
Ser feliz, como diz Harari citando Epicuro, “dá muito trabalho”.
O que quer que seja a felicidade ... a perceção de felicidade ... (o achar-se “feliz" da infância até à entrada na idade adulta), vai diminuindo, sem que seja muito claro porque é que a idade traz consigo uma perceção de menos felicidade.
A perceção de felicidade é, em geral, também menor nas meninas, nas adolescentes e nas mulheres, sem que se perceba se elas são mais exigentes, ou mais sofredoras.
As crianças associam a sua felicidade às boas relações com a família, com os amigos e com o tempo de lazer. Um pouco mais tarde na adolescência é também importante a descoberta do amor e da paixão. A escola, para grande perda em termos do valor do “conhecimento”, não consta nesta lista de coisas que os fazem felizes.... pelo menos se estivermos a falar das aulas. Outra coisa são os recreios, claro, mas aí o que é bom é conviver, com amigos e amores.
A perceção de segurança na escola (não ter medo) está muito associado a este bem-estar, sobretudo nas meninas.
Nos rapazes a felicidade está associada à perceção de segurança no bairro.
A má comunicação com os pais e professores está ligada a uma perceção de infelicidade neles e nelas.
As dificuldades de gestão do stresse diário estão ligadas a uma perceção de se ser menos feliz
É interessante que gostar do seu corpo é importante para eles e elas não se sentirem infelizes, mas não contribui diretamente para eles e elas se sentirem felizes.
Durante a adolescência a qualidade das relações interpessoais são fundamentais, e também a gestão de estados percebidos negativamente como a ansiedade nos testes, a exaustão e a dificuldade de gestão do uso de ecrãs.
É bom ser-se confiante, estar-se conectado aos outros.
Se o dinheiro pode não dar felicidade, na verdade, a precariedade económica causa infelicidade e uma das vias é o aumento de preocupações.
Se ser feliz dá muito trabalho, ser feliz quando se está a crescer, quando se é mulher, e quando se tem dificuldades económicas, dá ainda mais.
Margarida Gaspar de Matos
Psicóloga Clínica e da Saúde; Professora Catedrática; Coordenadora do livro A Arte de Construir o Futuro (PACTOR)
Imagem cedida por Freepik
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