima" ou "Turistas querem bacalhau? Já só temos plástico".

Pelo meio, os mais de mil estudantes foram entoando gritos de protesto.

"Queremos mudança e é para já. Estamos fartos de blá blá blá", afirmaram os estudantes, para logo a seguir cantarem "O planeta unido jamais será vencido".

Francisca Reis, de 18 anos, aluna na escola secundária de Cantanhede, fez o percurso de 30 quilómetros até Coimbra de bicicleta com mais 14 colegas, acompanhados pela Escola Segura e por um professor.

"É um ato simbólico pedalar até cá - escolher um meio não poluente", disse à agência Lusa a estudante que não conseguia esconder o seu entusiasmo de participar na greve mundial de alunos convocada para hoje, com protestos marcados em mais de 100 países.

Em Aveiro

A maioria veio a pé, alguns de bicicleta ou de skate, muitos à boleia, e foram centenas de estudantes que se juntaram na manifestação pela defesa do planeta, que desfilou por algumas ruas de Aveiro. O encontro foi na emblemática Praça Joaquim de Melo Freitas, aos Arcos, onde um obelisco homenageia os “mártires da Liberdade” que, muito antes deles, lutaram por direitos, liberdades e garantias.

Hoje, usando a liberdade conquistada pelas gerações que os antecederam, ali estenderam cartões de embalagens no chão que foram reutilizando em frases de protesto, pelo direito a um planeta livre de poluição e garantias de futuro.

As frases diziam: “desculpem não ir à escola, mas temos de salvar o planeta”, “juntos vamos conseguir mudar o mundo”, “a solução está na nossa mão”. Camila Valentim, da Escola Secundária José Estêvão, acha que não é tanto assim como o cartaz diz e apela aos adultos para que ajudem a fazer essa mudança.

“A nossa geração é que tem mais consciência do que se está a passar, mas acho que não conseguimos fazer isto sozinhos. Somos jovens, sabemos que o mundo não está bem e está em causa ou nosso futuro, mas não temos assim tanto poder e por isso queremos mostrar às pessoas que têm que fazer também alguma coisa para contribuir para o meio ambiente”, comentou.

Jorge Morais, ativista ambiental, do núcleo de Aveiro da Quercus era dos poucos adultos a integrar a manifestação: “Este evento é deles e por isso estamos só aqui a acompanhar porque entendemos que também precisamos de dar o nosso apoio com a nossa presença”. Para o ativista ambiental, tratou-se de “uma iniciativa importante para fazer pressão sobre quem tem responsabilidade”.

António não quer saber e a costa a desaparecer

Em Braga

Centenas de alunos de Braga faltaram às aulas e marcharam, pacífica mas ruidosamente, pela cidade, no âmbito de uma greve estudantil mundial para exigir dos políticos ações concretas contra as alterações climáticas. “Tivemos de faltar às aulas, mas achámos que era muito mais importante estarmos aqui, porque o nosso planeta está muito doente”, atirou Inês, de 13 anos e aluna da Escola D. Maria II.

Ao lado da Inês, estavam Fátima e Joana, colegas de turma, tendo as três dividido em partes iguais uma folha de cartolina para levarem para a manifestação de hoje, com as respetivas mensagens. “Se todos ajudarmos, ainda podemos salvar o planeta”, refere Inês, sublinhando que “pequenos gestos” do dia-a-dia, como partilhar cartolina, podem fazer “toda a diferença”.

Marta, 18 anos, estuda Línguas e Literaturas Europeias na Universidade do Minho e também não quis deixar de responder à chamada, faltando às aulas para se juntar a este “grito de alerta” acerca das alterações climáticas. “Aulas há muitas, planetas só temos este. Este é o nosso planeta, aqui está o nosso futuro. Todos somos poucos para dar força a esta mensagem”, sublinha.

Após uma concentração na Avenida Central, os estudantes marcharam pela cidade, com palavras de ordem como “Deixem passar, sou ativista e o planeta vou salvar” e “António não quer saber e a costa a desaparecer”.

Na Covilhã

Mais de meia centena de estudantes da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, vestiram-se hoje de negro, em sinal de luto pelo planeta. "O objetivo desta manifestação passa por responsabilizar o Governo para arranjar soluções para as questões climáticas. Queremos também sensibilizar a população para estas questões porque ela também é responsável por mudar o curso do planeta", explicou à agência Lusa, Daniel Pais, estudante da UBI e responsável pelo Movimento Académico de Proteção Ambiental da UBI (MAPA).

