"Exorto todos em Portugal a pensar na desobediência civil não violenta e nos efeitos que esta pode ter, precisamos de levar a voz do povo ao primeiro-ministro, António Costa, e exigir um futuro baseado em plantas", disse Sofia Pontes à agência Lusa.
A portuguesa de 26 anos foi detida pela polícia britânica por protagonizar um protesto do grupo ‘Animal Rebellion’, quando, juntamente com outro ativista, despejou garrafas de leite no chão e prateleiras das lojas Fortnum and Mason e Selfridges, duas lojas emblemáticas de artigos de luxo.
O 'Animal Rebellion' defende a transição para um sistema alimentar baseado em plantas, deixando os oceanos e solo usado até agora pela agricultura para serem ocupados pela vida selvagem de forma a reduzir o dióxido de carbono na atmosfera e travar as alterações climáticas.
Para Pontes, esta é uma questão de "justiça social, climática e animal”.
"Enquanto continuarmos a depender da pecuária e da pesca, não podemos começar a resolver a actual crise climática”, vincou.
Estudante de Psicologia, Sofia Pontes vive no Reino Unido desde criança, para onde se mudou da Madeira com a família.
Foi durante um festival para veganos no verão passado que a portuguesa se juntou ao ‘Animal Rebellion’, grupo derivado do movimento ambientalista ‘Extinction Rebellion’, e desde então tornou-se mais ativa, participando em eventos e protestos.
Atualmente não tem ligações diretas com organizações portuguesas, mas está interessada em fazer a ponte com ativistas no Reino Unido.
A participação na ação da semana passada resultou numa cobertura mediática na imprensa tablóide britânica graças aos vídeos e fotografias existentes, mas também em acusações de roubo e danos no valor de 100.000 libras (115.000 euros) pelas quais terá de responder em tribunal.
Outra potencial consequência será perder o estatuto de residente e ser deportada pelas autoridades britânicas, embora esta seja uma medida aplicada a autores de crimes graves e reincidentes.
Sofia Pontes admite que "esta não é uma situação em que uma pessoa escolheria estar”, mas que "é um pequeno preço a pagar” pela causa que abraçou.
"Quando comecei [a colaborar] com o 'Animal Rebellion' era uma coisa que me preocupava bastante, mas agora acredito que o preço de não fazer nada é muito maior que uma sentença que qualquer sistema de justiça me possa impôr”, respondeu à Lusa.
Nos últimos 11 dias só em Londres foram detidas 338 pessoas envolvidas em manifestações dos grupos ambientalistas ‘Just Stop Oil’ e ‘Animal Rebellion' por bloquearam estradas e protestos em edifícios e comércios, revelou na quarta-feira o comissário da Polícia Metropolitana, Mark Rowley.
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