Chegou a Lisboa no início de 2021, deixando para trás Miami e São Paulo, as cidades onde cresceu, para se estabelecer na cidade que o apaixonou, Lisboa. Deixava atrás de si atuações em concertos de artistas como Akon e Tyga e trazia consigo o sonho de uma carreira. Depois da sua primeira música, Smoke, que conta com mais de 500 mil reproduções nas várias plataformas, LEO lança agora Issues, o seu primeiro single enquanto independente, inserido no novo projeto a solo, Child of SP, enquanto independente.

O LEO abriu concertos para grandes nomes da música internacional, como Akon e Tyga. Como foi essa experiência?

Inacreditável. O facto de poder ter a experiência dos bastidores naquela idade, em uma cidade como São Paulo e ter 15,000 pessoas à frente gritando e aplaudindo você…não tem como descrever. Principalmente o concerto do Akon, que foi o artista no qual comprei meu primeiro disco, aos 7 anos, o Konvicted. Foi um sonho que nunca imaginei realizar.

Quais são as suas principais influências musicais?

Tenho alguns… na parte vocal minha maior referência é, e sempre será, Chet Baker. Ele praticamente me ensinou a cantar e usar a voz como um instrumento doce e sincero. Quanto a produção, não tem como não mencionar artistas como Kanye West, Kendrick Lamar, Rick Ross, The Weeknd, entre muitos outros. Eu procuro sempre achar um meio termo entre a delicadeza da minha voz com o grave. O Bass. é uma dinâmica que me agrada bastante.

Caracteriza-se como “Child of SP” (Filho de São Paulo). Como foi a sua vivência na cidade e o que transporta daí para a sua música?

São Paulo me abraçou, me acolheu, me deu uma identidade e uma causa. Ela mesma. São Paulo é o epicentro da América do Sul…uma selva de pedra. Cada bairro, uma vivência com seus defeitos e virtudes e quando cheguei e vi aqueles arranha céus, aquelas avenidas…me deu a possibilidade de sonhar. Muito mais do que já sonhava.

Até ouso dizer que São Paulo foi o início do meu orgulho de ser brasileiro. Um desbloqueio. Devido a minha falta de familiaridade com as minhas próprias origens devido ao fato de ter sido criado em Miami e conhecer somente minha cidade natal, Campinas.

Eu levo as vivencias não só para a música como para a minha vida. Aquela metrópole tem regras que não são escritas. Códigos de conduta. Histórias. Inclusivamente recomendo que ouçam a música "Não Existe Amor em SP" de Criolo. Um rapper consagrado no nosso país que descreve São Paulo de uma maneira que nunca foi feita.

Eu simplesmente estou pegando todas essas experiências, histórias, vivências e trazendo para o palco internacional. Um espaço que pode até conhecer o nome da cidade, mas agora será de uma forma mais profunda através da música com excelência pois tive os grandes e melhores como referência.

Sente que é difícil para um artista brasileiro que canta em inglês afirmar-se?

Sem dúvida alguma. Para os franceses, belgas, holandeses já é muito complexo imagina para nós da lusofonia sejamos brasileiros, angolanos, portugueses, etc. E em um país como o Brasil é praticamente impossível devido á grande quantidade de conteúdo em português e o mais complexo, a falta de familiaridade e domínio da língua. Até no próprio espanhol, língua dos nossos vizinhos sul americanos.

Mas eu tenho superado barreiras e busco ser o primeiro de onde venho da minha geração a conseguir o meu espaço internacionalmente. Não deveríamos priorizar a língua, mas sim o sentimento. Eu falo cinco línguas então, às vezes escrevo em italiano, espanhol, francês… Mas eu nunca pensei nisso, é algo natural que deve ser respeitado pelos ouvintes e pelos críticos. Não há barreiras para aqueles que sabem usar a tecnologia como a arma que ela é e tem a coragem para dar as caras e executar com excelência.

Porque decidiu vir para Portugal?

Minha avó já morava aqui e em 2019, quando a viemos visitar, eu e a minha família nos apaixonamos pela cidade [Lisboa]. Cresci entre duas cidades grandes, como S. Paulo e Miami, ambas muito fortes culturalmente e com uma identidade muito vincada. Lisboa é diferente. É o poço de culturas e de constantes intercâmbios. Ouvem-se dezenas de línguas e juntam-se artistas de todo o mundo e isso é de uma riqueza sem paralelo. Por isso, quando recebi uma proposta de uma discográfica para vir gravar para Portugal, eu e a minha família não pensámos duas vezes. Por ser um país europeu o inglês já não seria mais um problema como no Brasil, seria. Rodeado de outros países que também consomem e falam o inglês. Conversei muito com a minha família por meses e chegamos a conclusão que era um risco que valia a pena, então pegamos as malas, passaportes e viemos.

A sua carreira foi interrompida numa fase muito precoce, por um problema de saúde. Isso mudou-o?

Foi confuso, frustrante e assustador. O maior desafio acredito que seja o após. Seguir com a vida normal. Neste momento posso dizer que estou curado tanto da doença quando da parte mental. Foi muito complexo. Mas eu sabia que não havia possibilidade de me render então passei um ano e meio fora dos holofotes para me preparar de corpo, mente e alma para voltar como outra pessoa. Irreconhecível.

Irreconhecível porque não me identifico mais com a pessoa que eu era. Não que eu era uma pessoa ruim, mas, diria que hoje sou mais consciente que a vida é um presente e não tem como levar isso em vão. As coisas têm preço, mas saúde, família, amor verdadeiro… Isso tem muito valor.

Quais são as suas expectativas para o lançamento de "Issues"?

Que o som encontre aqueles que vão se conectar e se relacionar. Obviamente, quero fazer o máximo de barulho possível, e o sucesso virá…tenho colocado um tijolo de cada vez e acredito que Issues é um passo muito importante e um nível acima do que estava habituado a expor no passado. Hoje sou um homem adulto, um músico com dez anos de busca e carreira e sei exatamente o que quero mostrar e o que sinto.