Há países onde um prato de comida custa 1,06 euros e outros onde esse valor chega a ultrapassar os 306,79. A diferença abissal é uma das conclusões alarmantes avançadas pelos autores de "Counting the beans - The true cost of a plate of food around the world 2018", o relatório de 2018 do Programa Mundial de Alimentos, uma das iniciativas de apoio alimentar dinamizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Partindo do pressuposto que uma refeição média nos EUA custa 1,20 dólares, menos de 1,10 euros, os profissionais da instituição recolheram os dados de 53 países e chegaram à conclusão que o mesmo prato de comida custa 348,36 dólares, cerca de 306,79 euros, no Sudão do Sul. Na Nigéria, custa 222,05 dólares, 195,55 euros. Na República Democrática do Congo, que surge em terceiro lugar na tabela, chega aos 79,46 dólares, 69,98 euros.
Malaui (67,10 euros), Iémen (54,93 euros), República Centro-Africana (53,09 euros), Moçambique (48,39 euros), Haiti (46,28 euros) e Gâmbia (39,14 euros) completam a lista dos 10 países onde um prato de comida implica um investimento maior. "Como é que as pessoas no Sudão do Sul podem pagar? Não podem", afirmam os autores do documento. "É para isso que nós, o Programa Mundial de Alimentos em parceria com outros parceiros humanitários, existimos", refere ainda o relatório.
"A fome é um escândalo moral e uma violação dos direitos humanos. Ainda assim, continua a ser uma realidade que persiste e que desafia a razão e a decência. Há 821 milhões de pessoas que passam fome", critica a ONU. As clivagens abissais entre os mais ricos e os mais pobres foram também apontadas pelos autores da iniciativa Dollar Street, através de um projeto fotográfico com crianças que desenvolveram nos últimos meses.
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