“Preparem-se para uma maratona, não para uma corrida, porque resolver um problema tão grande, tão complexo e tão importante nunca aconteceu de uma só vez”, disse.

Num discurso de cerca de uma hora, o antigo chefe de Estado (entre 2009 e 2017)disse que a COP26 ouviu “boas e más notícias”, enaltecendo os compromissos feitos, mas reconhecendo que ainda não se está “nem perto” de onde era preciso estar.

“Apesar do progresso que Paris representou, a maioria dos países não conseguiu cumprir os planos de ação que estabeleceram há seis anos. E as consequências de não se mexerem suficientemente rápido estão a tornar-se mais aparentes”, lamentou.

Reconhecendo o desvanecimento da cooperação internacional nos últimos anos, em parte devido ao seu sucessor Donald Trump, que fez os EUA saírem do Acordo de Paris, Obama lamentou a falta de ambição e ausência na COP26 da Rússia e da China.

“Os seus planos nacionais até agora refletem o que parece ser uma perigosa falta de urgência, uma vontade de manter a situação atual por parte desses governos, e isso é uma pena”, estimou.

Pelo contrário, elogiou os jovens por estarem pelos seus esforços para colocarem pressão nos políticos, encorajando-os a a continuar, por exemplo, a tentar influenciar também as empresas e serem mais ecológicas.

Mas, vincou, “não será suficiente simplesmente mobilizar os convertidos” ou forçar os outros a mudar de opinião com manifestações, protestos ou campanhas nas redes sociais.

Para além dos negacionistas, lembrou, existem “trabalhadores e comunidades que ainda dependem do carvão para a eletricidade e empregos”.

“Para construir as coligações de base alargada necessárias para uma ação arrojada, temos que persuadir as pessoas que não concordam connosco ou são indiferentes ao assunto”, explicou, urgindo os jovens a “canalizar” a raiva e frustração e a continuarem mobilizados.

“Fazer com que as pessoas trabalhem juntas a uma escala mundial demora tempo”, admitiu, e “todas as vitórias serão incompletas”.

“Às vezes seremos forçados a contentar-nos com compromissos imperfeitos, porque mesmo que eles não consigam tudo o que queremos, pelo menos eles fazem a causa avançar”, disse.

Decisores políticos e milhares de especialistas e ativistas reúnem-se até sexta-feira na COP26 para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e aumentar o financiamento para ajudar países afetados a enfrentar a crise climática.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.