A filha do ator Virgílio Castelo fez o curso de Medicina Tradicional Chinesa na Escola Superior de Medicina Chinesa e abriu a Clínica Balance, em Alvalade, para proporcionar melhor qualidade de vida a todos os que a procuram. Aos 28 anos, Tâmara Castelo está feliz e realizada com a carreira que escolheu.


Há quanto tempo acabou o curso de Medicina Tradicional Chinesa?
Acabei há quatro anos. A área da saúde foi sempre a minha vocação, tanto que a escolhi mal acabei o nono ano. Ainda tentei entrar na Faculdade de Medicina mas como não consegui, surgiu a oportunidade da Medicina Chinesa e não hesitei.

O curso correspondeu sempre às suas expectativas?
Sempre. Quando estava no quarto ano do curso, aconteceu-me uma coisa ótima: tive a possibilidade de fazer uma pós-graduação de três anos em Homeopatia pela The Faculty of Homeopathy (UK).

Abriu a sua clínica há quanto tempo?
A partir do terceiro ano do curso estamos aptos a fazer massagem Tui-Na e, nessa altura, abri a minha primeira clínica próximo das Olaias. No ano passado mudei-me para as proximidades da Avenida Estados Unidos da América, para a Rua dos Lagares D'El Rei.

Tem cada vez mais doentes?
Sim, sem dúvida. São os meus doentes que trazem os familiares e os amigos e não há melhor promoção do que esta. O passa palavra é a divulgação mais eficaz.

As pessoas procuram-na para tratar alguma patologia específica?
A principal talvez seja para tratar depressões associadas a outros problemas de saúde, problemas ginecológicos, problemas endocrinológicos nomeadamente da tiroide, e também a problemas de dor, já que a Medicina Chinesa está muito associada à acupunctura, embora este tratamento seja uma prática ínfima da minha prática clínica.

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A Medicina Chinesa também está muito ligada à fitoterapia...
E que eu utilizo muito. Aliás, é aí que assenta a Medicina Chinesa, já que a farmacopeia chinesa é imensa. E não se pense que os produtos naturais não são eficazes: quanto mais terapêutico é um produto, mais agressivo é.

É uma Medicina diversificada.
E muito completa. É uma Medicina geral que atravessa todas a vertentes do corpo: circulatório, respiratório, digestivo, tudo. Aparecem ultimamente muitas pessoas com Síndrome de Chron, colite ulcerosa ou cólon irritado. Estas patologias são tratadas essencialmente com fitoterapia.

Esses produtos encontram-se cá?
Sim. Embora a fitoterapia normal que vemos no Celeiro não tenha nada a ver com a nossa medicação que tem uma matéria médica diferente da europeia.

A matéria médica oriental é totalmente feita a partir de plantas?
Criam um composto químico à base de várias plantas com percentagens específicas de acordo com aquilo que é a função da fórmula e que na sua totalidade constitui o medicamento adequado a cada síndrome. Estes medicamentos já estão patenteados há muitos anos.

Vendem-se na farmácia?
Não. Os medicamentos que eu prescrevo no meu consultório vêm, maioritariamente, dos Estados Unidos, mas também se vendem nos distribuidores locais ou em farmácias chinesas ou homeopáticas. É um nicho complicado porque neste momento ainda não há legislação. Tudo o que há é uma lista de plantas proibidas na Europa, baseada nos níveis de toxicidade.

Este curso obriga a um estágio na China?
Sim, todos nós temos de passar obrigatoriamente pelos hospitais chineses. O nosso curso é de cinco anos todos os dias da nossa vida e começamos a estagiar a partir do segundo ano. No final, temos de ir à China para obtermos o diploma.

Esta medicina está atualizada?
Claro que sim. A Medicina chinesa não parou no tempo, pelo contrário, evoluiu com o passar dos anos, e estamos habilitados a avaliar análises, raio-x e todos os meios de diagnóstico que existem na nossa sociedade.

A fitoterapia é mesmo o forte da Medicina Chinesa?
No meu caso, mais de 80 por cento da minha prática é baseada na fitoterapia.

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Tem mais doentes do sexo masculino ou feminino?
Depende das patologias mas, de uma maneira geral, tenho mais mulheres do que homens. A média é de 70-30. Os homens normalmente vêm empurrados pelas mulheres.

Trabalha só no seu consultório?
Trabalho no consultório e no Centro de Saúde do Beato. A Junta de Freguesia promove um espaço de saúde onde há médicos de várias especialidades e eu estou inserida com a Medicina Chinesa.

Também tem doentes chineses?
Curiosamente só tenho uma doente. Em centenas de doentes, tenho um chinês...

Acha que eles vão aos nossos hospitais?
É a verdadeira integração dos povos! Enquanto nós estamos a ir ao encontro das raízes deles, os chineses vão à procura da medicina ocidental.

Esta prática clínica tem alguma comparticipação?
Eu sou médica da Multicare, logo os meus doentes que tenham este seguro são comparticipados nas consultas e os medicamentos homeopáticos entram também como despesa no IRS, nos outros subsistemas de saúde nem pensar.

A crise tem afetado a sua atividade clínica?
Até agora não. Talvez porque estou a praticar preços mais baixos. É uma questão de opção: prefiro que os meus preços sejam acessíveis a toda a gente, por isso fixei preços que dessem para todos: o preço da minha consulta de Medicina Chinesa é de 30€.

Trata a sua filha com Medicina Chinesa?
Claro que sim. Controlo tudo, temperatura, dentição, vómitos e diarreia com Medicina Chinesa e homeopatia.

Nunca lhe deu antibióticos?
Só uma vez porque foi mordida por um cão.

Também trata outras crianças?
Trato imensas. Começo por tratar as mães que, entretanto, ficam grávidas, e, nessa altura, acompanho as mães e depois os bebés, mas também tenho crianças mais crescidas e adolescentes.

Nós somos o que comemos faz todo o sentido na Medicina Chinesa?
Completamente. Aliás, mexo imenso na dietética. Não se exclui nada mas os chineses aconselham, no máximo, 300 gramas de carne por semana. E recomendo sempre produtos biológicos. É um pouco mais caro mas compensa na saúde.

 

Texto: Palmira Correia