Através de um estudo realizado em Portugal, a My Nametags apurou a relação dos portugueses com o ciclo de vida da roupa, traçando assim um panorama nacional dos hábitos e preferências. O intuito é o de sensibilizar a população para a reutilização e o flagelo ambiental da indústria têxtil.
Portugal no bom caminho para reduzir a pegada ambiental da indústria da moda?
Segundo o Parlamento Europeu1, o vestuário, o calçado e os têxteis para uso doméstico contribuem para a poluição da água, as emissões de gases com efeito de estufa e os aterros. Alertam também para a necessidade de redução dos recursos naturais na confeção dos mesmos: se continuarmos a explorar os recursos naturais como o fazemos agora, em 2050 necessitaremos dos recursos de três planetas Terra para satisfazer as nossas necessidades.
Pensando que o prolongamento do ciclo de vida da roupa através da reutilização é uma forma de contribuir para o ambiente, é interessante analisar que mais de metade dos inquiridos (52%) doa a instituições de caridade ou lojas de segunda mão a roupa que já não serve aos filhos, 45% oferece a familiares ou amigos e apenas 6,72% deita a roupa fora.
No que toca à duração da roupa pela mesma pessoa, maioritariamente a roupa das crianças dura um ano letivo e 48% dos pais confessa que, por vezes, compra roupa maior para que dure mais tempo sendo que a principal razão para a substituição dos produtos é o fato de deixarem de servir. Os produtos que são mais vezes substituídos são os sapatos (28,%), seguidos das calças/saias (27%).
Mercado de segunda mão: uma opção distante em Portugal?
Apesar de facilmente darem a roupa que já não usam, na hora de adquirir esta modalidade não tem ainda grande adesão em Portugal, seja para adultos ou crianças. Metade dos inquiridos (46%) afirma nunca ter comprado roupa em segunda mão para si e 68% também não o faz para os filhos. Quando questionados sobre as razões para não aderirem a esta prática, a facilidade em comparar artigos novos (25%) e a vontade de ter as últimas novidades (30%) falam mais alto.
Estes números podem ser explicados com a tendência da fast-fashion, onde todas as semanas saem novas coleções, e muitas delas exclusivas, o que entusiasma ainda mais o consumidor a comprar no momento. Esta tendência está explícita no estudo: mais de metade dos inquiridos (58%) revelou que tem roupa no armário que nunca utilizou. No entanto, importa lembrar que para produzir uma t-shirt são necessários 2700 litros de água, água potável suficiente para uma pessoa consumir durante 2 anos e meio1.
Dos 8% que compra quase sempre ou regularmente para si ou para os filhos, aponta como principais razões o fato de poupar dinheiro (34%) e ser mais sustentável (19%).
Para os portugueses dar a roupa que já não utilizam é algo natural, por outro lado, apesar do enorme aumento da consciência ambiental e do mercado da roupa em segunda mão ter uma margem de progressão e crescimento muito aliciantes, ainda temos um grande caminho a percorrer.
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