Trouxe-a comigo. Dava gosto escrever com aquele objeto que parecia saído de um teledisco do início dos anos oitenta, mas pouco a usei… Da primeira vez que a minha mãe lhe pôs a vista em cima também ficou magnetizada pela sua cor e brilho. Insisti para que ficasse com ela, o que relutantemente aceitou pois não me queria ver privada de tão original artefato. Expliquei-lhe que me daria imenso prazer que aceitasse e assim ficámos.
Quando voltei à tal loja comprei outra que me foi “gabada”, logo no dia seguinte, por uma outra mulher que muito admiro. – Olha que gira! A Pacha ia adorar esta caneta! – Disse a Sveta sem saber ainda que a levaria para a oferecer à filha nessa mesma noite.
- Quando for à loja logo compro outra. – Pensei, enquanto saboreava de novo o imenso prazer de partilhar coisas belas.
E assim foi. Voltei à loja e comprei outra… e outra e outra… Porque de cada vez que a trazia e usava, havia sempre alguém a dizer – Olha… que bonita…- Não sei a quantas pessoas já dei a bendita caneta lilás, que tanto gosto me dá oferecer. E percebo que é nas dádivas mais inesperadas e insignificantes que as maiores ofertas se desembrulham… Entendo que este pequeno prazer de partilha é tão íntimo e repleto de significado como o pode ser um sorriso aberto ou um olhar sustentado.
À cautela, da última vez que fui à tal loja, trouxe meia dúzia, para que o prazer não se me acabe depressa!
Mas agora me lembro… A primeira vez que tomei posse da misteriosa caneta lilás, o caixa já tinha fechado a minha conta e… ofereceu-ma!
Ana Amorim Dias
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