Em fevereiro, em plena pandemia global de COVID-19, a Canalys, uma reputada empresa de análise do mercado mundial de tecnologia, previu uma queda de 10% na venda e na distribuição de computadores. Segundo a Gartner, uma consultora de serviços tecnológicos de gestão, essa quebra foi ainda maior, atingindo os 12,3%. Foram menos 51 milhões de equipamentos comercializados entre janeiro e março deste ano. Desde 2013 que os números não eram tão baixos.

O encerramento das unidades de produção chinesas, no início do ano, é uma das causas apontadas pelos analistas. A paralisação dos transportes impediu a distribuição de componentes essenciais ao fabrico de dispositivos eletrónicos e, em simultâneo, interromperam a cadeia de distribuição. A venda de computadores foi uma das primeiras áreas a ser afetadas. A Asus, segundo a Gartner, regista uma quebra de 26% nas entregas. Na HP, a diminuição é de 12%.

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Na Lenovo, a menos afetada, não vai além dos 3%. De acordo com os analistas, na Europa, no Médio Oriente e em África, foram escoadas menos 7% de unidades, o que corresponde a 16,8 milhões de computadores. A esperança da recuperação reside no teletrabalho mas é preciso que as fábricas consigam responder à procura. "A generalização das medidas de confinamento originou picos na procura de computadores pessoais para o trabalho em casa e para a escola ao domicílio mas as unidades de produção [encerradas por causa da pandemia] não as puderam satisfazer", sublinha Mikako Kitagawa, diretora de pesquisas da Gartner.

A reabertura progressiva de algumas das fábricas na China no início de abril deixa os agentes do setor esperançosos. A consultora tecnológica IDC prevê "um crescimento duradouro" da procura ao longo dos próximos meses. Menos confiantes estão, no entanto, os analistas da Canalys, que prevêm uma retração de 9% no mercado global de computadores em função da diminuição da procura das pequenas e médias empresas, fragilizadas pela atual crise económica.