O documento, da responsabilidade da organização internacional Disclosure Insight Action (CDP na sigla original), teve em conta dados de 2020 de mil empresas europeias, que representam cerca de 80% do valor de mercado da Europa.

Segundo um comunicado da organização, até agora menos de uma em cada 10 empresas tem objetivos de emissões de gases com efeito de estufa alinhados com as ambições do Acordo de Paris sobre o clima, de impedir que as temperaturas globais subam além de 02 °C em relação à época pré-industrial.

Tal significa, diz o documento a que a Lusa teve acesso, que os bancos que financiam estas empresas “estão hoje longe de estar alinhados com o Acordo de Paris”.

O CDP salienta no relatório que 56% das empresas, nomeadamente no setor da energia, dizem ter em vigor um plano de transição (tendo em conta a luta contra as alterações climáticas), e que as melhores empresas em termos de descarbonização comunicaram reduções totais de emissões de 15% no ano passado. Mas nota também que apenas 35% das indústrias de maior impacto estão a divulgar dados sobre as emissões indiretas de gases com efeito de estufa.

Os autores do documento, com base em modelos e cenários para 2030, estimam que limitar o aquecimento a 1,5°C exigiria um aumento de oito vezes o atual nível de ambição das empresas europeias em matéria de emissões.

O relatório aponta também o papel fundamental dos bancos e dos investidores, salientando que atualmente apenas metade das instituições avalia se os clientes/empresas têm estratégias alinhadas com o Acordo de Paris.

Assim, indica o relatório hoje divulgado, o setor empresarial europeu está no caminho de um aumento da temperatura global de 2,7 °C até ao fim do século.

Maxfield Weiss, director executivo do CDP Europa, citado no documento, afirma que “o setor empresarial europeu está a aquecer”. E se admite que empresas líderes em muitos setores estão a estabelecer objetivos e a conseguir reduzir emissões, também alerta que menos de uma em cada 10 empresas tem metas suficientemente ambiciosas.

“Os nossos novos dados mostram que precisamos de muito mais ação das empresas e instituições financeiras para atingirmos os nossos objetivos”, disse, incitando os bancos e investidores a envolver mais as empresas de modo a acelerar a transição para um modelo mais perto do Acordo de Paris.

O CDP é uma organização sem fins lucrativos que procura que empresas e governos reduzam as emissões de gases com efeito de estufa, salvaguardem os recursos hídricos e protejam as florestas. Em 2019 mais de 8.400 empresas e 920 cidades, estados e regiões divulgaram dados ambientais através do CDP.