Os estudantes, aos quais se juntaram alguns agricultores da região, partiram da porta principal da UBI e concentraram-se em frente à Câmara Municipal da Covilhã, onde permaneceram em silêncio, exibindo alguns cartazes com frases como "Não há planeta B", "os Jovens acordaram! Contem connosco!" ou "O tempo de agir é agora".

"Associamo-nos a esta greve internacional e queremos sensibilizar as pessoas para que, em vez de nos apoiarem, promovam ações diárias que contribuam para a sustentabilidade do planeta", afirmou.

Daniel Pais adiantou ainda que os manifestantes, se vestiram de preto porque estão de luto pelo planeta: "Estamos de luto [pelo planeta] e antes que ele morra, nós estamos cá para o proteger".

Os manifestantes vão manter-se em silêncio e por tempo indeterminado, empunhando apenas os cartazes de cartão, em frente da Câmara Municipal da Covilhã.

Em Portalegre

Mais de 100 estudantes protestaram hoje em Portalegre, junto a um plátano que ostenta a maior copa da Península Ibérica, para exigir aos políticos ações concretas contra as alterações climáticas.

“Não deixes o mundo ir ao fundo”, ou “Pensem em nós”, foram algumas das palavras de ordem que os estudantes, oriundos principalmente do Agrupamento de Escolas de Marvão e da Associação de Estudantes de São Lourenço, em Portalegre, exclamaram junto à emblemática árvore.

Inês Alegria, da Associação de Estudantes de São Lourenço, explicou à agência Lusa que esta manifestação em Portalegre serviu para “mostrar a preocupação” que os jovens têm nesta altura com as alterações climáticas, uma vez que em 2050 “se prevê que não exista água” no planeta.

“Nós vamos ser a geração mais afetada pelas alterações climáticas e é por isso que estamos preocupados, queremos agir agora e alertar os políticos para esta situação”, disse.

Munidos de cartazes com palavras de ordem, os estudantes, a maioria com idades entre os 12 e os 17 anos, esperam ao longo da manhã percorrer as principais artérias de Portalegre e entregar uma carta à presidente do município, Adelaide Teixeira, alertando-a para o problema. “Faz todo o sentido que a presidente da câmara saiba que os jovens de Portalegre estão preocupados com esta questão e a carta serve para alerta-la”, explicou.

Em Évora

Cerca de 600 estudantes percorreram hoje as principais ruas do centro histórico de Évora, empunhando cartazes e gritando palavras de ordem em defesa do planeta e a exigir medidas governamentais para combater as alterações climáticas.

Os participantes concentraram-se, inicialmente, na Praça do Giraldo, considerada a sala de visita da cidade, onde alguns discursaram, através de um megafone, e todos, em conjunto, entoaram palavras de ordem. "Ó senhor ministro explique por favor porque é que no inverno faz calor", foi uma das frase mais vezes entoadas pelos estudantes, ao mesmo tempo que seguravam cartazes com frases como "não há planeta B" e "- CO2 + futuro".

Se o planeta fosse um banco, já estaria salvo

Numa grande faixa de pano preto com letras a branco e amarelo, transportada por dois jovens, alertavam: "Se o planeta morrer não temos outro para viver, exigimos medidas governamentais já".

Os estudantes, onde se que incluía um pequeno grupo de crianças do pré-escolar de uma escola das cidade, desfilaram, depois, em marcha lenta, pelas principais ruas do centro histórico de Évora, culminando o protesto junto ao edifício da câmara municipal. Linda Assunção, de 16 anos, que tinha um cartaz no qual se podia ler "se o planeta fosse um banco, já estaria salvo", afirmou estar a participar na iniciativa por estar "muito preocupada com as alterações climáticas".

Em Faro

Cerca de 400 estudantes, provenientes um pouco de todo o Algarve, concentraram-se à entrada de Faro, onde envergaram cartazes, entoaram gritos de protesto contra as alterações climáticas, e apelaram aos governantes por “mais união, menos poluição”. “Nós somos a primeira geração a ser afetada, a estudante da Suécia [Greta Thunberg] é uma inspiração para todo o mundo e nós portugueses às vezes somos deixados de parte, tal como o Algarve, e queremos ser ouvidos. Até porque o governo não está a dar a devida atenção a este problema”, reivindicou Margarida Roxo.

