“É um grande contentamento pessoal e profissional, por todos os lisboetas e por aquilo que Lisboa pode ser”, afirmou Carlos Moedas (PSD), em declarações à Lusa, enaltecendo a concretização do “sonho europeu” de ter 100 cidades que caminham para a neutralidade carbónica, em que a capital portuguesa foi uma das escolhidas para liderar o desafio.

A Comissão Europeia anunciou hoje que Guimarães, Porto e Lisboa foram as cidades selecionadas em Portugal para participar na “Missão da UE para 100 cidades neutras e inteligentes até 2030, a chamada Missão Cidades”.

“Ter conseguido que Lisboa seja parte dessas 100 cidades é uma responsabilidade muito grande, porque é esta ligação entre a Europa e as cidades que vai poder, realmente, fazer aquilo que é o concreto na luta contra as alterações climáticas”, disse o autarca, lembrando o seu trabalho como comissário europeu para a Investigação, Inovação e Ciência entre novembro de 2014 e dezembro de 2019.

Na Comissão Europeia, Carlos Moedas defendeu que se deveria “definir metas concretas e missões” em áreas como as cidades, a energia e o cancro.

“Agora vou ter a oportunidade como presidente da Câmara de Lisboa de concretizar essas missões e, no fundo, esta ‘Missão das Cidades’”, salientou.

O autarca do PSD destacou a medida de transportes públicos gratuitos para residentes jovens e idosos em Lisboa, aprovada na passada quinta-feira, realçando o feito de conseguir no período de uma semana ter também a notícia de que a capital portuguesa foi escolhida para ser uma das 100 cidades a participar na missão da UE para ecossistemas de inovação e com vista à neutralidade do ponto de vista climático até 2030.

“Faz realmente esta semana uma das mais importantes […] nesta nossa caminhada e nestas nossas medidas para tudo o que é a descarbonização da cidade e aquilo que é o nosso empenho nessa luta, portanto é um dia extraordinário”, declarou o presidente da Câmara de Lisboa.

Além da gratuitidade dos transportes públicos, Carlos Moedas considerou que o que diferenciou a candidatura de Lisboa para a “Missão 100 cidades com impacto neutro no clima e inteligentes até 2030” (100 Climate-Neutral and Smart Cities) tem que ver com a capacidade de “fazer e escolher vários projetos que são concretos e que têm um efeito direto na vida das pessoas, nessa descarbonização, por exemplo, a iluminação pública através de LED, em vez de ser a típica lâmpada incandescente”, o que representa “mais de 80% de poupança”.

“É essa mudança em Lisboa que queremos fazer nas 70 mil luminárias que temos, para transformá-las em lâmpadas LED, e isso terá um efeito muito prático, muito concreto”, referiu o autarca, destacando ainda o projeto Lisboa Solar, que tem a ver com a instalação dos sistemas solares nos edifícios municipais, em que a energia produzida pode também “ajudar aqueles que mais necessitam”.

Outras das medidas é a utilização das águas residuais para a rega e para a lavagem das ruas, em vez do uso de água potável, como já acontece na zona norte do Parque das Nações, “com os 30 hectares que estão a ser regados através da Estação de Tratamento de Beirolas”, apontou.

“Conseguimos ter metas e projetos muito concretos e um empenho enorme, uma vez que mais de 36% do nosso orçamento é dedicado a estas matérias climáticas, portanto eu penso que isso também nos diferenciou”, frisou o presidente da Câmara de Lisboa.

Carlos Moedas felicitou também os autarcas de Guimarães e Porto, cidades portuguesas igualmente escolhidas para o desafio de liderança europeia no âmbito das alterações climáticas.

“Acho que todas estas cidades que aqui temos vão passar a ter um selo de qualidade muito importante para o futuro, ou seja, é uma responsabilidade, mas também seremos os embaixadores da causa europeia da descarbonização”, defendeu, explicando que o processo tem que envolver os cidadãos para a co-construção de políticas públicas.

A primeira atividade do Conselho de Cidadãos, iniciativa de participação cívica implementada pelo atual executivo sob a liderança de PSD/CDS-PP, com uma reunião agendada para 14 e 15 de maio, vai “discutir com a cidade todos estes pontos” relacionados com as alterações climáticas, realçou o autarca de Lisboa.