
Teresa tem 80 anos e vive em Lisboa. Gosta de bordar, rir com amigas, e ajudar a filha e a neta, que, como diz, são o maior papel da sua vida. Mas antes de ser avó, mãe ou funcionária pública, Teresa era uma miúda que queria ser atriz. Cresceu a admirar estrelas como Beatriz Costa e Laura Alves, sonhava com os palcos, com o brilho do teatro de revista e com os textos densos de Virginia Woolf, que devorava em silêncio, na esperança de um dia poder representá-los.
O destino, no entanto, tinha planos diferentes. Nascida numa família pobre, num tempo em que comprar sapatos era um luxo, Teresa entrou cedo no mundo do trabalho. Passou por fábricas e escritórios e, durante a Guerra Colonial, foi chamada para prestar apoio administrativo no Ministério da Defesa Nacional. Aí, ganhou fama entre colegas como a alma da repartição, sempre com uma piada pronta ou uma história para animar o ambiente. Se não pôde subir ao palco como atriz, encontrou ali o seu pequeno palco diário, onde também encantava audiências, ainda que mais discretas.
Décadas depois, o seu sonho ganhou vida, curiosamente, através da tecnologia. Teresa tornou-se protagonista da mais recente campanha da MAPFRE a propósito do seguro Vida em Vida. "Nada por Viver" foi criada em colaboração com o Teatro Tivoli BBVA e a associação “A Avó Veio Trabalhar”. A campanha, que combina elementos artísticos e tecnológicos, parte da pergunta “E se tivéssemos vivido a vida que sonhámos em criança?” e convida-nos a imaginar as infinitas versões que cada vida poderia ter.
No centro da campanha está um pequeno filme onde Teresa conta a sua história, gravado dentro do centenário Teatro Tivoli, recentemente reconhecido como um dos tesouros da cultura cinematográfica europeia. O momento mais comovente do filme acontece quando Teresa vê, pela primeira vez, imagens criadas por Inteligência Artificial a partir de fotografias suas de juventude. Essas imagens mostram uma Teresa atriz, em cena, a viver o sonho que nunca concretizou. Emocionada, ela reconhece aquela versão de si mesma e reconhece também que, apesar de tudo, não trocaria a vida que teve.
“Não deixem nada por fazer – e não se arrependam do que já fizeram”, diz Teresa no final do filme, com a serenidade de quem fez as pazes com o passado e o presente. É uma mensagem simples, mas poderosa e profundamente humana.
Hoje, continua ativa no atelier de “A Avó Veio Trabalhar”, em Arroios, onde partilha o seu tempo com outras mulheres que, como ela, recusam a invisibilidade do envelhecimento. Em comum, todas têm a criatividade, o humor e a vontade de continuar a fazer parte do mundo, não à margem, mas no centro da conversa.
A campanha "Nada por Viver" é, acima de tudo, um exercício de empatia: mostra-nos que a Inteligência Artificial, tantas vezes vista com desconfiança, pode também ser uma aliada na arte de imaginar, e até de resgatar, vidas alternativas. Não se trata de apagar o que foi, mas de dar espaço ao que poderia ter sido. E ao fazer isso, dar valor ao que é.
Teresa talvez nunca tenha sido atriz no sentido clássico. Mas, com esta campanha, acaba por nos mostrar que cada vida contém muitas vidas, algumas vividas, outras sonhadas. E que, às vezes, é preciso apenas um ecrã, um palco e uma boa história para nos lembrarmos do mais importante: ainda há muito por viver.
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