A estudante de 16 anos, do curso de Artes, da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, foi uma das responsáveis por este movimento ser realizado também na capital algarvia. “Pensei em ir a Lisboa, porque na altura era um dos únicos locais previstos, juntamente com Coimbra e Porto, mas seria difícil para muitos estudantes fazer essa viagem, então enviei uma proposta ao grupo nacional que aceitou. Vieram estudantes do todo o Algarve, desde Loulé, Tavira, Portimão ou Vila Real de Santo António”, rejubilou.

Entre os cerca de 400 estudantes presentes, na maioria do ensino secundário, marcaram presença também alguns alunos universitários, como Inês Nunes, de 20 anos, que frequenta o curso de psicologia, da Universidade do Algarve. “Ainda temos 12 anos para reverter o que foi feito até agora pelas gerações anteriores, de forma a tentar não acabar com o único planeta que temos. Quanto a faltar às aulas, acho que nem sequer teremos futuro se não estivéssemos aqui hoje”, salientou.

Açores e Madeira

Cerca de três dezenas de jovens açorianos juntaram-se esta manhã em frente à Assembleia Legislativa dos Açores, na ilha do Faial, empunhando cartazes e pedindo ações concretas contra as alterações climáticas. Acompanhados por alguns adultos, inclusive pais de alguns dos alunos, os jovens concentraram-se em frente ao parlamento dos Açores e andaram cerca de 200 metros até às instalações da Direção Regional do Ambiente do executivo açoriano, situada também na cidade da Horta.

"Sabemos que o problema é do mundo inteiro, mas é importante chamar a atenção para tudo isto e dizer que ainda não é tarde", disse à agência Lusa João, aluno na secundária Manuel de Arriaga.

Os Açores "são uma região com muita natureza, muito verde" e, por isso, poderão sentir menos algum tipo de poluição, mas "também por isso" é "importante chamar a atenção" dos governantes da região, motivo pelo qual o grupo de jovens - acompanhado de alguns adultos - decidiu deslocar-se do parlamento açoriano para a Direção Regional do Ambiente.

Planeta sustentável, mundo saudável

Já na Madeira, cerca de duas centenas de alunos manifestaram-se no Funchal, em frente à Assembleia Legislativa da Madeira, no âmbito dos protestos que decorrem em mais de 100 países sob o lema "fazer greve por um clima seguro". "Este assunto é demasiado importante e estes alunos fizeram muito bem em aderir, é um assunto que já deveria ter sido tratado há mais tempo, já deveríamos ter declarado o estado de emergência climática", afirmou Carolina Silva, 18 anos, responsável pela organização do movimento na Região Autónoma da Madeira.

"Somos a geração que mais sofrerá com as consequências [das alterações climáticas] e é muito importante nos manifestarmos agora", disse Carolina Silva, que é aluna do 12.º ano na Escola Básica e Secundária da Ponta do Sol, concelho da zona oeste da Madeira, vincando que os efeitos das alterações climáticas já são visíveis no arquipélago.

"Estamos ainda em março e já estamos com imenso calor, não temos tido dias de chuva suficiente, por exemplo para a nossa agricultura", alertou, sublinhando que por este caminho "provavelmente vão ser precisas muitas mais manifestações".

Os alunos que participaram na manifestação, oriundos sobretudo de escolas do Funchal, Ponta do Sol e Ribeira Brava, gritaram várias palavras de ordem, empunhando também cartazes com alertas, tais como: "Mudança no sistema, não no clima", "A Terra não nos pertence, nós é que pertencemos à Terra", "Planeta sustentável, mundo saudável". "Devemos pôr em prática aquilo que ensinamos", advertiu, por seu lado, Elisa Leitão, professora da Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares, na Ribeira Brava, zona oeste da Madeira, de onde vieram cerca de 50 alunos.

Estudantes portugueses de pelo menos 26 cidades vão associar-se ao longo do dia à greve mundial pelo clima. Mas a greve acontece um pouco por todo o mundo.

A nível mundial, centenas de milhares de alunos são esperados em mais de 100 países. Esta greve mundial de estudantes, que tem como lema “fazer greve por um clima seguro”, culmina uma série de manifestações semanais iniciadas no ano passado pela adolescente sueca Greta Thunberg.

As fotos do protesto mundial

Com Lusa