Foi por volta das 18h30 que, há um ano, o incêndio deflagrou no interior da Catedral de Notre-Dame de Paris, um dos monumentos mais visitados de França. Num ápice, a capital francesa era invadida pelo fumo, pelo cheiro a queimado, pelo barulho das sirenes dos carros dos bombeiros e até pelo som do helicóptero que começou a sobrevoar a cidade. Pouco antes das 20h00, o pináculo de 93 metros, uma das imagens de marca do templo religioso, desabava perante os olhares incrédulos.

Um ano após o incêndio que danificou a cobertura e o interior da catedral, é à distância que agora se planifica a retoma das intervenções de recuperação, interrompidas pelo surto de COVID-19 no passado dia 16 de março, faz amanhã um mês. Os estragos são grandes, como se pode antever nas imagens que invadiram a internet. Na altura, foram precisos 400 bombeiros para atacar as chamas e só ao fim de 15 horas é que as labaredas foram dadas como extintas.

Dois terços do telhado foram destruídos, a estrutura de madeira que os suportava foi devorada pelas chamas, as vigas carbonizadas desabaram. Perto de 400 toneladas de chumbo que integravam o teto e a torre da catedral, contruída entre os séculos XII e XIV, foram reduzidas a cinzas. O general Louis Georgelin foi encarregue dos trabalhos de recuperação do monumento, que prometeu reabrir a Catedral de Notre-Dame de Paris ao público no dia 16 de abril de 2020.

Apesar da paragem imposta pelo surto de COVID-19 que obrigou o mundo a recolher-se em casa, o prazo de entrega da obra não deve ser afetado. "Estamos otimistas mas devemos ser prudentes", afirmou uma fonte próxima do militar ao jornal francês 20 Minutes. No verão passado, as obras do monumento, que muitos na altura do fogo recordaram nas redes sociais, estiveram paradas durante três semanas, devido ao risco de contaminação de chumbo.

Parados desde o dia 16 de março, os trabalhos avançavam a bom ritmo. "Tínhamos previsto começar a desmontar os andaimes do dia 23 desse mês. É uma operação complexa que tem de seguir um protocolo", refere Jeremie Patrier-Leitus, diretor de comunicação da entidade que está a supervisionar os trabalhos. Apesar dos avanços, a catedral ainda está em perigo. "Notre-Dame ainda não está a salvo", alertou publicamente Louis Georgelin em janeiro.

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Só tubos metálicos por cortar ainda são 40.000. A remoção do órgão, a despoluição de chumbo da catedral e a segurança dos cofres interiores também estão na lista das intervenções que se seguem. Mas, como os envolvidos no processo reconhecem, ainda há muito por fazer até à data estipulada. Os arquitetos contratados continuam a trabalhar nos estudos de diagnóstico e de restauração necessários, numa altura que, na internet e nas redes sociais são muitos os ateliês de arquitetura, oriundos dos quatro cantos do mundo, que apresentam as propostas que implementariam se tivessem carta branca para intervencionar o monumento.

O início dessa discussão pública seria, de acordo com a intenção inicial, feita ao longo de 2020. Os trabalhos de (re)construção propriamente dita do monumento não avançam antes de 2021, como está definido no plano de restauro que foi aprovado. "Neste momento, mantemos o objetivo de devolver a catedral ao culto e aos visitantes no dia 16 de abril de 2024", garante fonte oficial da entidade pública francesa que está a supervisionar os trabalhos.