“Na área da Ciência e Ensino Superior e até mesmo na das Empresas, nota-se que as mulheres, muito embora existam mais nas bases, não conseguem chegar a posições de chefias. Esse é o grande problema”, afirmou.
Assinalando que existem “menos reitoras, menos chefes de laboratórios e menos professoras catedráticas”, Elvira Fortunato admitiu que a introdução de quotas de género pode ser uma solução para ajudar a mudar a situação.
“Durante muitos anos fui contra, mas, face às projeções [que apontam que para atingir essa paridade será necessário] esperar 100 anos, penso que há mecanismos e instrumentos, como quotas, que podem ser incluídos para tentar aliviar o processo”, referiu.
A ministra falava à agência Lusa depois de ter discursado na abertura do 6.º Simpósio Internacional da Associação Portuguesa de Mulheres Cientistas (AMONET), realizado na Universidade de Évora (UÉ).
Notando que já existem quotas de género em “algumas situações” no Ensino Superior, como na “parte dos júris”, a governante defendeu que, por exemplo, falta aplicar este instrumento nos órgãos de gestão.
“Há uma série de áreas em que podemos, de alguma forma, tentar mexer um bocadinho. Não queremos tirar o mérito a ninguém, só queremos exatamente os mesmos direitos que os homens têm”, sublinhou.
Elvira Fortunato lembrou que o seu ministério e a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) lançaram, em novembro passado, o programa Restart para que jovens mulheres cientistas possam constituir família sem prejudicar a carreira científica.
Este programa vai “dar a possibilidade, a jovens mães que tenham utilizado a dispensa de maternidade ou até mesmo de parentalidade, de terem projetos e, no fundo, evitar que exista uma quebra devido a questões familiares”, explicou.
A ministra reafirmou que Portugal quer “ser um exemplo internacional” em termos de paridade de género na área da Ciência e Ensino Superior e que o seu ministério “está a trabalhar” para atingir esse objetivo.
A redução de horário para jovens mães docentes ou investigadoras e a criação de creches nas universidades são outras das medidas que “agradam” à titular das pastas da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
“Há uma série de mecanismos que até não envolve muito dinheiro e que está ao nosso alcance”, acrescentou.
Também em declarações à Lusa, a presidente da AMONET, Ana Costa Freitas, que deixou o cargo de reitora da UÉ em maio deste ano, considerou que Portugal “é dos países que mais tem progredido” para atingir a paridade de género na área da Ciência.
Porém, “o ponto em que falta avançar é o de as mulheres chegarem a lugares de topo, como professor catedrático, investigador principal, ou à liderança das instituições de ensino superior e das instituições de investigação”, sustentou.
Segundo a presidente da AMONET, as mulheres lideram nos ingressos nas instituições de ensino superior, nos doutoramentos e no número existente de professores assistentes e até auxiliares.
“A partir daí, inverte completamente e é isso que pretendemos que vá sendo alterado”, lamentou.
Comentários